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Será que não aprendem? A Caixa Geral de Depósitos (CGD) estragou-se toda com aquelas más companhias. Foram certos indivíduos de moral duvidosa e competências questionáveis que escangalharam aquele prédio. Ao longo de décadas tiveram a lata de colocar banqueiros à frente dos destinos daquela instituição financeira. Foram esses mesmos que arruinaram a jóia da coroa dos depósitos. A dada altura a CGD era conhecida como aquela máquina. Era o banco com depósitos mais avultados da EFTA ou do Mercado Comum (uma destas entidades com um rótulo todo pimpão), mas depois as coisas começaram a patinar. Ora entrava dinheiro fresco, ora saía um financiamento para um projecto comunitário com forte expressão de amizade socialista. Pois é. É esta análise de consciência de valores monetários que não está a ser realizada. Este governo (e os remanescentes) acreditam no poder de uma alma magna. Como se um Domingues ou uma domícilia fossem os deuses da banca pública capazes de agitar uma varinha. Mas eu tenho uma visão radicalmente diversa. Não existe homem ou mulher à face da terra mais kryptonado do que os mercados em si. São algoritmos contemporâneos que ditam falências ou mais-valias. Não são caixas de óculos vindos do passado, armados com MBAs da Católica ou Harvard que vão equilibrar os pratos da balança. O barómetro de que se servem já não cumpre a missão. Esse instrumento não consegue ler os perigos, mas acima de tudo, não integra a variável mais perniciosa de todas - o factor político que não se rege por modelos racionais, mas sim por inclinações afectivas. Cá por mim nomeava um computador-geral para conduzir os destinos da CGD. Existem processadores acima da mediania daqueles que ocupam os crânios de gestores bancários, as tais cabecinhas pensadoras. E esses aparelhos não reclamam. Sabemos o que trazem no miolo. Conhecemos a riqueza dos seus circuitos integrados. E desligam-se sem grandes sobressaltos. Mas não são demitíveis.
António Domingues sente-se ofendido? Hahahahahahahahahahahahahahahahahahahahah! Trump também. Hillary também, mas sobretudo José Sócrates. Minhas senhoras e meus senhores, o que vem a ser isto? Não quis fazer prova de património tido? Fora daqui é a minha resposta. Ou, caso estejamos no oeste americano, get the hell out of here! Esta mania de ocultação de património ou rendimentos tem de acabar. Cá para mim o PS montou-lhe a rasteira por forma a abrir caminho para um outro candidato escolhido a dedo. Não me venham com tretas que não fizeram o due diligence político, patrimonial e fiscal. O Domingues foi carne para canhão. O presidente trimestral foi sacrificado, mas pode orgulhar-se de terem feito uma lei à sua medida. Uma espécie de lei Bosman dos banqueiros. No seu caso atribuir-lhe-ia o cognome de bancário. Mal teve tempo de entrar na sucursal de um novo milénio imaginado pela geringonça. A Catarina Martins fez parte do guião. Como actriz, que diz ser, aproveitou a dança de cadeira de remunerações da CGD para deixar escorrer umas lágrimas de crocodila, mas cravou na lapela do pobre Domingues um pin de aprovação. Ou seja, o falhanço, encenado ou não, é colectivo - é geringonçal. Por outro lado, o facto do senhor com apelido de fim de fim de semana não desejar mostrar a sua caderneta de posses também deve ser levado em conta. Em nome da transparência, e havendo suspeição de ocultação de haveres indevidos e ganhos pouco católicos, o ministério público deveria emitir um mandato de exibicionista para que saibamos todos o que esconde o ex-caixeiro debaixo do sobretudo. Por muito menos fotocópias o filósofo-carisma foi de cana. Haja equilíbrio na gestão desta carteira de certificados de desafogo. Para produtos tóxicos já bastaram o BES e associados. Ser banqueiro, nos dias que correm, não é nada fácil. Adiante. Próximo.