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Chega de PS?

por John Wolf, em 05.06.24

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O Partido Socialista (PS) que foi o inventor da disciplina de bancada, da lei da rolha e mais recentemente do traçado das "linhas vermelhas" — as tais que não poderiam ser transpostas para acomodar o Chega, acaba por se coligar ao partido de André Ventura. O princípio subjacente a esta dinâmica destrutiva é simples: não deixar fazer. Ou seja, sem olhar a meios, fazer tudo ao seu alcance para fazer cair o governo de Luís Montenegro. Portugal que se lixe. Que se  lixem os portugueses. A bandeira que os socialistas estão a hastear é uma farpa de terra queimada, como se já soubessem que as europeias não vão servir para grande coisa. Pedro Nuno Santos vai sofrer nova derrota eleitoral e, por isso, nada tem a perder. Embora o PS queira defender a tese da coincidência de posições com o Chega, não é líquido que assim seja. Não sabemos se o PS pertence ao Chega, ou chega de PS. A tal ética republicana que se desdobra na máxima temida por todos: "não recebemos lições de ninguém", afinal não é bem assim. Se o PS não tiver cuidado, ainda será infiltrado por agentes do Chega, ou, num cenário ainda mais excêntrico, ainda veremos alguém da Ericeira filiar-se no Chega. A conclusão a que devemos chegar — a ideologia já não é o que era. Nestes tempos de mercados políticos de ocasião, vale tudo. Aguardemos por domingo para assistir a uma ficção eleitoral que em nada abala decisões já tomadas no fórum da União Europeia. Podem estrabuchar à vontade, mas em última instância quem determina as expectativas da classe média será o Banco Central Europeu, que decide a cor e o preço do dinheiro — amor e ódio numa campanha perto de si.

publicado às 18:54

Como não vai ser o governo

por John Wolf, em 22.03.24

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Ainda no rescaldo dos resultados das eleições fifty-fifty — 50 anos do 25 de abril, 50 deputados do Chega, o que vai suceder nos próximos tempos de governação será relativamente simples de prever. Montenegro, íntegro e fiel aos seus princípios, não cedeu à solução da coligação, ao dispositivo de governação galvanizado, imune a reações políticas adversas, ou seja, a neutralização da oposição por via de uma maioria forçada e conveniente. Pedro Nuno Santos, raposa política oportunista por natureza, apresenta-se como estadista moderado, homem aparentemente respeitador do escrutínio e da vontade do povo — simpático, não parece? À primeira vista lembra o monge trajado com o hábito pacífico, inofensivo. Mas mal abram o debate no parlamento, a coisa mudará de figura. A ambição dos socialistas e dos afilhados da esquerda é de tal modo intensa, de tal ordem ideológica e reaccionária, que arrestará o superior interesse de Portugal para proveito partidário, faccioso. Querem o poder (novamente) custe o que custar aos portugueses. Qualquer proposta da Aliança Democrática (AD) que esteja dependente do consenso e da convergência, de todos e de tão diferentes sabores políticos da esquerda, resultará em impasses e paralisias — pura e simplesmente na anulação de ideias que tenham no seu ADN o mais pequeno indício de genes da direita. Nem vale a pena escutar a Mariana Mortágua, a Sousa Real, o Paulo Raimundo ou o Rui Tavares — sabemos qual será o seu software: um virus igualmente demolidor, por mais adequadas que sejam as propostas emanadas de um governo minoritário, serão sempre consideradas infecciosas e fatais, por serem da direita. André Ventura e Rui Rocha saberão gerir as incertezas que irão pairar sobre o espectro da governação, sem que possam trair ao que prometeram vir — contribuir para a edificação de uma vida melhor para os portugueses. Montenegro está a ser inteligente e estratégico — não deixou escapar pela boca, por onde morrem os peixes, um nome sequer. Os comentadores andam comichosos a tentar adivinhar quem serão os senhores que se seguem, para naturalmente iniciarem o seu processo contraprodutivo, destrutivo. Não sentimos que Montenegro esteja a pensar à socialista, à jobs for the boys. Com alguma sorte, se Marcelo não estragar as coisas, pode ser que vejamos em Portugal algo diferente e eventualmente melhor. No entanto, sem surpresa, tudo isto cheira a caldeirada típica dos atavismos e empates de Portugal. A expressão de um país inimigo de si mesmo, que esbanja mundos e fundos. E assim termino, prestando homenagem à figura que melhor corporiza essa ideia de divisão e caos, de desprogresso — Augusto Santos Silva, com quem não contamos para nada. Nem antes contávamos,  nem depois contaremos.

publicado às 19:16

Governo socialista à Bairrada

por John Wolf, em 18.03.24

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Devemos prestar muita atenção às palavras dos socialistas nos tempos que correm. Têm mau perder. Alexandra Leitão já começou a girar o espeto dos resultados eleitorais, a virar o prego do rombo das legislativas. As suas palavras são uma afronta à democracia, um insulto à ideia de legitimidade eleitoral e sugerem o extermínio do Chega. A ex-ministra (já nem sei de que pastel) já pegou na velha calculadora do Rato para fazer contas à vida de um putativo governo liderado pelos socialistas. A Aliança Democrática deve prestar um serviço ao país e não admitir que o jogo se faça apenas numa das metades do campo. Portugal corre o risco de se manter no mesmo marasmo e em semelhante pasmaceira, se aceitar este golpe palaciano pós-eleitoral. Cada vez mais julgo que Montenegro deve deixar-se de salamaleques e entrar em negociações cruas e nuas com o Chega. Se sabe quais são as linhas vermelhas e os traços encarnados que o Chega transpõe, deve expô-los para que sejam escrutinados, excluídos ou mitigados. Leitão conta com os emigrantes, diz ela. Mas os emigrantes não contam com ela. Deixaram Portugal devido a décadas de falência governativa de socialistas e, em abono da verdade, também de social-democratas. Marcelo Rebelo de Sousa, eminente constitucionalista, deveria saber ler as consequências de atos abonatórios de uma coligação que não tem uma maioria para reger. O que falta aos socialistas é modéstia e respeito pelas regras democráticas. Mas o que têm em demasia é mania de grandeza — um enorme complexo de superioridade moral e saudades de maiorias absolutas. Espero que haja alvoroço a sério. Porque existem limites de decência e de dignidade que não podem ser esfrangalhados por arrivistas que já lá estão há tempo demais. Alexandra Leitão quer assar o Chega à bairrista, à moda do Largo do Rato.

publicado às 13:53

Chegou-lhes

por John Wolf, em 11.03.24

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Os comentadores da praxe podem dar a volta que quiserem à lábia. Estão em choque após a noite eleitoral de ontem. Estão a apanhar os cacos da sua arrogância e das suas certezas absolutas. O Chega é filho de uma família disfuncional. E chegou à idade adulta. Tem como pai o Partido Socialista que passou os últimos oito anos a ignorar as queixas existenciais dos Portugueses. Tem como madrinha os media que tentaram castigar o menino, trancando-o num quarto escuro, sem que tivesse direito a recreio. E ainda insistem em ostracizar aquele que apenas espelhou o estado de alma de um milhão de cidadãos. Ventura realizou o milagre da sua multiplicação, de 1 para 12, e agora para 48 deputados. Não é pouca coisa e já não pode ser encostado a um canto do Parlamento. Gostem ou não, cause-lhes comichão democrática ou não, os outros partidos, incluindo o vencedor númerico da noite de ontem, estão obrigados ao diálogo, à argumentação e à negociação. Se insistirem no cordão sanitário arriscam-se a ver um partido com uma maioria de facto nas próximas eleições, que alguns como o Pedro Nuno Santos anseiam para que sucedam (as eleições!), ainda antes do Natal, para abater de uma vez por todas (pensa ele...) o peru da direita. A Aliança Democrática (AD) atirou tinta ao Chega. Recusa ajuizar com uma força política que nunca antes governou. Mas faz mal. O Chega é um partido teórico, sem cadastro, a partir do qual não se podem extrair certezas sobre o que fará, se ainda não há nada que tenha feito digno desse nome. Se é um governo minoritário que Montenegro deseja validar, deve aproveitar essa vontade para demonstrar que o processo governativo deve estabelecer pontes com aqueles que são considerados infecciosos, anti-democráticos. Se é o Orçamento que Pedro Nuno Santos aguarda para que o governo da AD caia, não passa de uma jogada oportunista, igual a tantas outras a que nos habituaram os socialistas. Não é esse o caminho. Não há volta a dar. O Chega passou de canário na mina a elefante na sala. Agora resta ver se Portugal chegou à idade adulta democrática após 50 anos de crescimento. E com isto tudo esqueci-me de falar do padrinho do Chega — Marcelo Rebelo de Sousa. Mas teremos o aniversário da prima para discorrer sobre o presidente de república democrática portuguesa.

publicado às 19:19

Taça de Portugal das eleições

por John Wolf, em 01.03.24

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Ao contrário do que vai suceder na Taça de Portugal (falo de futebol, obviamente!), as eleições legislativas de 10 de março não sucedem a dois tempos, com eliminatórias. A Aliança Democrática (AD) e o Partido Socialista (PS) assumem-se deste modo como finalistas, mas existe um terceiro jogador que poderá inclinar o terreno de jogo — o Chega. O Chega será uma espécie de árbitro, ou VAR, se quiserem. Os portugueses têm visto e revisto os lances da governação, nos últimos oito anos, e podem deixar a sua paixão clubística de lado neste campeonato por manifesta insatisfação em relação aos resultados. Podem dar alguma razão ao partido da arbitragem. A equipa inicial da Geringonça, com jogadores de outras cores que nunca saltaram do banco, foi substituída para além do tempo regulamentar pela seleção da maioria absoluta, recheada de craques e com grandes planos para a liga dos campeões políticos. Mas as coisas não correram de feição. Os avançados socialistas simularam faltas, mas falharam os penáltis inventados. Os extremos marcaram os cantos, mas a bandeira nem se mexeu. E os centrais do executivo não foram capazes de conter as jogadas de ataque dos rivais da semi-circular do parlamento. Estamos assim a poucos dias do fecho do mercado de incumbências com muitas incógnitas a pairar no boletim de voto. O novo treinador do PS não conseguiu galvanizar a sua massa adepta e gizar o seu esquema táctico. Não sabemos sequer que equipa organizará para dar continuidade a Mr. Costa que saiu do clube do Rato. A AD, uma equipa em construção, sente que chegou o seu momento na segunda volta do campeonato. Mas provavelmente terá de ir buscar o apoio de uma equipa que joga noutra liga ideológica, mesmo que alguns jogadores da divisão de honra possam ser contratados para certas alas.  Aguardemos então pelo apito final. E com ainda maior entusiasmo pelo tempo extra que começa logo no dia 11 de março após a contagem dos pontos...

publicado às 11:58

Jota a Jota: Especial Chega

por Samuel de Paiva Pires, em 10.03.21

A convite de Luis Francisco Sousa, estive à conversa com Riccardo Marchi sobre o Chega e André Ventura para o podcast Jota a Jota. Podem ouvir no formato podcast ou assistir ao vídeo que aqui fica.

publicado às 21:17

Bem-vindos ao teatro do absurdo

por Samuel de Paiva Pires, em 25.01.21

O meu balanço das eleições presidenciais, no Sapo 24:

Salvou-se o bom discurso de Marcelo Rebelo de Sousa, uma espécie de Presidente-Rei do Portugal contemporâneo, numa noite que representa, por diversas razões, um novo capítulo da história democrática. O regime precisa de se modernizar para promover uma maior participação eleitoral e aprofundar a representatividade e tem forçosamente de responder aos problemas económicos e sociais que enfrentamos para evitar a fragmentação social e a polarização política em que o populismo medra. Marcelo demonstrou ter consciência disto mesmo, mas encontra-se perante uma conjuntura de difícil gestão. Tanto a esquerda como a direita democráticas têm de se regenerar e reconfigurar para procurarem reconquistar aqueles que se sentem injustiçados e ignorados pelo sistema. A contagem decrescente já começou.

publicado às 23:38

Temos o que merecemos

por Samuel de Paiva Pires, em 21.01.19

No dia em que se tornam públicas as consequências da gestão ruinosa da CGD, o assunto quase passa despercebido nos telejornais, as televisões noticiosas mantêm a sua programação habitual com os ignóbeis programas de comentário futebolístico, num dos quais até está André Ventura, pelo que é bom ver que um político à beira de formar um partido tem as prioridades bem definidas, e apenas a RTP3 dedica um programa à situação na banca, pasme-se, com Faria de Oliveira, Presidente da Associação Portuguesa de Bancos, em clara operação de contenção de danos. Já dizia Rodrigo da Fonseca que "nascer entre brutos, viver entre brutos e morrer entre brutos é triste”.

publicado às 23:18






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