Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Comentar a vida interna do CDS é, para mim, um desafio que exige, ainda que possa ser mal compreendido, uma boa gestão das palavras. A emoção, nestas matérias, é sempre inimiga da razoabilidade e da lógica interpretativas. Como militante do partido tenho a minha opinião sobre a gestão política que o CDS tem feito da participação na coligação. E, como eu, todos os militantes do partido, com maiores ou menores discordâncias face à actual liderança política, têm uma posição clara e assumida sobre os desafios que impendem sobre o CDS. Dito isto, e feita esta ressalva, gostaria de me demarcar desta posta do Pedro Quartin Graça. Não creio, muito sinceramente, que a liderança de Paulo Portas esteja em causa, ou, vá a estar em cheque no curto prazo. Aliás, sejamos claros, neste momento Portas é, indiscutivelmente, o quadro mais habilitado para liderar o partido. Questionar isso, e não creio que seja esse o entendimento da corrente Alternativa e Responsabilidade, seria um pouco estulto. O peso político de Portas, no seio do partido, é imbatível. Com contestação ou não, não me parece que as dúvidas aventadas pela corrente mencionada passem por um questionamento da liderança do partido.
Sem embargo, é um facto que o programa centrista tem sofrido múltiplas entorses na práxis governativa, sobretudo, no que concerne à questão fiscal. O brutal aumento da carga fiscal não tem cabimento no programa do CDS. Aliás, nunca teve. Ademais, não há ninguém neste partido que se sinta satisfeito com o rumo azougado que a economia está a tomar. Ninguém, caros leitores. O busílis da questão prende-se tão-só com um aspecto que não é de somenos: o timing para uma ruptura na coligação. Neste momento, sopesados os prós e contras, não me parece que estejam reunidas as condições para uma quebra no compromisso governativo assumido com o PSD. Creio que os custos de uma decisão tão gravosa seriam bem maiores que os benefícios. Contudo, faço este reparo: quando digo que as condições não estão reunidas refiro-me, apenas, ao momento presente. Não sei qual será a situação do país daqui a poucos meses, aliás, receio bem que seja infinitamente pior, com falências em catadupa, desemprego galopante e conflitualidade social crescente, porém, de uma coisa estou certo, o que hoje é preto, amanhã poderá ser branco. Estou convicto de que o que se passou na feitura do Orçamento do Estado de 2013 não poderá repetir-se no próximo ano. O menosprezo mercurial pelo CDS não será aceite da mesma forma. A militância não tragará uma repetição da farsa que culminou na aprovação do Orçamento. A fronteira é simples, visível e nada ambígua. O futuro da colicação dependerá, em grande medida, da observância destes limites. E, também, da vocalização da discordância política nos locais adequados.