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Porque, diferentemente, penso que Portugal está muito doente, rodeado de podridão, mesmo. E se Espanha já foi considerado o irmão doente da Europa, mais uma vez o nosso destino lhe está ligado. Sendo por demais evidente que Aquilo que transmite informação faz homens e mulheres livres que possam, participando directamente nessa mesma vida pública, ainda acudir ao enfermo, desastroso que se tem revelado o sistema integralmente representativo, baseado apenas na partidocracia, fonte de tantos e tantos males, de que a gritante corrupção não é o menor.
disse-lhe um aluno. Coisas muito, muito estranhas, se passam num país, onde a Educação já foi tantas vezes apontada como uma paixão, uma coisa prioritária, mas que, e não tapemos o sol com a peneira, foi preterida por outras " urgências ".
Auto-estima ? Orgulho Nacional?
Hoje mesmo me dizia António de Almeida que pouco se fala no Tratado de Zamora, ao que só soube responder que um povo que não " ouve " o seu passado... Vive-se, ninguém o nega, uma " cultura do vazio ", em que não há lugar para nos determos um pouco no país que já fomos, e que esta gente que agora nos governa tudo faz para que esqueçamos.Concordo totalmente com o que diz Vasco Graça Moura, quando vê " nesta baixa auto-estima nacional uma consequência directa do « divórcio dos portugueses em relação a realidades como a sua língua e o património ».Para o poeta e ensaísta, « enquanto não houver políticas de educação mais exigentes, o país não tem saída". "Portugal está cada vez mais transformado num país de analfabetos em relação ao seu próprio país. Acho lamentável que tudo isto se passe assim, com a literatura transformada numa espécie de papel higiénico e os próprios políticos a correr atrás da primeira moda com que se lhes acene ».
Também aqui, a começar por aqui, aliás, é urgente mudarmos de rumo. Essa a primeira obrigação de quem dirige um país: a educação, e todos nós veremos que temos muitas razões para ter uma auto-estima alta - sendo que a condição primeira é que os politiqueiros que temos, campeões da corrupção,a quem só interessa o bem estar próprio, sem que em nada lhes interesse o bem-estar, visto como um todo, da Nação, passem a ser políticos, nos quais nos possamos rever, sem termos de passar pela vergonha que nos infligem diariamente. Assim, como estamos, não há auto-estima que aguente.
Ontem , regressava já do trabalho, deparei com o cartaz com a equipa que actualmente gere os destinos da minha aldeia, Santa Cristina de Longos - e, diga-se de passagem, o tem feito bem: as monstruosidades, a começar pela estrada municipal, e continuando no caos urbanístico, numa aldeia que podia ser um colírio para os olhos, fica por conta da Câmara, mas essa é outra história -; o espanto ficaria para hoje de manhã, quando ia para o mesmo local de trabalho: o cartaz tinha sido removido da estrutura metálica, sem dúvida por adversários políticos, cujos cartazes estão expostos há já um mês, intactos. É com gente desta que a tal de " democracia consolidada " conta? Estamos, então, conversados.
para dar os parabéns ao Miguel, ao ler da deturpação que se tem feito daquilo que é a liberdade, mais uma vez me ocorreu este texto do Pedro Félix:
No meio de um povo geralmente corrupto a liberdade não pode durar muito Edmund Burke in "Carta aos Xerifes de Bristol"
A palavra liberdade, como muitos outros conceitos filosóficos e morais, já está tão gasta por ser repetida em circunstâncias diversas que o seu significado tem vindo a perder-se, a ser deturpado e muitas vezes manipulado.O mais comum é que cada um de nós lhe dê o seu próprio significado, condicionado pela sua percepção e concepção do mundo. E aí, no meu entender, começam os logros. .Há filósofos que eivados de vãs intenções progressistas vinculam o conceito de liberdade ao de igualdade. Nada mais falso do que acriolar um princípio absoluto como a liberdade a uma quimera anti-humana. Nem chega a ser utópico, por tão contranatura que é. Há quem o vincule à justiça e a valores morais que se prendem a questões sociais. Meros devaneios de quem quer encerrar em ideologias conceitos que devem ser absolutos e quase extra-humanos. São as ideias quase inatingíveis, entre as quais a liberdade, que levam a uma vontade visionária de querer transformar uma sociedade e de a reformar não com base em sistemas abstractos mas numa tradição perene assente em princípios absolutos e incorruptíveis os quais nortearão, com algum quê de utopia, a praxis política e a intervenção cívica.A liberdade far-se-á sentir, então, numa acção criativa e edificadora do Homem sem as amarras por este criadas com base em interesses, desejos espúrios e em sistemas falidos. A máquina burocrática, o nepotismo dos aparelhos políticos que vivem em função de quem os criou, e uma sociedade em degenerescência são os maiores inimigos da liberdade. Da liberdade autêntica, que é responsável e inerente à vontade inata do ser humano e da Natureza..
Consulta marcada no médico. Num terceiro andar. Dirijo-me ao elevador.
Junto deste encontro uma senhora idosa, que pergunta se vou subir. Que sim. Suspira de alívio, e sobe também. "É que tenho medo de ir sozinha no elevador, mas não me atrevo a ir pelas escadas: a qualquer hora do dia estão pejadas de jovens que se injectam, e há dias, ia com uma neta, ameaçaram-nos com uma seringa. ". Fico sem palavras.
aqui? E quando vamos parar? E algum dia vamos parar?
Este um dos muitos buracos negros do presente, que me angustia. A muitos de nós.
tenha sido votado por uma grande maioria como o maior português de sempre", disse-lhe eu, no auge da irritação.
"Somos muitos os que acreditamos que os valores da Segurança e da Ordem são possíveis numa Democracia em Portugal, mas também são muitos os que se esforçam por demonstrar que eles só são possíveis numa Ditadura, e para isso contam com a conivência das autoridades".
Nesse dia tinha havido, numa outra zona da cidade, perto dali, dois assaltos à mão armada, e havia mais de meia hora que ligara para a PSP pedindo-lhes que viessem acabar com a arruaça de altos berros. A escumalha deu-se ainda ao luxo de continuar a gritaria por mais um bom bocado, depois de lhe chamarmos a atenção, porque sabe que mesmo que chamemos a polícia, esta lhe dará ainda muito tempo...; e não se enganou: quando o agente chegou, limitou-se a perguntar se queríamos participar o ocorrido ao Comando Geral; que sim, pelo que preencheu um formulário completíssimo, com nome dos pais, profissão, etc. etc., ao fim do que disse - "vou pôr no relatório que encontrei tudo normal"
Fiquei indignada. Depois de lhe ter dito que o colega que atendera o telefone confirmara, porque ouvira, a barulheira, ainda lhe perguntei porque é que nos fizera perder tempo com o tal formulário.Eram quatro horas da madrugada.
Mas a madrugada de Sábado foi apenas mais uma: o cenário repete-se todas as noites, embora eu só o pise nos fins-de-semana.
Num deles, a minha amiga foi com o marido, numa tentativa de " refrescar" os ânimos:
- "Quando andei em Coimbra, há vinte anos- disse ela aos barulhentos, todos na casa dos vinte anos- também me diverti com os amigos, só que nunca perturbámos ninguém, sempre respeitámos os outros, coisa que desconhecem...; é impensável isto acontecer na Alemanha ou na Suíça...;
-"Nós estamos em Portugal", repostou um deles.
Em casa de uns amigos.
Ele trabalha bem cedo (daqui a poucas horas).
Como não conseguíamos dormir, com tamanha barulheira, com estudantes embriagados a tocarem batuque altíssimo, e aos berros, a minha amiga telefonou à polícia.
Atendeu-a um senhor que disse ter cinquenta e um anos, mas que "se fosse mais novo emigrava. Isto está assim,e ninguém faz nada".
Continuam...