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O Partido Socialista (PS) informa a população do continente e das regiões autónomas que, devido a questões técnicas alheias à sua responsabilidade, não teve condições de emitir o programa dedicado à derrota eleitoral na ilha da Madeira. A gerência garante que todos os esforços estão a ser empregues no sentido de restabelecer o sistema de comunicação. A gerência também aproveita a ocasião para informar que segue com atenção o futuro político de Alberto João Jardim, pelo que regista alguma preocupação sobre um seu eventual ingresso na Assembleia da República na qualidade de deputado com especial vocação para destabilizar a bancada socialista. O PS acrescenta ainda que a região autónoma da Madeira não é Portugal, pelo que os eventos registados naquela parte do Atlântico não podem ser correlacionados com eventuais acontecimentos políticos que se venham a verificar nas próximas eleições legislativas. Pedimos desculpa pelo transtorno. Prometemos ser breves. Gratos pela compreensão.
Penso que Alberto João está redondamente enganado. Um candidato que se apresenta contra o partido não será expulso. É precisamente o oposto. O candidato que decide enveredar por outro caminho político está a mandar o Jardim às urtigas. Está a declinar qualquer associação com um regime que põe em causa os valores de rotativismo no poder e liberdade de expressão. Antes que este tivesse oportunidade de o enxovalhar com papel de seda laranja, o putativo candidato antecipa-se e excomunga Alberto João Jardim e as suas hostes. O ditador da Madeira nem sequer soube acertar na "margem da conferência" onde decidiu anunciar o seu diktat. Não poderia ser um fórum mais indicado do que aquele dedicado a "segurança, integridade e rotura" para Jardim demonstrar a sua coerência autoritária. Alberto João Jardim gosta de ser o enfant-terrible da treta, como se fosse o inventor da dissidência, mas é colega de Cavaco noutro circo. Expressões como "limpeza no partido" são adaptações pouco alteradas de receitas congeminadas por regimes nacional-socialistas de uma Europa não tão distante quanto isso. O défice democrático, deve ser, por isso, analisado numa escala transnacional mas também em termos ilhéus. Já agora alguém me pode recordar qual o buraco da Madeira? Alguém me pode dizer qual o valor da dívida? Alguém pode nomear o principal responsável pela calamidade do arquipélago? Alguém pode repetir quem lesou os cofres e a pátria? Bem me parecia. Na minha opinião, se o partido social-democrata fosse disciplinado, quem deveria ser expulso do partido e do país seria Jardim. Pelo andar da barca, Portugal continental está a assemelhar-se cada vez mais a uma ilha rodeada de água, qual jardim à beira-mar fundeado.
Se Portugal "atravessa um suicídio nacional", Alberto João Jardim deve ser tido como um dos responsáveis pela eutanásia do país.
Num discurso atroz e cheio de contradições Paula Teixeira da Cruz afirma veementemente que "O PSD recusa o liberalismo clássico e o conservadorismo". Era preciso que a senhora Ministra soubesse o que é que rejeita, mas isso são contas de outro rosário e não se pode pedir muito a quem no mesmo discurso defende ideias como a separação de poderes, que por acaso não tem nada a ver com o liberalismo clássico, enquanto critica as coligações de interesses organizados ao mesmo tempo que defende a justiça social, que por acaso nem é uma ideia fundadora da social-democracia que nem tem precisamente como efeito fomentar as tais coligações de interesses que parasitam o estado e são privilegiadas pelo poder político à custa de todos os contribuintes.
Bom, mas também não se pode pedir muito a quem, defendendo a justiça, de que é Ministra, ainda há pouco tempo propunha a elaboração de uma lei tecnicamente impossível, porque discriminatória e contrária não só aos princípios gerais da abstracção e da generalidade como à Declaração Universal dos Direitos do Homem, de que Portugal é signatário. Mas claro que estas alarvidades passam pelos pingos da chuva e até acabam por ser um mal menor num Congresso que se prestou a uma viragem à esquerda de Passos ontem-era-liberal-mas-agora-sou-social-democrata Coelho e a uma radicalização do discurso de Alberto João Jardim, que mais parecia um camarada de Fidel ou de Chávez.
Como é que Paula Teixeira da Cruz aceitou fazer parte de um governo liderado por alguém que se dizia liberal, é que muito me surpreende. Oscar Wilde bem afirmou que a coerência é a virtude dos imbecis. Mas Passos Coelho também não precisava de levar isto à letra e tão rapidamente operar uma mudança análoga à de Soares que meteu o socialismo na gaveta. Ou até o podia fazer, se ao menos soubesse justificá-lo. Mas isso também era pedir demais a quem também não sabe bem o que é o liberalismo, o conservadorismo ou a social-democracia. Pensando bem, pelo menos ficamos a saber de que fibra intelectual e moral é realmente feito. Uma fibra mole, muito mole.
...desta vez estamos de acordo. A tal comissão parlamentar tresanda a ameaça partidocrática, ficando-se por aí e sem consequências de maior. O estardalhaço pê-ésse-deutico acerca de uma investigação beneditina às PPP rodoviárias, bem poderá significar mais um daqueles joguinhos de fazer encher o tempo de um Congresso sem pés nem cabeça, aproveitando para chantagear o comparsa antecedente na governança de S. Bento. Discurso após discurso, é o zero absoluto que este Partido há décadas significa, embora consiga fazer-se eleger! De todo aquele marceloso redemoinho de pequenos grandes interesses, há ainda que tomar nota do Menezes júnior - presunto sucessor do actual autarca de Gaia - que já vai dizendo umas, precisamente aquelas que envolvem o habitual esconde-esconde dos assuntos incómodos que encafifam dinheiro dos outros.
Tonitruante e fluente, Alberto João Jardim disse muitas verdades, num estranho discurso que saiu da boca de um homem que ao selvático capitalismo recorreu, utilizando-o nas suas obras e serviços públicos insulares. Agora acusa a plutocracia, devendo ter deixado babados de gozo os PC e BE que decerto aguardaram pelo único momento alto do tal milionésimo Congresso do PSD. De facto, quem escute AJJ, poderá imaginar um enxerto de Cunhal em Mussolini, tal a verve pós-capitalismo. O "pior" é que até estamos de acordo com o diagnóstico....
A noite passada sonhei que Alberto João Jardim estava a roubar-me livros e camisas.
"O presidente do governo regional da Madeira, Alberto João Jardim, vai abordar hoje com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, as condições do plano de resgate financeiro num montante superior a seis mil milhões de euros."
Não lhes podemos dar só a indepêndencia? Ou vamos ter mais do mesmo? - os Portugueses a apararem os golpes deste ser.
Aqui estão os dados mais relevantes da noite eleitoral:
1. Já devem estar a preparar-se para fazer um "tianato" lá para as bandas do PS que é coisa mais segura. Zero deputados, eis o resultado da fanfarronice das tias red-chiques da Madeira. Há que repetir a proeza do dia: zero deputados, zero devoristas de Beluga, ao contrário dos gatos, cães, periquitos, coelhos, vacas, cabritos monteses, ratos e lagartos que já têm um representante que em boa hora, dará voz ao PAN. Esperamos que um dia também os tenhamos em S. Bento, talvez em conjunto com o MPT, outro dos eleitos.
2. O esfusiante resultado da "vanguarda dos trabalhadores em luta": a "CDU" cai do terceiro para o quinto lugar das forças políticas locais. Uma grande vitória de "resistência elástica", à maneira de uma campanha da Rússia. O discurso do chefe-Jerónimo é o do costume, decalcado daquele que "o defunto" fez na famosa, ansiosamente esperada e inesquecível madrugada de 25 para 26 de Abril de 1975.
3. As imperdíveis galinhices da tia Maria João Avilez, mais uma que hoje em dia deve "achar ser de esquerda". A mais que balzaquiana - já imita o nhé-nhé-nhé tom de voz do amigo M. Soares -, está positivamente furiosa e transpira despeito pelos sovacos. A RTP no seu melhor.
Nada mais de relevante há a dizer. Acabou o Carnaval.
Estou cada vez mais desconfiado acerca destas sondagens que parecem indiciar uma vontadezinha em induzir o voto dos madeirenses. Ou muito me engano, ou haverá um Jardim tão absoluto como dantes. De uma coisa tenho também uma absoluta certeza: quando da desgraça da "descolonização exemplar", Jardim não nos maltratou nem inventou "estórias", ao contrário da malcheirosa borregagem que pululava no PS e PPD-PSD, entusiasmadamente embarcada na galé que o PC, Otelos e outros marginais tinham arranjado para acorrentarem os famigerados "retornados", muitos dos quais jamais tinham posto os pés de "segunda classe" na Europa. Quanto a isso e digam o que disserem, Jardim merece um certo reconhecimento. Não me esqueço.
Num regime democrático liberal de uma sociedade ocidental moderna, não haveria qualquer outra alternativa neste momento a não ser seguir os trâmites legais e constitucionais. O Presidente da República deveria ouvir o Conselho de Estado, dissolver a Assembleia Regional da Madeira e convocar eleições regionais. A Alberto João Jardim deveria ser instaurado um processo, que deveria decorrer o mais rapidamente possível, sendo este impedido de se recandidatar. Como estamos em Portugal, nada acontece e o tiranete madeirense ainda se atreve a vociferar pseudo-justificações, não se coibindo de simultaneamente continuar a gozar com todos os portugueses. Nada mais nada menos do que nojo, é o que sinto quando oiço este pulhítico. Um nojo igual ao que sentia quando ouvia José Sócrates, o coveiro do nosso futuro e o homem que moralmente trouxe o país para um nível tão baixo que não julgava ser possível numa democracia ocidental.
Entre o esforço de sobrevivência dos bons alunos e a humilhação a que somos sujeitos pelo ilegítimo ataque de AJJ a todos os portugueses, continua a fazer escola a "imagem, sondagem e sacanagem" sem que os seus principais actores entendam que é cada vez mais a democracia que está em risco. Dificilmente pode ter longa vida um regime moralmente corrompido que leva uma sociedade a assistir impávida à impunidade gritante de certas figuras e à conivência mais ou menos envergonhada de muitas outras. É deveras triste verificar o estado a que chegámos. Mais do que economicamente falidos, estamos eticamente perdidos.
Todos achamos uma certa graça à irreverência de Alberto João. Quantas vezes concordámos com uma ou outra frase dita a propósito? Apesar disso, não podemos continuar a ser colocados perante ameaças de "factos consumados" e de truques que aviltam o todo nacional, Madeira incluída. Pensamos ser necessário levá-lo muito a sério e assim, tal como aconteceu noutras paragens e sendo sempre os "continentais" aborrecidos com tanta insistência, há que facultar-lhe o exercício de um referendo quanto à independência do arquipélago afro-europeu. A linha vermelha há muito foi ultrapassada.
Um referendo informal e dependendo do resultado, a necessária modificação constitucional que permita a secessão. Os do costume estão atentos à situação portuguesa e nesta hora que exige união, Jardim está a ajudá-los.
O que é demais já chega e cremos que será conveniente ser a direita a tratar deste desagradável assunto.
Queiram ou não queiram, este homem sabe onde estão os alvos em que todos pensam, sem ousarem dizê-lo. Desta vez, Jardim proferiu mais umas certeiras verdades quanto ao sector da banca. Subscritas por milhões de portugueses. Que pena ainda não ser abertamente azul e branco.
Existe neste país um invisível fluído de parvoíce que a quase todos atinge. O presidente dos republicanos recebeu na Madeira, a visita dos reis de Espanha, motivando a usual azáfama em redor dos ilustres visitantes. Se a chegada de um presidente alemão, francês ou italiano passa sempre despercebida e remete-se a uma mera troca de condecorações intra-muros do vergonhosamente arruinado Palácio da Ajuda, a chegada de um príncipe, grão-duque ou rei - mesmo tratando-se de representantes de minúsculos Estados -, reveste-se imediatamente de uma importância que coloca problemas ao sofrível serviço de protocolo republicano. Os enxames de assessores (de facto, são mais "acessores") não fazem a mínima ideia - ou pior, talvez nem se atrevam a sugerir - de como industriar o casal presidencial acerca dos usos e costumes de um meio para o qual não foram preparados e as gaffes, perfeitamente desculpadas pelos visitantes, nem por isso passam despercebidos à corrosiva opinião dos mais atentos.
Parece uma obsessão, esta nossa marcação constante aos passos dos sucessivos inquilinos do antigo Paço de Belém e existem duas corriqueiras explicações para este escrutínio: a primeira diz respeito à nossa oposição ao regime actual e a segunda, advém sobretudo da astronómica despesa que este representa. De facto e sem contarmos com o insólito peso da representação regional nos Açores e na Madeira, a chamada "presidência da república" é um fosso de despesismo que a ninguém poderá passar despercebido, dada a gritante e dificilmente ocultável evidência. Em conformidade com os desmesurados gastos, espera-se o desempenho impecável do exercício da representação nacional, coisa que muito raramente acontece. Desta vez a estroinice é na Madeira, onde existe formalmente um "Representante da República" com competências protocolares, palácio à disposição e toda a despesa inerente. Estando o sr. Cavaco Silva no arquipélago, competir-lhe-ia receber os visitantes de forma condigna, mas tal não aconteceu. O rei João Carlos e a rainha Sofia foram conduzidos a uma recepção num hotel, ficando o citado palácio do "representante" fechado a sete chaves, talvez justificando a permanente guerrilha existente entre os representantes republicanos de Lisboa e um Governo Regional que melhor faria em proclamar desde já a Monarquia na ilha, reconhecendo D. Duarte II.
Está bem, compreende-se esta mania hoteleira, porque a sra. Dª Maria talvez estivesse assim mais perto de uma rica cozinha, mesmo à mão para propiciar alguns daqueles petiscos fritos tão apreciados pelo seu risonho esposo. Além do mais e depois dos episódios pitorescos ocorridos nas grutas da Capadócia e no catanço às Edelweiss em Sal-tze-burregue (1) - na perfeita pronúncia da dita faladora senhora - esta visita à Madeira decerto proporcionará mais uns capítulos de soap-opera. Coisas da república (2)...
* Como prova de boa vontade e de amizade, o governo português podia colocar hoje na fronteira espanhola, os etarras que vivem como "refugiados políticos" em Portugal, sob uma inexplicável protecção que nos envergonha.
(1) The hills are alive.... with the sound of music...!
(2) Quem as quer que as pague!
Enviado pela Maria Augusta do http://realfamiliaportuguesa.blogspot.com/, um texto para ler atentamente.
ALBERTO JOÃO JARDIM
A Decadência nacional e o que nos trouxe o regicídio
As «lutas liberais» foram momentos de extremismo, onde mais uma vez a cegueira conservadora não quis compreender a evolução da Filosofia Política e do mundo, onde mais uma vez o Povo português se deixou manipular, e onde mais uma vez os interesses financeiros — tal como hoje — se sobrepuseram às Ideias e ao Civismo democrático, congelando a necessária evolução económica do País, apesar da Monarquia Constitucional.
Não sou monárquico. Sou um republicano — sobretudo por razões de vizinhança ibérica — e um político que não teria quaisquer complexos em trabalhar numa Monarquia democrática, regime de alguns dos países mais desenvolvidos da Europa. Por razões de Cultura e como português, assumo a importância da Monarquia na construção de Portugal durante mais de sete séculos. Nas nossas virtudes e defeitos históricos. Portanto, estou à vontade para tomar posição quanto ao que vem rodeando a invocação do regicídio de 1908. Não há dúvida que depois da ocupação filipina durante sessenta anos, e sobretudo depois das invasões francesas, a vida do País marca-se por uma decadência em relação à História nacional até D. Manuel I, os nossos primeiros quatro séculos.As «lutas liberais» foram momentos de extremismo, onde mais uma vez a cegueira conservadora não quis compreender a evolução da Filosofia Política e do mundo, onde mais uma vez o Povo português se deixou manipular, e onde mais uma vez os interesses financeiros — tal como hoje — se sobrepuseram às Ideias e ao Civismo democrático, congelando a necessária evolução económica do País, apesar da Monarquia Constitucional. Em consequência, veio a I República jacobina, resultante de uma golpada militar à partida anedótica e em que — mais uma vez — tal só foi possível porque as más consciências «meteram o rabo entre as pernas» e se demitiram covardemente. Uma I República de facto nascida do regicídio, onde os interesses das facções, incluso, muito, das «sociedades secretas», salvo honrosas excepções (poucas) subordinaram o Interesse Nacional ao jogo caricato dos grupelhos políticos. Enquanto vozes roucas pelo bagaço iam berrando «vivas» a semelhante «república», tal como, depois, o mesmo hálito estrondava alguma burguesia instalada no denominado «Estado Novo» e comendo à mesa deste, deixando à formação e actividade dos comunistas a única oposição a sério à ditadura. Também em consequência, sempre com as massas populares manipuladas, conformadas e anémicas, levámos em cima com uma ditadura de quarenta anos, igualmente incapaz de perceber a evolução do mundo, alérgica igualmente à elaboração contínua do pensamento político, sobretudo o democrático, num falso cristianismo que recusava o primado da Pessoa Humana, os seus Direitos, Liberdades e Garantias individuais. Que recusou suicidamente uma mudança democrática possível sem «revolução» e que não percebeu a África — como hoje não percebem as Regiões Autónomas — nem mesmo aceitou a colaboração sensata dos Aliados democráticos e também, assim, contribui para o rol de tragédias africanas que se conhece, embora não se lhe possa assacar o exclusivo da responsabilidade por tudo o que tragicamente sucedeu e sucede. Depois, logicamente, teve de acontecer o «vinte e cinco do quatro», em que mais uma vez a irresponsabilidade, incompetência, covardia e incultura de muitos, aliadas — também mais uma vez — à manipulação auto-consentida, ao analfabetismo político e ao oportunismo das chamadas «massas populares», permitiram a selvajaria — contra-corrente da História, como se viu — do período 74-76. Finalmente, todos estes séculos de decadência nacional acabaram «nisto», o regime da Constituição de 1976, outra vez com o Povo conformado e sem Valores, procurando apenas a sobrevivência quotidiana. De novo com o jacobinismo e os «interesses ocultos» triunfantes num regime de capitalismo selvagem consensualizado com uns «rebuçados» ao conservadorismo sindical comunista que se voltam contra os Trabalhadores e a Classe Média, e com a cedência ao controlo pelo PCP de algumas fatias do aparelho de Estado. Tudo camuflado por um falso «socialismo», mito inócuo transformado em «religião oficial» do Estado.Razões porque ainda não percebi o sentido de umas «comemorações» que, em 2010, vêm para aí à custa, mais uma vez também, do bolso dos contribuintes. E volto ao regicídio. Para me espantar com os preconceitos, complexos e facciosismo, como os falsos «intelectuais» e um Estado decadente, sem serenidade, Cultura e objectividade histórica tratam este assunto, incluso deturpando e aviltando um Rei com uma verdadeira formação democrática europeia e com uma cultura superior para o seu tempo, a qual nada tinha a ver com a boçalidade, desde há séculos e já então, instalada na «rua». Hoje, em Portugal e através dos canais todos identificados, trata-se a História ainda conforme a metodologia marxista — mentindo e apagando o que não interessa à respectiva «ideologia» e objectivos. Sinal, também, da incontestável decadência nacional nomeadamente no aspecto cultural. Tudo isto com a cumplicidade dos sectores jacobinos, também sobejamente identificados. E tenho de protestar, na sequência do que denuncio, contra a maneira como se pretendeu ilibar os assassinos regicidas, numa clara defesa da violência política, incluso através da televisão paga pelos Portugueses.
Jornal de Madeira – 1 de Fevereiro de 2008
O longo, maçador, complicado e desajustado texto constitucional, tem servido para manter as orgulhosas certezas daqueles que o tendo violentamente combatido nas Constituintes de 1975-76, acabaram por se trasmutar nos seus mais estrénuos defensores. As explicações são muitas, sobressaindo o peso da pulsão nostálgica de um certo mundo que decorridos poucos anos desapareceria como se de um obsoleto e bélico artefacto imprestável se tratasse.
Alberto João Jardim tem bastas vezes discutido o articulado constitucional, nele vendo - com razão - a sua conformidade com o tradicional pendor centralizante herdado do Estado pombalino. Os críticos continentais ao grande sucesso da autonomia regional madeirense, apontam o facto da enxurrada de fundos comunitários que possibilitaram a transformação do arquipélago em algo bastante diferente daquilo que o território peninsular à primeira vista nos oferece. Cidades bem cuidadas, património valorizado, infraestruturas úteis que beneficiam a vida de todos, muita limpeza e aquele certo ar de destino de luxo que tem um imediato paralelo na Côte d'Azur francesa. Por muito que isto custe aos maledicentes, a Madeira parece ser um território distinto, enfim, estrangeiro.
Assim sendo, é natural a pretensão de obter algumas vantagens formais que se coadunem com uma dignidade regional há muito assumida e secretamente invejada por outros. Quando há uns meses o Duque de Bragança levantava a hipótese de numa nova Monarquia as regiões passarem a constituir um Reino Unido com Portugal, a proposta encerra vastas possibilidades, até para o conjunto dos países insulares de língua portuguesa no Atlântico. A sempre apregoada solidariedade nacional - que em muitos casos significa nada mais senão o termo "caridade" no sentido pejorativo -, não tem conseguido coadunar a necessária distribuição equitativa de fundos, com a imprescindível libertação de peias que podem ser interpretadas como vexatório padrão de posse colonial. Na realidade, o estipulado pela Constituição de 1976 estabelece uma forte dependência formal em relação à Metrópole e a própria existência do chamado Ministro da República, não passa de um caricato disfarce da autêntica figura representativa dos antigos Governadores-Gerais das províncias ultramarinas. O que os autonomistas pedem, é pouco, quase nada, embora os media a soldo do conglomerado financeiro-político sediado em Lisboa, queiram fazer crer do contrário.
A.J. Jardim mencionou ontem um aspecto bastante incómodo para o status quo da política portuguesa, propondo a proibição do comunismo e a inclusão de um preceituado conforme aquele que a mesma Constituição de 76 prevê em relação às organizações de índole fascista. Embora tal definição seja de difícil adequação a qualquer grupo que sensatamente acautele a sua existência, esta norma jamais foi cabalmente cumprida, apenas servindo para ciclicamente ameaçar alguns extremistas nas barras dos tribunais, mesmo correndo-se o risco de Portugal poder ser apontado como um país onde de facto existem presos políticos.
Alberto João Jardim encontrou uma infalível forma de ser ouvido. Com uma simples frase, parece ter aderido ao necessário debate - que um muito amplo sector simpatizante da instauração da Monarquia iniciou - para uma profunda revisão de uma Constituição que poderá continuar a sua histórica existência, mas adaptada a uma realidade nacional que há muito ultrapassou velhos dogmas, preconceitos ou programas de outros tempos.
Esquecendo-se a pitoresca proibição comuno-fascista, muito mais humilhante, abusiva e perniciosa é a imposição da forma de representação "republicana" do Estado, sem que o próprio conceito de república seja perfeitamente compreendido por um povo que desde a Fundação da nacionalidade, jamais deixou de viver numa verdadeira República. O atraso económico e educacional, o abismo de desigualdade que fatalmente minará o regime e os perigos decorrentes da miragem federalista europeia - com fortíssima componente pan-espanhola na Península -, impõem uma séria discussão, sem condições, da viabilidade da mudança do regime.
Alberto João Jardim, porque irrita as hostes do "contenente". Hugo Chávez, porque parece um louco na (des)ordem internacional. E Silvio Berlusconi, porque me reconheço na sua faceta de piadolas politicamente incorrectas. Não aconselharia nenhum dos três para qualquer cargo político ou público, e obviamente nunca convidaria ou faria parte de qualquer executivo com esses. Mas não é por isso que não posso deixar de achar imensa piada aos três, simplesmente porque saem fora do chamado "mainstream". E sim, Obama tem tudo para vencer, é jovem, belo e até bronzeado. Quem vir nisto uma piada racista deve começar é a rever os seus quadros pseudo-moralistas e ver se acorda para a vida. Ainda me recordo de quando um professor nos dizia, há 2 anos atrás, que devemos colocar dúvidas e gozar com tudo, especialmente com os princípios supostamente intocáveis na sociedade. O politicamente incorrecto tem muito mais piada, sem dúvida. E já agora, pelo menos para mim, o mundo não é branco e preto, é cinzento. E dentro dos cinzentos há uma enorme gradação de cor. Infelizmente parece que para a maioria é branco e preto. Sejam felizes pois então ó caça-racistas e afins.
Ainda há uns tempos andava assustado porque tinha concordado com Alberto João Jardim já nem sei bem em relação ao quê. Agora vem falar na criação de um partido de índole federalista. Sendo eu um adepto da descentralização do poder sob a formúla federalista, não me parece que um partido seja a melhor forma de promover tal causa, tal como o não é, por exemplo, um partido monárquico quanto à causa monárquica. Uma espécie de movimento de cidadania talvez fosse mais proveitoso. Ainda assim, Alberto João Jardim tem razão, este marasmo em que se encontra Portugal já dura há muito e parece-me que os movimentos que têm surgido nos últimos tempos parecem deixar adivinhar que cada qual vai-se alinhavando com quem pode como forma de tentar eventualmente alterar alguma coisa.