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Adriano Moreira na SIC N

por Nuno Castelo-Branco, em 30.07.15

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 Numa entrevista transmitida pela SIC N, o Prof. Adriano Moreira referiu-se a temas da actualidade, entre estes a questão premente do vazio absoluto quanto à falta de estadistas, pecha que infelizmente tomou conta de todos os sistemas representativos, desde Lisboa a Varsóvia e de Londres a Sofia e porque não ousar dizê-lo?, a Atenas. De uma forma sumamente elegante, A.M.  arrasou o Sr. Hollande e a sua estapafúrdia pequena ideia brilhante de isolar a Alemanha, para isso recorrendo ao directório dos fundadores da CEE. Estejamos desde este momento descansados, a Alemanha não o permitirá. Se é disso mesmo que deveremos falar como incontornável manifestação da reserva mental do presidente francês, o que mais nos importa tratar é aquele horizonte próximo, o de 4 de Outubro e os dias que se lhe seguirão. A isto se limita a estreiteza de visão de quem alternadamente tem comandado este país.


Na situação em que a Europa se encontra, dois meses são uma eternidade, havendo obrigatoriamente a considerar algumas hipóteses que decerto todos conhecemos. Pouco interessará agora discutir ou não o caminho único ditado pelas evidências de uma conjuntura difícil. Num momento em que os acontecimentos no Médio Oriente vão acumulando atrocidades sobre a péssima política que a NATO insiste em impor nos últimos anos - Síria, Iraque, Líbia, Ucrânia, Cáucaso -, o Mediterrâneo surge como segunda frente, não podendo a Europa insistir em ignorar os boat people que quotidianamente chegam às praias do flanco sul da União Europeia. Isto, quando muito mais a norte, as entradas do túnel da Mancha já se encontram sob insuportável pressão de migrantes em busca daquilo que, gostem ou não os situacionistas de encarar como realidade, é o Estado Social. Bem vistos os factos, tudo se resume a este factor: o Estado Social, ou por palavras internacionalmente reconhecidas, o Welfare State.

Entretanto, em Portugal estamos entregues a esterilidades eleiçoeiras, como se os nossos problemas fossem imunes à situação geral que sem convite nos entra pela sala em cada telejornal. Segundo declara A. M., tanto Pedro Passos Coelho como António Costa estarão então na iminência da suprema prova de fogo que segundo todas as sondagens têm indicado, chegará na própria noite eleitoral. É a sua reacção perante os resultados, que informará o país - e a Europa - se temos ou não temos estadistas. A eles caberá a ingrata tarefa da conciliação do aparentemente inconciliável, de dar remédio a tudo o que neste preciso momento parece ser irremediável. Manifesto o meu profundo cepticismo, este regime é - como desde a sua génese sempre foi -  uma fedorenta mixórdia de interesses entrecruzados de ganância e total inépcia ditada por larvar ignorância. 

Adriano Moreira voltou a referir aquela evidência que todos conhecemos, embora alguns insistam fingir ignorar: desde a fatídica tarde do 1º de Fevereiro de 1908, o país que ainda conhecemos por Portugal, deixou de poder contar com o decisivo Poder Moderador que a Carta atribuía ao Chefe do Estado, o Rei. Sublinhando ainda mais a mensagem, o antigo presidente do CDS mencionou o papel desempenhado por Isabel II, que teoricamente sem poderes reais, merece sempre aquele bem conhecido ...listen the Queen.

Infelizmente não podemos aconselhar os nossos sofríveis políticos a fazerem o mesmo, neste momento entretendo-se com mais um afiar de facas para mais um agora é que é!, difundindo esperanças sobre gente a quem falta qualquer padrão de idoneidade, quanto mais de representação de uma história quase milenar. Lembram-se dos excitados de há dez anos, quando enchiam resmas e resmas de páginas com sonhos de uma 4ª república, a presidencialista do Sr. Cavaco Silva? Onde isso já vai...

* Adriano Moreira conta com 93 anos de idade e apesar de repetir-se numa meia dúzia de temas, há que colocar a questão: quando Salazar deixou S. Bento (1968), o que teria sucedido a Portugal se em vez do indeciso Marcelo, Américo Tomás tivesse escolhido A.M.?

publicado às 23:35

 

Adriano Moreira passou a nona década de vida e o seu pensamento continua tão linear e consistente como dantes. Quanto ao que verdadeiramente interessa a Portugal - afinal o velho programa monárquico que o regime arrogante e ostensivamente teima em ignorar -, o Professor vem ao encontro daquilo que aqui tem sido apontado como inevitabilidade. Quando, entre outros temas também abordados por Adriano Moreira,  aqui andamos há anos a dizer que a questão da Plataforma Continental consiste num novo Mapa Cor de Rosa que dentro em pouco teremos de enfrentar, não estamos no plano da mera suposição. É a certeza da imperiosa necessidade de mudança de regime. Apenas as palavras de alguém com o seu gabarito poderá fazer chegar a mensagem a quem interessa e pode, evitando o pior. 

 

Ouçam esta entrevista concedida à TSF. Nesta situação de terra-queimada em que Portugal se encontra, finalmente algo de interessante. 

publicado às 16:40

Já não há paciência

por Samuel de Paiva Pires, em 03.06.13

É Cavaco com o mar e Adriano Moreira com o Conceito Estratégico Nacional. Ou a muy portuguesa arte de falar sem nada dizer ou fazer. Já não há paciência para estas masturbações intelectuais de alegadas eminências pardas do regime.

publicado às 20:20

Conceito Estratégico Nacional? (2)

por Samuel de Paiva Pires, em 16.04.13

Durante a elaboração de minha dissertação de mestrado apercebi-me que a ideia de um Conceito Estratégico Nacional, como a concebe Adriano Moreira, é uma impossibilidade - e até é, muito provavelmente, indesejável. Hoje, Jorge Silva Paulo, Capitão de mar e guerra (na Reserva), escreve um artigo certeiro sobre isto mesmo:

 

«Alguns cidadãos questionam-se sobre o que é o Conceito Estratégico Nacional (CEN) e que problema virá resolver, uma vez que se diz não existir e fazer falta. Poucos, mesmo diferenciados, falam no CEN e fazem-no em termos eruditos.

 

O conceito não está definido e é vago. Parece referir-se a políticas externas duradouras, o que envolve competição e conflitos (daí a natureza estratégica). Não é claro o formalismo do CEN: será uma norma vinculativa do Estado, constitucional ou legal? Um documento de intenções políticas? Uma norma cultural? A dúvida não é diletante: da resposta depende o empenho que quem valoriza o seu tempo lhe dedica, desde logo os cidadãos e os seus representantes políticos, que têm de o apreciar e validar.

 

Mas a questão de fundo é esta: em Portugal, tem sentido existir um CEN hoje? Creio que não. Explico. A substância de um CEN, tal como parece ser defendida pelo professor Adriano Moreira e por personalidades próximas, são as políticas duradouras, que sobrevivem a mudanças de governo. Fala--se de um CEN, e da sua estabilidade, desvalorizando alguns factos: não sei se existiu um CEN, mas se houve foi imposto ao povo, sem este ser consultado; sempre houve significativa contestação (vejam-se o "Velho do Restelo" ou as divisões em 1383, 1580, 1640 e Liberalismo); e sendo a narrativa patriótica feita pelos vencedores ninguém sabe bem que apoio mereceu do povo.

 

Com o mundo atual em rápida mudança, surpreenderá um CEN, ou seus derivados, duradouros. Além disso, quem defende que nos faz falta não explica como ele se compatibiliza com a natureza dinâmica de uma democracia representativa, na qual o povo é soberano. Por fim, o atributo "nacional" faria supor que os seus defensores, na ausência de consenso, abandonassem a proposta ou a revissem para alargar o apoio. O ambiente de desconfiança de muitos cidadãos face ao poder suscita o cinismo quanto aos interesses que um CEN servirá: se é nacional por que razão não é mobilizador? Ou é implícito e afinal existe?

 

O discurso dos defensores do CEN parece menosprezar a soberania do povo, expressa na seleção e em mudanças políticas em eleições; retirar a opção de mudanças aos eleitos fragiliza a democracia e reduz a sua representatividade, quando há um coro a clamar por mais. Parece que a ideia de um "déspota iluminado e benigno", que impõe só boas políticas à nação, ainda seduz - mas isso é um mito; as políticas de D. João II, do Marquês de Pombal ou de Salazar trouxeram relevantes benefícios - mas com tão altos custos e violando o Estado de direito democrático que duvido que fossem aprovadas pelo povo, se este se pudesse pronunciar em sufrágio livre e universal. Em ditadura é fácil fazer obras: basta haver quem as conceba e quem as implemente, pela força, se necessário. Com liberdade e democracia, a força não é opção; há que obter apoios, e para isso é preciso negociar, o que acarreta cedências; a brancura das ideias que cada grupo de interesses oferece acaba acinzentada pela difusão e acomodação das ideias alheias na execução. A liberdade e a democracia podem produzir políticas e obras incoerentes e pouco ousadas, mas só aquelas podem conseguir coesão social, inclusão e a representação coletiva do povo, ainda que cada um sinta que os resultados ficam aquém dos respetivos desejos.

 

Isto é, um Conceito Estratégico Nacional e os seus derivados ou são ignorados, ou tornam-se normas rígidas e contestadas, que só se mantêm pela coação, ou são vagos e estão plasmados na Constituição e na identidade nacional, para poderem acomodar as várias visões sobre a matéria, e dispensam mais formalismos.»

publicado às 13:05

E ainda ninguém gritou "ultra-neo-liberal-fássista!"

por Samuel de Paiva Pires, em 14.03.13

Estranhos tempos estes em que até Adriano Moreira e Viriato Soromenho-Marques citam e defendem Hayek, invocando-o contra os seus pretensos discípulos que desgovernam a União Europeia. Talvez se os pretensos discípulos começassem a lê-lo e a tentar compreendê-lo percebessem muitos dos erros que têm cometido. E se os que vociferam constantemente contra o neo-liberalismo fizessem o mesmo, talvez o debate público pudesse ter um pouco mais de qualidade.

publicado às 15:51

Portugal decadente

por Samuel de Paiva Pires, em 30.12.12

Andou um pai (Adriano Moreira) a criar uma filha para isto. Como escreve António Araújo, "Numa leitura mais desprevenida, concluir-se-ia estarmos perante um simples rancho de palhacitos idiotas, um conjunto de betos urbano-depressivos imbecis com inclinações passionais suicidárias." E como  assinala Filipe Nunes Vicente, este post "Concentra tudo o que é a cultura lambeadolescente, sexofílica, chupamédia e hipercorrecta de hoje." Ocorre-me ainda que a dita é deputada da nação. Faz sentido. 

publicado às 23:14

Sempre o Estado Social

por João Pinto Bastos, em 11.11.12

 

Até Adriano Moreira caiu no logro imorredouro do Estado Social. Tenho a maior estima e respeito pelo antigo ministro do Ultramar, mas, sustentar que a eliminação do Estado Social da Constituição corresponde à eliminação do alicerce que servirá de base à construção do futuro é, convenhamos, um tanto ou quanto temerário. Cada vez mais me convenço que Marcelo Caetano deve estar, no interior da sua tumba, a rir-se a bandeiras despregadas dos despropósitos que os nossos venerandos senadores vêm proferindo sobre uma construção cuja autoria deveu-se, em grande medida, à sua fecunda imaginação. Afinal de contas foi ele o criador do conceito de Estado Social em solo nacional. Uma espécie de Bismarck português mal amado. Mal imaginava ele, nos idos anos 60, que a sua obra mais marcante acabaria por ser abastardada pela democracia.

publicado às 15:56

Conceito Estratégico Nacional?

por Samuel de Paiva Pires, em 10.06.11

Quanto mais estudo Hayek, mais coloco em causa certas ideias generalizadas. Há dias afirmei que não existe tal coisa como crise de valores. Hoje, contrariando o que diz o Prof. Adriano Moreira - e que tantas vezes secundei - coloco a hipótese de que nós não precisamos de um "Conceito Estratégico Nacional", nem é possível hoje em dia ter um. Pelo menos nos moldes dirigistas que ele tem em mente. Um dia desenvolvo isto. De volta ao trabalho que a tese não se escreve sozinha. 

publicado às 23:15






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