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Rui Tavares, dentro da tradição falida dos marxistas, avança com uma proposta que equivale a um assalto à mão armada. A "herança social" — designação livre do deserdado político Tavares, é uma afronta à ideia de geração de riqueza e a sua transferência geracional. Os portugueses devem sentir esta ameaça como credível. Quando o estado socialista falha, a solução passa por subtrair a quem árdua e eticamente acumulou um pé de meia. As grandes fortunas que Tavares fantasia não caíram de paraquedas. Foram fruto de vidas intensas, de planos que implicaram sacrifícios, mas sobretudo de uma visão estratégica — algo de que carece Tavares. A medida punitiva proposta traduz-se no confisco alheio, na desconsideração pela inevitabilidade capitalista dos seus camaradas. A loucura do seu plano de roubo tem implicações comportamentais graves. O cidadão, instigado pelo medo da perda, terá mais propensão a gastar tudo no imediato: chapa ganha chapa gasta. Estará mais inclinado a desconsiderar a descendência, a abandoná-la à porta da escola pública ou do centro de saúde que existe num reino de utopia de dinheiros arrestados. Se o Tavares tivesse juízo teria congeminado algo exequível como um plano de promoção para a razoabilidade dos investimentos do Estado. Porque, em última instância, este tipo de pensamento de carteirista é fruto de uma tripla falência: a falência do Estado, a falência do governo e a falência cognitiva de extremistas, de esquerdistas radicais. Tudo isto sugere algo acontecido sob os auspícios de um regime do século passado — o roubo odioso e o saque vil de cidadãos abastados.
O ódio a Paulo Portas continua em alta. A razão de tamanha cegueira é fácil de perscrutar: o regime tem os seus favoritos, e, numa cultura de favoritismo distribuído a preceito, o ego alheio é sempre uma ameaça à estabilidade cósmica do modo-habitual-de-fazer-as-coisas. Soares é um bom exemplo do amiguismo atrás referido. Diz o papá do regime, na entrevista que deu, hoje, ao periódico I, que "a promoção do vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, que Cavaco Silva teve de engolir depois de ter dito publicamente o contrário, como o país todo sabe, não augura nada de bom". Não augura nada de bom para quem? Para os fautores do amiguismo socialista? Provavelmente, não. Para o país, a resposta é, muito provavelmente, diferente. Mais à frente, Soares acrescenta que Portas não é "a pessoa indicada para discutir com a troika". Não é? Porquê? António Costa é a pessoa mais indicada? Porque é que Paulo Portas não é a personalidade política mais indicada para essa negociação? A resposta não é difícil de antolhar: se Portas conseguir, com bons resultados, acomodar os interesses nacionais nas negociações a encetar com a troika, é evidente que o peso político do actual vice-primeiro-ministro subirá em flecha. Como é simples de calcular, os donos do regime não desejam um desfecho em que Paulo Portas possa capitalizar politicamente os ganhos de uma boa negociação com os credores internacionais. O que importa a este gente é que o Governo falhe clamorosamente na concretização dos objectivos a que se propôs. Quando o ódio é assim tão pronunciado, o melhor mesmo é agir com celeridade, acautelando o que verdadeiramente interessa: o bem-estar dos portugueses.