Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



Menos é Mais - Políticos Neandertais

por Jerónimo M. Gamboa, em 26.05.24

IMG_2727.jpg

Há dias assistimos ao primeiro debate quinzenal do novo governo. Não posso deixar de dizer, em consciência, que Montenegro me pareceu em boa forma. Energia, confiança, preparação, resposta lógicas e na ponta da língua. Infelizmente, aqui e acolá, saltam sempre “bocas” desnecessárias para a oposição, muito na linha de apoucar os outros para ficar por cima. Este traço é transversal a todas as bancadas e já faz parte da pobre cultura parlamentar portuguesa – piadinhas, ar de gozo, sarcasmo, superficialidades, à partes, enfim, algo que só fica mal aos nossos representantes parlamentares. Está muito enraizado, já faz parte, dirão alguns conformados. É um estilo que conduz a sessões ricas em folclore, dignas de um país pequeno, pitoresco e com actores picarescos. Um país ocidental, lento e rural, dirão outros.

É pena não se conseguir sair deste registo para outro mais sério, mais construtivo e de maior respeito. Respeito para com os eleitores, para com as instituições e para com os próprios. Mas a húbris acaba sempre por falar mais alto. Eles não se contêm e fazem gala de pavonear uma suposta sagacidade e verve que julgam possuir. E por isso, tal como o corvo vaidoso de La Fontaine, que não resistiu ao charme da raposa, cantam de alto e deixam cair o queijo. 

Nesse mesmo dia a famigerada decisão do aeroporto de Lisboa foi finalmente tomada. Mais de meio século depois do processo se ter iniciado. Certamente ninguém pode estar orgulhoso. Esta nódoa vai demorar a sair  e só poderá ser lavada por um processo de planificação e de execução de obra exemplar, o que se antevê como algo muito difícil, conhecendo as nossas politiquices, burocracias e claro, a própria dimensão e complexidade do projecto.

A grande e poderosa lição que deveremos retirar, e que cabe neste momento à AD liderar, até pela sua necessidade de procurar consensos alargados para poder encarar a legislatura com maior estabilidade, é que é possível haver acordos em matérias estratégicas. Este deveria ser o precedente magno que sedimenta a possibilidade de promover um espaço de diálogo com a oposição para podermos todos beneficiar de uma plataforma de base que reúna o consenso estratégico para o país em matérias chave. Se assim for, não teremos de esperar duas gerações para tomar decisões que afinal, até não eram assim tão difíceis de tomar.

Para podermos ascender a esse patamar de evolução política necessitamos de lideranças agregadoras, de visão de longo prazo e de humildade. Por isso, gostei de ouvir Montenegro dizer que não sabe tudo. É o mote para uma boa conversa quando queremos ouvir e aprender. Mas já não gostei nada de ouvir um Núncio transmitir com soberba que este governo fez mais em 30 dias que o anterior em 8 anos. É um caminho pouco inteligente estar com este tipo de retórica. Se um núncio é por definição um diplomata, este não passa de um incendiário míope a querer queimar pontes por onde poderiam passar soluções para o país. Assim, continuamos a ver o país a arder na fogueira das vaidades de políticos neandertais.

publicado às 21:17






Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2011
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2010
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2009
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2008
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2007
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D

Links

Estados protegidos

  •  
  • Estados amigos

  •  
  • Estados soberanos

  •  
  • Estados soberanos de outras línguas

  •  
  • Monarquia

  •  
  • Monarquia em outras línguas

  •  
  • Think tanks e organizações nacionais

  •  
  • Think tanks e organizações estrangeiros

  •  
  • Informação nacional

  •  
  • Informação internacional

  •  
  • Revistas