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A venda de 49,9% da TAP faz todo o sentido. Há muito tempo que faz sentido alienar uma grande parte da empresa, se não a sua totalidade. O dinheiro injectado a fundo perdido pelo governo de António Costa para salvar a companhia jamais tornará. Jamais — como dizia o outro. Os 3,2 mil milhões de euros dos portugueses descolaram e não regressam na sua totalidade. Ou seja, nem sei se será 49,9% desse montante. Mas o que este governo quer fazer tem razão de ser. Numa ótica orçamental holística o governo ficará com meios para aumentar a despesa na defesa, sem necessariamente cortar na dimensão social da governação. É claro que o governo não pode dizer onde vai cortar, onde vai colar, onde vai subtrair e a seguir somar. Não pode e não deve. Esse trabalho de bricolage deve ser servido em doses adequadas à governação, à comunicação política, à reação económica e social, e à oposição — seja ela qual for e com a qual deve necessariamente negociar. Os estrategas do actual governo não querem fazer o que o governo anterior fez. Voar atrás do prejuízo. Sabem que o desarranjo económico e financeiro acabará por bater à porta de Portugal, mas não conseguem determinar com precisão quando. As tarifas, as guerras e os realinhamentos políticos dentro e fora da União Europeia acabarão por gerar efeitos difíceis de estimar. Em suma, a visão programática está certa, mas não sei se deva quedar-se pela TAP. Se procurarmos com cuidado deve haver outras empresas do Estado, efectivas sugadoras de recursos financeiros, que precisam de ser varridas. A única coisa que parece incomodar é o orgulho ferido. Sem dúvida que a TAP é uma companhia operacionalmente invejável, mas a coisa não vai lá com a contratação de gestores tapa-buracos. Esperemos então para ver se desta vez desamparam a loja. E o aeroporto? Isso fica para depois. E logo se vê.