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O Partido Socialista(PS) decididamente não deseja enfrentar a realidade. Teria sido uma bela oportunidade para fundar uma (nova?) matriz ética no seio do partido. O caso de José Sócrates deveria servir para declarações inequívocas da parte de António Costa. Não se trata de "despoluir" debates políticos, porque o que estão a realizar é outra forma de "saneamento" - o PS está a "despolitizar" o processo. A cada dia que passa o enredo adensa-se. Parece que encontraram mais impressões digitais de Sócrates para os lados de Vale de Lobo, uma das rivieras portuguesas de glamour e dinheiro fresco. Joga com o baralho, é ao estilo novo-rico de Sócrates. Compete à defesa socialista apresentar "versão da história"? O que é isto? A União Soviética onde as histórias são reescritas? O Largo do Rato, à luz das evidências e da matéria que consta em processo (sim, eles sabem), deveria emitir uma nota de perdão, um mea culpa, mas não. Pretendem reabilitar um dos "seus". E José Sócrates faz muito bem em rejeitar a anilha e passar a prisão domiciliária. Cá fora a tentação para mexer uns cordelinhos poderia jogar contra a sua imaculada inocência. Mas existem outras considerações de sustento, cama e roupa-lavada que devem ser tidas em conta. Somos nós contribuintes que pagamos a estadia do ex-primeiro ministro em Évora. Somos nós que iremos financiar uma eventual mudança de residência do autor de teses. E essas contas são políticas. O Partido Socialista terá de realizar um enorme esforço para limpar o que pouco resta da falta de vergonha na cara. Contudo, não faz sentido naquele partido se deixarem levar por precipitações. Em caso de derrota nas legislativas, José Sócrates poderá vir a demonstrar a sua utilidade. Será a desculpa perfeita para resultados menos positivos. O perigo de contágio existe mesmo. A história de Portugal saberá como lidar com José Sócrates. Saberá qual a estante em que deve ser colocado.