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Uma autêntica "multidão" que abarrotou a copa de uma tasquinha lá para os lados de Coimbra. Dizem ser um movimento de 25 pessoas que exigem a continuação comemorativa do 5 de Outubro de nefasta memória.
25? A coisa está mesmo perdida, pobres diabos.
Pelo João Gonçalves, ficamos a saber que o dr. Medeiros Ferreira anda por aí numa rematada pedinchice para a manutenção do 5 de Outubro. Pois pode pedir à vontade que pelo menos durante os próximos anos, não há mais "Afonso Costa" para ninguém. Com Fátima a rebentar pelas costuras, há quem ainda não percebeu que certos mitos acabaram de vez, precisamente aqueles que julgavam extirpar as raízes culturais deste povo em apenas duas gerações. Vê-se!
A divertida carta do homem que "negociou" a entrada de Portugal na CEE "por razões políticas", está preciosamente esmaltada com as fantasias e contorcionismos propagandísticos do costume, desde as negridões nocturnas do salazarismo que comemorava o 5 de Outubro com feriado, alçamento de bandeirola e banda a tocar A Portugesa, até à histérica exaltação do Venerando belenense de cada tempo! Como nota cómica, acrescentou a PIDE ao assunto, salientando as lojas de portas abertas durante a data de lazer do último dia de praia em cada verão secundo-republicano. Pois então o que poderá Medeiros Ferreira dizer de tudo o que se passa na 3ª República, com centros comerciais de portões e estacionamentos religiosamente escancarados no sacrosantinho dia? Pior ainda, Medeiros Ferreira diz não estar a pensar "só" no 5 de Outubro, mas a verdade é outra, o 5 de Outubro é o o único feriado que lhe interessa manter. Conforme-se. O país perdeu muitíssimo mais com o fim do 1º de Dezembro e isto no momento em que a República admitiu viaturas da Guardia Civil da Monarquia espanhola em ostensiva patrulha e estacionamento na placa do Monumento aos Restauradores de 1640.
Como se não soubéssemos da gritaria e arrepelar de cabelos que se passou e ainda se passa em determinadas lojas... Claro que sabemos, disso somos informados regular e detalhadamente, mas sendo a coisalaica uma questão de quase integrismo religioso, percebe-se o fanatismo. Em suma, dá-nos tremendo gozo, até para aqueles azuis e brancos que usam avental fora da cozinha.
Medeiros Ferreira pode esperar mais uns anos e quando os seus colegas voltarem ao poder, talvez lhe façam a vontadezinha. Se a Alemanha estiver pelos ajustes, claro.
A aparente decisão do Governo de manter o feriado do 5 de Outubro foi, entre outras coisas, uma provocação, um insulto a milhões de Portugueses, uma ofensa da maior gravidade à história Pátria. É uma atitude sem perdão. É um comportamento ademais revelador de uma falta de inteligência governamental a toda a prova. Dela se podem retirar concusões importantes: a primeira relativamente à existência de uma "agenda" exterior à qual o Governo PSD-CDS está totalmente condicionado como nunca antes acontecera em Portugal, quer na 1ª República, quer nos trinta e oito anos pós 25 de Abril, nem mesmo nos diversos Governos do Partido Socialista. A outra, muito triste e mesmo penosa, porque demonstradora da total incapacidade de alguns ministros (sim, digo bem, alguns ministros em que os monárquicos, e os Portugueses em geral, em tempos depositaram confiança, até porque estes se diziam defensores dos mesmos princípios) em se oporem a esta iniciativa. Como haviam aliás de fazê-lo, se é que o fizeram, muito menos com sucesso, se têm os gabinetes "contaminados" ao mais alto nível e são políticamente incapazes de iniciativa autónoma? Se prometem coisas por sua própria iniciativa e, uma semana depois, os acontecimentos os desmentem de forma cruel? Também aqui tudo ficou esclarecido, se dúvidas houvesse, a bem da clarificação política dos próximos anos.
Que fiquem bem cientes: ou se ama a Pátria ou se faz pouco dela. O Governo fez a sua opção e deixou-a bem clara aos olhos dos Portugueses. Que se prepare para a resposta. Com juros. E estes doerão muito mais do que os da Troika.
Abolir o feriado da Restauração num momento em que somos governados pelo Conselho de Portugal - a troika -, é um erro.
Portugal é um dos poucos países do mundo que não tem como dia nacional, o da sua independência. O 10 de Junho parece seguir o pressuposto secundo-republicano salazarista da "conciliação" entre monárquicos e republicanos, apresentando o "dia de Camões" como o necessário consenso que torna mornas, as outrora caudalosas águas da questão do regime. O pior é que à beira do estuário, deu-se um súbito refluxo da corrente.
Pois é isto mesmo que salta à vista. O 5 de Outubro é escarnecido como coisa sem préstimo, quando na realidade, se enquadrado por uma verdade histórica bem mais importante que um tolo bambúrrio de patifes, representasse a data primeira na contagem de séculos que já vivemos como Estado soberano, aliás em perigo de extinção prematura. É quanto muito, o derradeiro dia de ida à praia.
Os donos do território a que hoje se chama "país" e que até há cem anos era simplesmente conhecido como Portugal, já consideram terem perdido a sua feriazita de início de Outono. O "dia da República" parece subir em espiral gasosa, para sempre se volatilizando da memória, "colectiva" - de colher - como convém.
Quanto à claríssima "moeda de troca" política que é o feriado do 1º de Dezembro, notemos apenas uns tantos factos, sobressaindo o clássico protesto do "mundo de negócios" espanhol refastelado em Portugal e que se insurge contra este pretenso insulto a Espanha. O verdadeiro insulto provirá daqueles vinhoso hálitos de Rioja de rasquíssima qualidade, pois barafustarem em terra alheia contra o direito de liberdade das gentes locais, é já coisa do domínio do insólito, como se uma composição de Beethoven fosse acompanhada por ritmados clapa-clapes de mãos e sonoros ais de dançarinos de flamenco. Compreende-se a insistência dos "amigos de António Reis", sabendo-se como os republicanos sempre foram iberistas, chucha que lhes vem do primeiro e privilegiado berço de pantagruélica casta.
Se os nossos leitores repararem em algumas coincidências, o 1º de Dezembro serviu para a cerimónia de assinatura do aborto imperial que se denomina de Tratado de Lisboa, coisa tão efémera como a herança peninsular do também prematuramente defunto príncipe D. Miguel da Paz. A data do 1º de Dezembro, além de significar o dia mais importante da nossa História, representou o fracasso de um projecto de criação de um potentado com sonhos de domínio mundial que tendo origem na Europa Central, depressa se estendeu ao sul da bota italiana, terras de Espanha e às costas do Mar do Norte. Conhecemos bem esse A.E.I.O.U., hoje de mais prussiana pronúncia.
Além de ser o dia da nossa segunda independência, aí está uma das razões do ruminante pavor que o 1º de Dezembro significa para alguns beneficiários dos "direitos adquiridos" do regime dos panças. Não têm emenda, mas todos os topam a anos-luz.
O Público está a proceder a uma sondagem quanto aos feriados a abolir. Sugerimos que todos participem, escolhendo o 5 de Outubro como coisa dispensável. Poderão visitar o site neste link e votar em conformidade. Aqui está uma oportunidade para influirmos no sentido de se disfarçar esta nódoa negra da nossa história.
Uma das imagens do 5 de Outubro de 1910, consistiu na famosa foto do militante carbonário/PRP que de espingarda na mão, fazia a guarda ao banco. Olhava pelos valores da burguesia endinheirada que pontificava no seu partido e onde sobressaia gente de grossos cabedais como o sr. José Relvas, o Grandella e outros tantos abastados ou usurários negócios da praça lisboeta.
Sintomaticamente, temos hoje outro homem do conhecido "mundo dos negócios", um "banqueiro", muito interessado na preservação do legado de 1910. O sr. Artur Santos Silva (PSD, Banco Português de Investimento, vulgo BPI, Partex, Gulbenkian Jerónimo Martins, etc e etc)), é a cabeça visível da Comissão Oficial do centenário da república que hoje surgiu á hora do telejornal também oficial, o da RTP1 e N. São os grandes interesses em liça pela preservação do seu bastião e que encontram a mais perfeita consonância em Belém. De facto, a conquista da chefia do Estado é o marco final de uma luta pela totalitária apropriação do mesmo. Artur Santos Silva vem declarar que ..."a república representa a afirmação da liberdade e da cidadania, o combate à pobreza e a celebração do Estado de Direito". Uma frase que cristaliza toda a propaganda que oculta a mais descarada mentira, deturpação da História e todo o tipo de abusos que caracterizou o processo que conduziu à implantação de 1910, a sua tomada do poder em 1910-26 e final consolidação em 1926-74. Os acontecimentos dos últimos anos, em galopante processo de degradação do sistema, manifestam exactamente o oposto.
A república civicamente falhou quando decidiu declarar a guerra à Igreja, sendo exautorada em toda a Europa. Do estrangeiro apontaram-lhe as brutais ilegalidades, a insegurança e falta de liberdades civis, a liquidação da liberdade de imprensa e de expressão, o esmagamento do universo eleitoral - drasticamente reduzido àquele que existia antes de 1910 -, a fraude eleitoral, a violência policial, a tortura nas prisões, os assassínios políticos, a ruína económica, a paródia da Justiça, a emigração que em massa fugia de um país tornado insuportável. O falhanço material da escolarização a que durante anos se tinham proposto, o descrédito na política externa, a derrota na Grande Guerra de 1914-18, o banditismo a soldo dos facciosos de Afonso Costa - Formiga Branca, Camioneta Fantasma, a violenta cacicagem eleitoral na província, a Leva da Morte - e uma infinidade de exemplos de incompetência, nepotismo, tráfico de poder e de influências. Hoje, a manipulação da verdade vai ao ponto de evocar a emancipação feminina, como se tal tivesse acontecido com a 1ª república, colocando-se nos ecrãs dos televisores, uma ou outra senhora de serviço, completamente ignorante da verdade de uma história que desconhecem.
Já sabemos com o que contar. Ergue-se no horizonte uma estranha coligação de banqueiros, donos dos media e respectivos serviçais na política partidária e como sempre acontece, uns tantos crédulos que mesmo mantidos à distância, julgam manter-se "fiéis à memória do ideal" que jamais coisa alguma lhes deu e de tudo os despojou. São estes últimos - a maioria - as mais ostensivas vítimas de um sistema de extorsão que os relega para o esperado enquadramento popular, a garantia da segurança e arrogante desfaçatez dos senhores dos dourados salões da grande finança, agora completamente refastelados.
Esta Comissão é um escarro na face do povo português.
Anuncia agora o sr. Artur Santos Silva que o dia 5 de Outubro será vivido com centos de bandas filarmónicas a fazerem soar A Portuguesa. Muito bem, é a Marcha cuja partitura original a imagem deste post ilustra.
Este singelo sitezinho - que não chega à unha negra do pé esquerdo do verdadeiro, o site do Centenário da República - custou a módica quantia de 99 500 Euros. Sim, leram bem: noventa e nove mil e quinhentos Euros. Feito a partir de uma plataforma grátis e tendo por base um template também de graça, estamos definitivamente nisto: é a república no seu melhor. Veja a notícia A Q U I !