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Ferreira do Alentejo. Uma empresa de produção de uvas abriu as portas a dezenas de refugiados da Venezuela que ali encontraram, mesmo que para alguns a título provisório, o ansiado porto de abrigo. Não cataram subsídios, nada exigiram, não quiseram surgir nos noticiários. Encontraram a paz e a calma do dia a dia num lugar distante e até há pouco desconhecido. Quem lhes deu a mão? O Estado? As ONG sempre tão pressurosas noutros casos? A U.E.? Não, apenas alguém que tal como eles, um dia também conheceu as dificuldades da partida para destinos onde a incógnita do sucesso faz a norma.
Há dias soubemos que uma dirigente política francesa é agora alvo de retaliação estatal, dir-se-ia mesmo mega-estatal, pois a acção vem teleguiada do Reichstag de Estrasburgo, ou melhor, de quem tudo conduz na Europa: Berlim. Nada mais fez senão divulgar muito ligeiras imagens que apenas fornecem um vislumbre daquilo que todos solitariamente já vimos aumentado até à centésima potência, onde o horror das queimadas de gente a eito, as degolas em série, o arrojar de pobres diabos do alto de prédios, as lapidações na praça pública sob o aplauso de massas ululantes, violações extensivas, o trucidar de infelizes correndo desesperados para fugir às lagartas dos tanques que os perseguem, as piscinas onde se afogam desgraçados dentro de jaulas, o massacre de crianças, as escravas sexuais, as execuções em massa à beira daquele rio onde terá nascido a civilização, as valas comuns contendo centos de anónimos, enfim, o esmagador rol de crimes contra a humanidade ao longo de demasiados anos perpetrados pelo Estado Islâmico. Acusada de anomalia do foro psiquiátrico, foi a melhor prenda eleitoral que lhe poderiam fornecer a título gratuito. Um erro crasso maquinado por gente sem qualquer preparação, nem sequer aquele refinado calculismo que Maquiavel tão bem relatou n' O Príncipe.
Tudo isto é bem sabido e guardado entre paredes dos domicílios onde o tom das conversas à hora do telejornal vai paulatinamente subindo a alturas estratosféricas, impublicáveis. Um rugido surdo que provoca hecatombes eleitorais.
O Estado, seja ele o português, francês, alemão, espanhol ou belga e sueco, não reage, caído na armadilha do politicamente correcto que ele mesmo, na ganância do lucro fácil obtido pelo sempre sonhado esmagamento de salários e amálgama na derradeira tentativa de liquidar as nações - visão muito simplista, contudo exacta e de compreensão fácil, tudo podendo ser resumido nisto -, é agora contornado precisamente por aqueles de quem todos os regimes dependem: o povo.
São apenas sintomas de uma revolta silenciosa, mas no Alentejo acompanhada por actos muito concretos. Oxalá essa empresa não passe agora a ser assediada por fiscais de todo o tipo, a baixa e odiosa vingança que a todos arruina, principalmente dirigida por aqueles acobertados pela política que em Portugal e no resto da Europa, sem paradoxos, vai da esquerda à direita.
Longe das vinhas da ira, saboreámos hoje o doce néctar das vinhas da solidariedade.
Em Moura encontrámos, na freguesia de S. João Baptista, a mais antiga mouraria da península ibérica: três ruas, de acentuado declive, com casas todas elas caiadas, todas elas com a mesma traça, e todas elas da mesma altura, ricamente floridas.
Ali perto, no cimo de uma colina, o castelo. Não admira, pois, que, nas imediações deste, várias equipas de arqueólogos tenham descoberto extenso campo de ruínas maioritariamente árabes, tendo no entanto reconhecido alguns vestígios romanos e ainda, posteriores no tempo, indícios de ocupação paleocristã, como o de uma igreja de Santiago.
Uma beleza, Moura; o Alentejo! E maiores os lamentos ao lembrarmos o trabalho - pleno de êxito esse trabalho! - de descaracterização do que já foi considerado o maior dos jardins de Portugal - o Minho. O Minho devastado pela infernal proliferação de casas " tipo maison ". Sem que possamos acometer o maior quinhão de culpa aos que nelas vivem. Os culpados maiores estão há muito identificados: os arquitectos camarários, e demais responsáveis, pois claro.
E com esta terra " que Deus nos deu "!...; pérolas a porcos!
Como oportunamente lembrou a Aline no "feicebuque", D. Duarte anda a dizer isto há mais de trinta anos. Cavaco acordou, rejubilem!
O Onik Sahakian era um incontornável protagonista de episódios picarescos. Fosse onde fosse, quando menos esperava era colocado em situações imprevistas e a colecção de episódios é tão vasta que seria capaz de encher um volume com estorietas mais ou menos surrealistas.
Isto passou-se em Nova Iorque, em plena Park Avenue. Desde que se estabeleceu em Portugal, tornou-se num ávido consumidor de tudo aquilo que era próprio da nossa terra, mesmo que isso apenas correspondesse a estereótipos pela imensa maioria ignorados. Homem de talhe pequeno, resolveu-se a comprar um capote alentejano e numa das visitas à Big Apple, aproveitou a oportunidade para se passear com o abafo "tipicamente português". Infalivelmente atraiu a atenção de alguns transeuntes, entre os quais, três garotos que durante alguns minutos cirandaram à sua volta, fixamente olhando para o capote. Já um tanto ou quanto incomodado, Onik resolveu parar por uns momentos e perguntou-lhes o que pretendiam.
Timidamente, um deles avançou e apontando para o capote, deixou a enigmática questão.
- Excuse me Sir, do you fly?
É o Portugal do surrealismo. Convencido de que havia encontrado a "galinha dos ovos de ouro", o Dr. Roquette conseguiu que o QREN lhe disponibilizasse nada mais, nada menos, do que 49.7 milhões de dinheiros públicos para um campo de golfe de 18 buracos e um hotel, ambos condenados à partida pela megalomania da iniciativa.
Durante anos venderam-nos a ideia de que o Alqueva serviria para dinamizar a agricultura no Alentejo. Era, evidentemente, uma pura ilusão. Como uma ilusão foi acreditar que um projecto como o Roncão de Roquette, à sombra do Alqueva, se faria com verbas do empresário. Mais depressa o Aeroporto de Beja (outro buraco) passaria a receber 1 milhão de japoneses por ano...
Se as autoridades não se acautelam, o Alentejo em breve parecerá um queijo furado, de tantos os buracos que o Povo fará na terra à procura do metal amarelo.
Isto porque, hoje, a empresa Colt Resources divulgou que os resultados das perfurações na Boa-Fé, no concelho de Évora, evidenciam «graus impressionantes» de ouro perto da superfície. À TSF, o diretor-geral da empresa canadiana que desenvolve prospeções de ouro no Alentejo, afirmou que os resultados são muito melhores do que o esperado. A Colt Resources disse já ter recebido os resultados analíticos finais correspondentes a amostras das sete sondas de perfuração instaladas naquela zona alentejana, depois de ter assinado um acordo com o Governo português para a concessão experimental de ouro nas freguesias de Santiago do Escoural (Montemor-o-Novo) e de Nossa Senhora da Boa-Fé (Évora). No mês passado, o CEO da Colt Resources, Nikolas Perrault, tinha já revelado que as perfurações na Boa-Fé estavam a detetar «mineralizações de alto teor» de ouro, admitindo a possibildade de se iniciar em 2014 a extração industrial. Num comunicado hoje divulgado, citado pela TSF, Nikolas Perrault diz que as perfurações na Boa-Fé «continuam a fornecer graus de ouro impressionantes, perto da superfície». «Estes dados serão incluídos na estimativa inicial de recursos do projeto, que deverá ficar concluída até final do mês», afirmou, acrescentando que vão prosseguir perfurações mais profundas. Recorde-se que o acordo com o Governo português, para a concessão experimental de ouro nas duas freguesias alentejanas, foi assinado em novembro de 2011, num investimento previsto de três milhões de euros, durante três anos.