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É seguramente uma daquelas situações, tão pródigas no nosso País, em que o barato sai caro. Refiro-me à compra hoje noticiada por parte de Portugal de um conjunto de milhares de algemas...chinesas. Só que, ao que parece, as mesmas arriscam-se a ter pouca ou nenhuma utilidade já que são muitas as críticas que lhes são feitas em sede de ausência de qualidade de fabrico. Segundo noticia o jornal SOL pela mão da jornalista Sónia Graça, a PSP comprou 14 mil algemas fabricadas por uma empresa chinesa, por um preço imbatível: 12 euros cada par, 168 mil euros no total. O modelo escolhido oferece, porém, poucas garantias de segurança.
O contrato, afirma o SOL, foi celebrado há uma semana com a Navaltrading, Comércio, Importação e Exportação, Lda., empresa que ganhou o concurso público, lançado em Agosto do ano passado.
Apesar de ter disponibilizado quase 300 mil euros - o valor base do concurso foi de 297 mil -, a PSP decidiu fazer este investimento pelo«mais baixo preço» (único critério de adjudicação).
Só que não há bela sem senão. De facto, a PSP poupou dinheiro mas pode ter arranjado um cojunto de dores de cabeça já que, ainda que a poupança tenha chegado aos 100 mil euros na compra de milhares de algemas metálicas, o modelo assemelha-se às usadas pelos dois reclusos que há poucas semanas conseguiram desalgemar-se e fugir de uma carrinha celular que estava à porta do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), em Lisboa. Na altura, o director-geral dos serviços prisionais, Rui Sá Gomes, veio dizer precisamente que este tipo de algemas não é seguro.
«A Polícia recorreu a um modelo tradicional que tem 150 anos, tão desactualizado como os revólveres e que oferece poucas garantias de segurança porque é facilmente manipulada com um clip ou um pedaço de plástico rígido, sobretudo se as mãos forem algemadas à frente» - comentou ao SOL António Amaro, administrador da Milícia, uma das principais empresas fornecedoras de armamento e equipamento policial, que integrou a lista dos concorrentes mas acabou excluída.
Mais uma originalidade lusa...ou, como diria o antigo ministro da justiça, Santos Pais, "é normal dentro da anormalidade"!