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Meu caro, ainda nem 1500 pessoas tinham aderido à concentração da próxima Sexta-feira e já eu o tinha feito, no evento e na minha timeline do Facebook. Podemos aproveitar para nos conhecermos pessoalmente. Cumprimentos.
Nada que nos faça abrir a boca de desmedida surpresa. Renato Teixeira tem palettes de razão quando puxa as orelhas ao camarada Francisco Louçã, o Coordenador do BE. Não percebemos o seu espanto pela ponderadíssima decisão louçanesca, até porque existem precedentes naquela velha ordem bolchevista que outrora impunha uma direcção colegial após a subida aos céus do Grande qualquer coisa. Assim foi com o badalhoco Estaline, o deus supremo, facto que não impediu um imediato ajuste de contas entre o gordo Malenkov, o pateta Bulganine, o assassino profissional Béria e Nikita Kruschev, o carniceiro da Ucrânia que seria the winner takes it all.
Apesar de alegados "reaccionários, fá-sistas, medievalistas, putativos ex-aliados do pacto Germano-Soviético e imaginados bolachinhas integralistas", estamos sempre dispostos a auxiliar colegas blogueiros em momentâneas dificuldades.
Renato Teixeira obviamente confunde o Império Romano do Oriente - a tal "bizantinice" infelizmente desaparecida - com o Sacro Império Romano-Germânico, neste caso utilizando as armas de um soberano da Casa de Áustria. Não, Renato, não é "tudo a mesma coisa". Pergunte a qualquer famigerado talassa.
Por aqui, Daniel Oliveira é acusado de saber "muito bem tudo o que se passa em cada reunião da Comissão Política do BE. Por vezes até o saberá em primeiríssima mão!"
Olhem que grande novidade! Aqui pelo ominoso campo thalassa, também sabemos muito do que se passa no BE e em primeiríssima mão, mesmo antes das coisas surgirem em qualquer noticiário... Há que tempos é assim.
Como dizia Álvaro Cunhal na sua famosa e hoje bem ocultada entrevista a Oriana Fallaci, ..."a solução dos problemas depende da dinâmica revolucionária; ao contrário, o processo democrático burguês quer confinar a revolução aos velhos conceitos do eleitoralismo" e ainda, ..."a vocês jornalistas agrada-lhes muito o mistério, mas isso também nos agrada a nós comunistas. A diferença está em que vocês sentem prazer em descobrir coisas, ao passo que nós gostamos de ocultá-las. É uma maneira de manter vivo o interesse por nós".
Entretanto, os camaradas das velhas e transcendentes quezílias acerca da estrela bolchevista cheia ou vazia, da foice e do martelo virada para a direita ou para a esquerda, andam em guerra aberta: ora sigam o combate de chefes aqui, aqui, aqui e aqui. Nem sequer reciclam os bem conhecidos epítetos que noutras paragens garantiam um tiro na nuca: passando pelo "oportunista e provocador", o objecto do ataque teria o futuro a breve trecho garantido.
Caro Renato, uma afirmação não é uma pergunta. Devia ter estado mais atento nas aulas da escola primária. Já agora, podia ter a coragem de assinar com o seu nome quando me chama filho da... Mas os cobardes são assim. Entretanto, sobre isto e isto, nada tem a dizer. É normal. Os ignorantes também são assim.
Cães, hienas, frangos. Renato, será que não sofre de zoofilia?
Depois de Renato Teixeira, Tiago Mota Saraiva e João José Cardoso, eis que mais um camarada decide entrar na contenda. Dá pelo nome de Ricardo Santos Pinto e parece estar, desde já, pronto para bater os anteriores na quantidade de facepalms a que me obrigam. A táctica de desviar o assunto para as convicções políticas do adversário é mais do que óbvia, mas daqui vai de mãos a abanar. Sobre isto ou isto, o Ricardo nada diz, o que é compreensível. De resto, limito-me a citar Xico, comentador do Aventar: "Para quem não consegue distinguir entre King Jong II e Isabel II, ou quem julgue que ser monarquico é defender regimes da Arábia esquecendo alguns republicanos recomendáveis, será sempre muito difícil perceber seja o que for. Talvez seja tenebroso, estúpido é o texto, ignorante porque quer."
Já o Renato envereda por outras duas tácticas típicas de quem não sabe debater e não tem argumentos: concentra-se no acessório do meu post, em vez do essencial, e lê o que não escrevi, caindo na falácia do straw man - eu não imputei o Pacto Ribbentrop-Molotov a todos os comunistas. Também é compreensível. Não dá para mais.
E o João José Cardoso mostra a fibra de que é feito num comentário que, por pudor, me escuso a transcrever. Não é bonito nem fica bem seja a quem for.
(Assinatura do Pacto Ribbentrop-Molotov)
1 – Medo? Ó João José, não se tenha em tão boa conta que isso faz-lhe mal.
2 – Em "What Is Political Philosophy?”1, publicado em 1957, Leo Straus critica um problema da Teoria Política moderna e das Ciências Sociais em geral, especialmente sentido na altura em que escreveu o artigo, que é o da ilusão da objectividade científica derivada do positivismo, que se caracteriza essencialmente pela ausência de juízos de valor, o que está intrinsecamente ligado não só ao processo de autonomização da disciplina académica da Ciência Política mas também ao espírito dos tempos modernos perpassado pelo nihilismo e relativismo moral e intelectual. Aliás, não admira que uma das mais famosas citações de Karl Popper seja a de que “A principal doença do nosso tempo é um relativismo intelectual e moral, o segundo sendo pelo menos em parte baseado no primeiro.”2 Strauss, e nisto foi acompanhado por Eric Voegelin, reabilitou a Teoria Política normativa, salientando que “A filosofia política será então a tentativa de substituir a opinião acerca da natureza das coisas políticas pelo conhecimento da natureza das coisas políticas. As coisas políticas estão pela sua natureza sujeitas a aprovação e desaprovação, a escolha e rejeição, a elogio e a culpabilização. É da sua essência não serem neutrais mas reclamarem a obediência dos homens, fidelidade, decisão ou julgamento. Não se pode entendê-las como são, como coisas políticas, se não for levada a sério a sua reclamação implícita ou explícita de serem julgadas em termos de bondade ou maldade, justiça ou injustiça, i.e., se não forem medidas por algum padrão de bondade ou justiça. Para julgar solidamente tem de se conhecer os verdadeiros padrões. Se a filosofia política deseja fazer justiça ao seu objecto de estudo, tem de se esforçar por alcançar o conhecimento genuíno destes padrões. A filosofia política é a tentativa de conhecer verdadeiramente tanto a natureza das coisas políticas como a ordem política certa ou boa.”3
Mais à frente, Strauss afirma que “O hábito de olhar para os fenómenos sociais ou humanos sem realizar juízos de valor tem uma influência corrosiva em quaisquer preferências. Quanto mais sérios somos enquanto cientistas sociais, mais completamente desenvolvemos dentro de nós um estado de indiferença a qualquer objectivo, de despropósito e deriva, um estado que pode ser chamado de niilismo. O cientista social não é imune a preferências; a sua actividade é uma luta constante contra as preferências que ele enquanto ser humano e cidadão tem e que ameaçam o seu distanciamento científico. Ele deriva o poder de contrariar estas influências perigosas através da sua dedicação a um e apenas um valor – a verdade.”4 Esta dedicação à verdade é feita a partir essencialmente de opiniões, cuja análise constitui a abordagem científica à política: “As assunções concernentes à natureza das coisas políticas, que estão implícitas em todo o conhecimento das coisas políticas, têm o carácter de opiniões. É só quando estas assunções são feitas tema de análise crítica e coerente que uma abordagem filosófica ou científica à política emerge.”5
Importa ainda salientar que “O pensamento político é, como tal, indiferente à distinção entre opinião e conhecimento; mas a filosofia política é o esforço consciente, coerente e implacável de substituir as opiniões acerca dos fundamentos políticos pelo conhecimento em relação a estes. O conhecimento político pode não ser mais, e pode nem pretender ser mais, que a exposição ou defesa de uma convicção firme ou de um mito revigorante; mas é essencial que a filosofia política seja posta em movimento, e mantida em movimento, pela inquietante consciência da diferença fundamental entre convicção, crença, e conhecimento. Um pensador político que não é um filósofo está principalmente interessado em ou ligado a uma ordem ou política específica; o filósofo político está principalmente interessado em ou ligado à verdade.”6
Isto significa que eu, enquanto aspirante a cientista e/ou filósofo político, não posso, obviamente, negar as deficiências do liberalismo. Aliás, uma das pessoas com quem mais gosto de conversar é debater é o Corcunda, que por aqui tem exposto várias das suas críticas ao liberalismo. Só assumindo socraticamente a própria ignorância e hayekianamente a noção dos limites do conhecimento, posso esperar contribuir de alguma forma para a filosofia política, tendo plena consciência das deficiências do meu próprio pensamento político. Se o não fizer, corro o risco de me tornar dogmático e um mero propagandista. É precisamente isto que acontece aos comunistas, como o João José Cardoso, o Renato Teixeira ou o Tiago Mota Saraiva. Além de assumirem o dogmatismo, não estão minimamente preocupados com a verdade, e por isso manipulam a seu bel-prazer factos históricos e verdades filosóficas e económicas. Ademais, sendo herdeiros do Iluminismo racionalista, do jacobinismo, do marxismo-leninismo, trotskismo ou maoismo, alicerçam-se ainda no relativismo moral e intelectual que a Escola de Frankfurt em larga medida fundamentou, para se fazerem valer perante outras ideologias e políticas. Quando se deparam com alguém, como é o meu caso, que não só não vira a cara a um combate, como cultiva o polemismo, como ainda há pouco tempo o Miguel Castelo-Branco fazia notar, ficam desconcertados. Sendo o meu único dever para com a verdade, não tenho medo de qualquer grupo político ou ideologia, não tenho medo de usar as palavras e fazer juízos de valor, não sou politicamente correcto e não me vergo ao relativismo e niilismo que caracterizam, entre outros, os comunistas.
Isto implica, também, algo que os comunistas não conseguem entender: a crítica não significa intolerância. Aliás, a capacidade de criticarmos é uma das coisas que nos torna distintamente humanos. O facto de eu tolerar comunistas não quer dizer que não os possa criticar, assim como a qualquer outro grupo ou movimento com o qual não esteja em acordo e que entenda por bem criticar. Já o contrário, numa sociedade comunista e, portanto totalitária, não acontece, visto que, seguindo os ensinamentos de Marx, Lenine e Trotski, os camaradas começam por eliminar toda e qualquer oposição. Não existe tolerância, não existe crítica, logo não há forma de o sistema corrigir erros. Já agora, se os camaradas tiverem tempo, talvez lhes seja útil a breve leitura do tratamento do Paradoxo da Tolerância por Karl Popper.7
A negação dos horrores do comunismo, que é prática comum, mostra não só como os comunistas não estão preocupados com a verdade, como a sua falta de autenticidade. É que os seus autores de referência assumiram explicitamente a violência e o terror como factores centrais da revolução e do estado comunista e provavelmente até teriam vergonha dos comunistas actuais que, julgando que nós não lemos os clássicos comunistas ou que nos esquecemos do que os regimes comunistas fizeram e fazem, se disfarçam de pacifistas. É a chamada cobardia e falta de verticalidade a que, como o Nuno Castelo-Branco aludiu, pelo menos alguns comunistas escapam – mas não certamente a esmagadora maioria.
Este dogmatismo é característico não da filosofia política mas da religião, cujos traços se fazem sentir nas ideologias. Aliás, como John Gray8 demonstra, as ideologias não são mais do que meros sucedâneos da religião. Claro que algumas ideologias e teorias são mais dogmáticas que outras, sendo passíveis, ou não, de ser submetidas a teste científico. O marxismo, sendo historicista, “atribui à história um sentido predeterminado que não é susceptível de alteração pelos indivíduos.”9 Ora, segundo Popper, dado que não é possível conhecer o futuro, o marxismo não é uma teoria científica mas meramente uma profecia, não susceptível de ser submetida a teste, já que o teste ocorrerá sempre no presente, não podendo refutar uma teoria que anuncia a sua concretização no futuro.10 É simplesmente uma crença. E como escreveu Michael Polanyi, “Uma crença funciona sempre aos olhos do crente.”11
Para além deste carácter místico e nada sólido do ponto de vista filosófico e científico, o comunismo costuma cair ainda num erro típico, a falácia do straw man, de que o texto do João José é um óptimo exemplo. No mar da sua ignorância ou má-fé e da falta de conhecimentos de filosofia política, surge um chorrilho de presunções erradas sobre a minha pessoa – a presunção coscuvilheira é coisa muito em voga na blogosfera e nas redes sociais, infelizmente – e de ligações erradas – novamente – entre liberalismo e fascismo, às quais não posso obviamente responder, por serem desprovidas de qualquer sentido. Porém, em relação a uma delas, que não tem a ver com a minha pessoa, mas com uma classificação do CDS feita pelo João José, partamos da mera rejeição da dicotomia esquerda-direita, não chegando a ir tão longe quanto a rejeição oakeshottiana dos ismos e, na verdade, o João José até pode ter razão em dizer que o CDS é de extrema-direita (para ele, o PS já é de direita, ou estou enganado?). Eu, por outro lado, como a esmagadora maioria das pessoas, quando ouço falar em extrema-direita vem-me à mente, em Portugal, o PNR. Mas, na realidade, este reflexo automático é fruto do senso comum, que está errado, visto que o nacional-socialismo, ou nazismo, é um movimento de extrema-esquerda, tal como o comunismo. São as duas faces da mesma moeda, e este é um debate que não se pode ter como se não tivesse já sido feito e a tese cabalmente provada à saciedade. Hayek, Popper, Aron, Arendt, Berlin, Jung e Gray são apenas alguns dos nomes cuja leitura fortemente recomendo aos camaradas comunistas.
3 – Podemos continuar este debate até quando quiserem. Não só não me canso, como sendo uma pessoa imbuída do espírito de serviço público, tenho todo o gosto em continuar a servir-vos algum bom senso e conhecimento. Ontem foi Gray, hoje Strauss. A continuarmos assim, pelo menos um filósofo por dia, não sabem o bem que vos fazia.
(Nota: as traduções das citações são da minha responsabilidade)
1 - Leo Strauss, "What is Political Philosophy?", in What is Political Philosophy?, Chicago, The University of Chicago Press, pp. 9-55.
2 - Karl Popper, The Open Society and Its Enemies, Vol. 2: Hegel and Marx, Londres, Routledge, 2009, p. 419.
3 - Leo Strauss, op. cit., pp. 11-12.
4 - Ibid., p.18
5 - Ibid., p. 16
6 - Ibid., p. 12
7 - Karl Popper, The Open Society and Its Enemies, Vol. 1: The Spell of Plato, Londres, Routledge, 2009, p. 293.
8 - John Gray, A Morte da Utopia, Lisboa, Guerra e Paz, 2008.
9 - João Carlos Espada, “Karl Popper: A Sociedade Aberta e os Seus Inimigos”, in João Carlos Espada e João Cardoso Rosas (orgs.), Pensamento Político Contemporâneo: Uma Introdução, Lisboa, Bertrand, 2004, p. 24.
10 - Ibid., pp. 24-25.
11 - Michael Polanyi, Science, Faith and Society, Londres,Oxford University Press, 1946, p. 47.
Conforme já tinha ficado patente no meu post anterior, não é mesmo possível debater racionalmente com indivíduos irracionais, ignorantes, de má-fé, que fazem da manipulação, do negacionismo e da reserva mental as suas principais armas e que sabemos muito bem o que fariam se pudessem dar largas à sua sede de sangue. São casos perdidos, nada a fazer. A única resposta a isto, só pode ser isto:
Leitura complementar: Patético; Patético (2); Patético (3); Patético (4); Como é que é possível debater racionalmente com indivíduos irracionais?
1 - Folgo em ver que, como o Miguel Botelho Moniz salientou, o Tiago Mota Saraiva parece já ter aprendido que comunismo e fascismo são duas faces da mesma moeda. Não perdeu, contudo, uma certa ignorância e/ou má-fé, na medida em que afirma que o liberalismo é igual ao fascismo. A isto, só se pode oferecer sugestões de leitura e uma grande dose de bom senso, coisa que não abunda entre comunistas. Talvez começar por um bom manual de Ciência Política e/ou História das Ideias Políticas seja uma boa ideia. Se depois quiser mais sugestões, o Tiago sabe onde me encontrar.
2 – Diz o Tiago que os meus posts (Patético; Patético (2); Patético (3); Patético (4)), não têm conteúdo. Referindo-me ao ponto anterior e ao título, mas que espécie de conteúdo é que pode ter algum texto destinado a debater com indivíduos irracionais que defendem a ideologia mais criminosa da História, que estes possam compreender e não deturpar e manipular como fazem a todo o momento? O meu tempo é demasiado precioso para me perder em debates espúrios, mas se o Tiago quiser, pode sempre começar por este meu texto, ou pelo que encontrará no fim deste post, da autoria de John Gray. Cada qual tem que procurar por si o conhecimento. Infelizmente, há quem não o procure, não exerça a dúvida, e se deixe apenas ficar pela doxa e pelo dogmatismo. Mas, novamente, se quiser sugestões de leitura, o Tiago sabe onde me encontrar.
3 – Já o João José Cardoso, à semelhança do Renato Teixeira, dispara completamente ao lado. Só realmente quem não me leia ou conheça (e obviamente ninguém tem obrigação de me ler – só se poupa a umas valentes secas se não o fizer), pode confundir-me com alguém de extrema-direita e/ou defensor de ditaduras. De resto, ler The Undiscovered Self, de Jung, talvez ajude a perceber porque ser comunista pode ser um sintoma de insanidade. A este respeito, num texto a que aludi no ponto anterior, classifiquei há cerca de 2 anos os comunistas em três grupos: estúpidos, ignorantes e tenebrosos. A vanguarda, que de estúpida ou ignorante costuma ter pouco, pautando-se mais pela má-fé e manipulação, recai no terceiro grupo: Por último, na primeira categoria, a das mentes tenebrosas, incluem-se todos aqueles para quem a verbosidade pseudo-científica do comunismo faz sentido, embora em parte possam ser ignorantes, caso desconheçam os postulados teóricos e práticos da ideologia que dizem defender; estúpidos, ao acreditarem que o comunismo faz sentido; ou então completamente tenebrosos e perigosos: sabem muito bem o que é o comunismo, conhecem os efeitos das suas várias experiências reais, e ao contrário dos da segunda categoria, acham que os fins justificam os meios, não hesitando em relativizar milhões de mortos, demonstrando um total desrespeito pela vida humana. São sanguinários em potência, que num sistema que lhes permitisse dar largas às suas crenças, não hesitariam em voltar a repetir e agravar o tipo de atitudes que caracterizaram a União Soviética ou o PREC. Consideram Cuba um país magnífico, têm Fidel Castro e Hugo Chávez como referências e chegam ao dislate de considerar a Coreia do Norte uma democracia. Não hesitariam em sacrificar milhões de pessoas para alcançar os supostos benefícios que o Apocalipse traria. Têm ainda por hábito as práticas do negacionismo e manipulação da História, tentando escamotear a realidade e moldá-la aos seus propósitos, tal como George Orwell ilustrou na famosa distopia intitulada 1984.
4 – Num comentário, diz o Renato que “O comunismo não é o que foram os regimes estalinistas. Essa confusão devia estar, há muito, esclarecida.” Este muito badalado argumento, além de banal é também inválido. O estalinismo é consequência directa do leninismo. E só quem não saiba o que Lenine ou Trotski pensaram ou fizeram pode esgrimir o argumento para enganar os mais desprevenidos de que “aquilo não foi comunismo.” Foi comunismo, sim, em todo o seu esplendor, com todas as consequências do utopismo do pensamento marxista, e levado a cabo por indivíduos que teorizaram e acreditavam na utilização do Terror para os fins do comunismo. Não é possível dirigir uma economia centralizada e um regime político anti-democrático sem utilizar a coerção, a força. Talvez se lessem Hayek, percebessem como funciona uma ordem de organização ou made order e por que é que, aplicado a um regime político, este tipo de ordem se torna totalitário e necessita da utilização da força e da violência para se manter. Para que não digam que vão daqui sem conteúdo, deixo umas passagens de A Morte da Utopia, de John Gray:
«O terror do tipo praticado por Lenine não pode ser explicado pelas tradições russas nem pelas condições que prevaleciam no tempo em que o regime bolchevista chegou ao poder. A guerra civil e a intervenção militar estrangeira criaram um ambiente em que a sobrevivência do novo regime estava ameaçada desde o início; mas o pior do terror que desencadeou foi dirigido contra a rebelião popular. O objectivo não era apenas ficar no poder. Era alterar e remodelar irreversivelmente a Rússia. A partir dos jacobinos, na França do fim do século XVIII, passando pela Comuna de Paris, o terror tem sido usado deste modo sempre que uma ditadura revolucionária se inclina para atingir metas utópicas. Os bolchevistas visavam tornar bem sucedido na Rússia um projecto iluminista que tinha falhado em França. Ao acreditarem que a Rússia tinha de ser construída segundo um modelo europeu, não eram originais. No que se distinguiam era na sua convicção de que tal exigia terror e nisso eram discípulos confessos dos jacobinos. Sejam quais forem os outros fins que possa ter servido – como a defesa do poder bolchevista contra a intervenção estrangeira e a rebelião popular -, o uso do terror por Lenine decorreu do seu empenho nesse projecto revolucionário.
Caro Tiago, dado que Pires termina com um S, deve colocar um apóstrofo e um S a seguir a este, pelo que o correcto é Pires's, nunca Pire's. Não tem de quê.
Leitura complementar: Patético; Patético (2); Patético (3).
O Tiago Mota Saraiva faz um exercício típico das tácticas de desinformação comunistas, onde a lógica é coisa inexistente e a demência um mal sempre presente. Claro que não podia faltar o epíteto de fascista. Nada de original ou digno de assinalar, portanto. Como a minha paciente faceta pedagoga não gosta de perder tempo com casos perdidos, vai daqui com uma mera sugestão: estude qualquer coisa antes de dizer /escrever parvoíces e, se não resultar, procure um bom psicólogo que lhe trate essa demência. A mesma serve para todos os comunistas deste mundo.
Leitura complementar: Patético; Patético (2).
O autista Renato Teixeira, embora sempre cómico, ainda não deve ter-se apercebido que não só não sou beato, como não é por estar no CDS que me atravesso seja por quem for, e muito menos sou responsável pelas atitudes ou defendo alguém do CDS pelo mero facto de ser do CDS. Eu sei que isto da liberdade individual é coisa que faz confusão a comunistas, mas, pelo menos, já vai sendo tempo de perceberem que nem todos somos adeptos da futebolítica, pelo que o ataque passa mesmo ao lado. Já quanto ao resto do post, é a habitual infelicidade parola e mentecapta de quem possui um sistema nervoso infectado pela infantil doença do comunismo. Nada a fazer.
Leitura complementar: Patético.
O que a malta do 5 Dias precisava era de conhecer pessoas que passaram pelos horrores da URSS. Se não perdessem a parvoíce a bem, perdiam-na com o par de estalos que de bom grado muita gente do centro e leste da Europa que conheço lhes daria.
Ou de como os comunistas não são capazes de ver o óbvio, "Qual é o valor da tua ferramenta?":
«150 ou coisa assim anos depois do início da luta comunista propriamente estruturada contra o capitalismo, ainda existem comunistas que escrevem coisas assim: "Até para o mais fiel defensor da boa fé dos mercados e do capitalismo, [não sei quê não sei que mais]". Isto significa que o Tiago Mota Saraiva vê o defensor do capitalismo, ou seja, a pessoa contra a qual dedica grande parte da sua energia ideológica, como alguém que alimenta as suas tácticas e estratégias políticas segundo o pressuposto de que "os mercados" possuem, ou são capazes de gerar, uma moral e justiça inquestionáveis, as quais devem ser preservadas e emolduradas em talha dourada. Ora, excepto para uma meia dúzia de excêntricos, nenhum defensor do capitalismo possui qualquer ilusão quanto à verdadeira competência do capitalismo: é, de muito longe, a forma de organização que mais informação consegue produzir para uso efectivo das relações económicas entre pessoas, organizações e países; e que, em consequência disso, a diferença de capacidade produtiva entre uma sociedade comunista e uma sociedade capitalista é tal que mesmo uma ideologia de inequívoca "boa fé" como o comunismo nunca jamais conseguirá oferecer aos seus súbditos condições de vida comparáveis ao capitalismo mais escandalosamente amoral e selvagem, e isto mesmo descontanto as mundialmente famosas desigualdades. E é só isto, um gajo não se põe a protestar boas fés, muito menos a nossa. Enquanto o Tiago Mota Saraiva não for a banhos com esta simples observação, a sua luta será sempre contra uma mera meia dúzia de fantasmas da raia capitalista, que com certeza lhe permitirão viver sem atribulações dialécticas, mas que muito dificilmente avançarão a sua causa (...)»
Num daqueles exercícios que antecipam sonhos em noites de verão, Carlos Vidal deixa-nos um relato acerca de um hipotético golpe de Estado conduzido pela "esquerda militar" - ou melhor, pelo PC ajudado por turras estrangeiros - , envolvendo violências várias, assaltos à mão armada a domicílios e uma clara ameaça à integridade física de Cavaco Silva e de Pedro Passos Coelho. A vertigem do "sangue purificador", como é costume.
Eles são mesmo assim. Sonham com um Chezinho qualquer que desate a fuzilar gente no Campo Pequeno e de repente, sai-lhes um Pinochet que fará precisamente o mesmo. Isto, num país que aboliu a pena de morte há 150 anos.
Nada a temer, são parvoíces de primavera.
Ver um burguês comunista chateado por os jornais não chamarem fascista ao recentemente falecido Fraga Iribarne, quando aos facínoras comunistas nem sequer são capazes de chamar ditadores, é daquelas coisas que me fazem rir logo pela manhã. Tudo farinha do mesmo saco, mas eles fingem que não, como se ainda fossem capazes de enganar alguém com dois dedos de testa.
O problema deste post do Bruno Carvalho não é tanto o conteúdo quanto as motivações. Para Bruno Carvalho só existe um inimigo, O Imperialismo! na forma de EUA, UE e Israel. Todo aquele que lhe mostre o dente merece o selo de aprovação 5 Dias, independentemente de quão repugnante o seu rosnar.
Bruno Carvalho defende a necessidade de estabelecer-se o lado da barricada em que cada um se encontra, de forma a que possa encaixar-se todas as peças no seu devido lugar, de um lado ou do outro, sem ter de para isso se recorrer ao penoso exercício de pensar.
Pura ilusão, pensar que pode obter-se qualquer tipo de revolução válida partindo deste tipo de argumentação. Pelo contrário, bem ao jeito orweliano, incendiários desta índole cumprem melhor que ninguém as intenções dos alvos que visam abater – de um lado e do outro. O mundo dividido nos bons e nos maus, simplificado ao extremo da estupidez, só contribui para a cada vez maior ausência de idéias próprias, o debate político reduzido à capacidade de criar slogans. Jingle Politics no seu melhor.
Imagino qual terá sido o espanto, para os lados do 5 Dias, ao saberem da recente visita de D. Duarte à Síria – certamente terá provocado um ou outro curto-circuito no complexo conteúdo programático de tão esclarecidas mentes. Assim se justificará, pelo menos, o estranho silêncio.
Para terminar, deixo aqui parte de um divertido comentário ao post em causa:
"E é por causa de troncos de árvore como você, fascinados com os ayatollahs e com tudo o que cheira a anti-imperialismo consentâneo com o seu livro de citações, que a chamada Primavera Árabe está condenada a transformar-se em ícone de t-shirt." - lpb
É impressão minha ou nestes últimos dias o Renato Teixeira anda a tomar ecstasy ou algo do género?
Aqui já se falou de política partidária, de questões nacionais e internacionais, do ambiente, do património, de direitos humanos, da defesa dos animais. Anunciámos exposições, comentámos quase todo o tipo de fait-divers, jamais embarcámos em campanhas de ódio ou de maledicência militante. Aqui falou-se de história, economia, alguma - pouca, é certo - religião, filosofia política. Do alto da sua olímpica importância, o 5 Dias sempre nos ignorou, mas hoje tudo parece ter mudado. Entusiasmados com um acontecimento que os prende aos ecrãs televisivos, os camaradas blogosféricos lembraram-se de nós!
Pela primeira vez e devido a um acontecimento que nem sequer mereceu da nossa parte uma extrema atenção, este blog foi linkado pelo 5 Dias. Estamos de parabéns, até porque além dos comunistas parecerem interessar-se pelas coisas do principado - mesmo tratando-se de um de terceira linha -, os novos ares que em Portugal se respiram, bafejaram os nossos colegas com uma aragem de democracia. Já devem estar a celebrar.
* Pedimos desculpa pelo poster que é omisso a tantos heróis da "causa do povo", faltando os grandiosos vultos de Dzherzinsky, Iezhov, Iagoda, Vichinsky, Beria (todos estes 5, foram inestimável fonte de inspiração de Himmler), Evdokimov (o fulano da Tcheka), Molotov (o do pacto com o tio Adolfo), Bela Kun, Trotsky, Kaganovich (o tal da perseguição, matança e roubo dos camponeses), Kruschchev (o gordinho da Grande Fome e mortandade na Ucrânia), Kirov, Mengistu, Samora, Pol Pot, Castro 1, Castro 2, os medievalistas Kim Il pai. Kim Il filho e o já futuro Kim Il neto, o colossal Hoxha, o gauleiter Honnecker, o Génio dos Cárpatos Ceausescu, etc, etc. A lista é longa e desde já nos escusamos por tantos e tão formidáveis esquecidos.
Terá o mau tempo de ontem na capital provocado as cisões no 5 Dias e Corta-fitas?
Quanto à esquerda expoente máximo do politicamente correcto e superioridade moral do 5 Dias não tenho muita paciência para tentar perceber o que aconteceu, resta-me apenas desejar felicidades, enquanto leitor esporádico mas interessado de alguns dos autores, aos que saíram e formaram o Jugular, e aos que se mantêm no 5 Dias.
No caso do Corta-Fitas, pela amizade que nos liga particularmente ao Paulo Cunha Porto e ao João Távora, é de lamentar o sucedido, o que já revelámos aos próprios a quem esta humilde casa estará sempre aberta, bem como a qualquer outra pessoa, da esquerda à direita, dos monárquicos aos republicanos, dos liberais aos conservadores etc etc.
O segundo caso, em particular, em conjunto com certos preconceitos que por vezes assolam as cabeças mais ou menos livre pensadoras de uma sociedade, as mesmas que não se imiscuem de acusar a torto e a direito de "fássistas", "comunas" ou outros adjectivos igualmente interessantes aqueles que não compreendem, fingem não compreender ou não querem mesmo compreender, faz-me pensar que algo está mal quando na própria blogosfera a tolerância e a liberdade de expressão deixaram de ser o que eram.
Aqui, nesta despretensiosa e modesta casa preferimos continuar a ser iguais a nós próprios, mais liberais ou conservadores, mais à esquerda ou à direita quanto as nossas consciências nos ditem ser a forma de análise dos diversos assuntos. E como acreditamos na liberdade de expressão linkamos e referimos blogs da esquerda à direita, dos mais liberais aos mais conservadores, dos republicanos aos monárquicos, dos nacionalistas (fascistas para muitos...) aos comunistas, porque todos têm algo eventualmente válido a dizer e a ensinar.
Nunca nos será possível, a nós humanidade, entender a essência do fenómeno da política se nos deixarmos ficar por lógicas reducionistas, atomistas e muitas vezes maniqueístas. E para tal há que recuperar muito da lógica liberal de John Locke e/ou de outros teóricos da tolerância ou da liberdade individual (Espinosa ou Stuart Mill por exemplo), para podermos seguir num sentido de cosmopolitismo, modernidade, quiçá até mesmo pós-modernidade, que tenha a compreensão e, mais uma vez, a tolerância, na base das relações entre os homens.
Vamos tentando, prosseguindo como podemos...