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WebSummit e uns quantos penetras

por John Wolf, em 07.11.17

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É claro que a Uber é um espectáculo, que a Airbnb é de génio ou que a Amazon é uma plataforma avassaladora; "mas são o produto daqueles selvagens capitalistas americanos, e não deveria ser um governo de inspiração marxista a ser o anfitrião desta festa de consagração, do certame chamado WebSummit." - são mais ou menos estas as palavras que foram enunciadas ontem, numa outra plataforma igualmente medíocre, o Facebook, por um feroz crítico da ideologia tecnológica, mas acima de tudo por um anti-americano convicto, um xenófobo selectivo auto-proclamado politicamente correcto e pelos vistos fã do 44 das fotocópias. No entanto, não obstante a sua alegada intelectualidade, embirrou e bateu na porta errada. Se imperasse a racionalidade analítica, poderia questionar algumas dimensões fundamentais da missão das start-ups e fazer malabarismo ou troça de algumas apps. Para quem não tenha entendido do que trata o WebSummit, passarei a explicar de um modo deficitário; trata-se de um mercado: de um lado apresentam-se vendedores de soluções digitais e do outro lado venture capitalists na expectativa de encontrar o tal filão de negócio que conceda ganhos avultados num mercado global que não conhece fronteiras. Entre uma coisa e outra metem-se os políticos, que aproveitando a gala, mandam umas postas de pescada, em inglês de praia ou não, sobre a ética que deve imperar no mundo -  bla bla bla, socialmente e ambientalmente correctos. Ou seja, querem aproveitar a boleia da iniciativa alheia e geralmente fazem figura de urso. Veja-se como António Costa imitou o inglês técnico do outro ou como António Guterres teve de fazer show-off e partilhar que "por acaso também é engenheiro", mas menos bom a matemática. Mas voltando ao início desta dissertação, e ao tal dissidente-residente do Facebook, que é avesso à doença da legionella tech, existe um ângulo que poderia ter sido lançado por si no debate. Por mais soluções tecnológicas que proponham, start-ups e apps que brotem, ainda não temos filosofia digital. Poderemos já ter a expressão limitada de inteligência artificial, mas ainda não existe substituto eficaz para a inteligência emocional. Por mais algoritmos que existam para atender à complexidade de sistemas, seremos sempre meros mortais e artesanais na grande contradição existencial que nos enferma. O nosso estado de alma não é passível de ser domesticado. Devemos temer o fascínio trendy das panaceias. Não existe cura para todos os males. Nem existem soluções óptimas, totais. Dentro de alguém pode estar um ninguém.

 

foto: RTP

publicado às 15:54

Mon ami, Mugabe

por John Wolf, em 21.10.17

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António Guterres é o secretário-geral da Organização das Nações Unidas(ONU). Para todos os efeitos políticos e éticos, também deve ser tido como responsável moral da Organização Mundial de Saúde (OMS), uma vez que esta entidade vive sob os auspícios da ONU. A nomeação de Robert Mugabe como embaixador da boa-vontade da OMS já produziu distintas reacções negativas, mas ainda não escutamos António Guterres proferir uma palavra sequer. Ou seja, varreu para debaixo do tapete este facto em nome do politicamente correcto. Mas já estamos habituados a comportamentos semelhantes de camaradas seus. Quando a música desafina, assobiam para o lado.

publicado às 14:16

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Em dia de denúncia dos Acordos de Paris por Donald Trump faço um compasso de espera e atiro noutra direcção. No âmbito da cimeira da NATO, Trump puxou as orelhas aos parceiros europeus e reclamou que estes deveriam aumentar a sua parada monetária na organização de defesa. Os membros da Aliança Atlântica deveriam pagar mais, pelo menos 2% dos respectivos Produto Interno Bruto (PIB). Torna-se curioso, e não menos relevante, que Portugal, sob a batuta de um governo de Esquerda, tenha de facto incrementado a sua prestação à NATO de 1.32% para 1.38% do PIB. No entanto, não me recordo do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista Português terem batido o pé. Gostava de saber qual foi o preço do seu silêncio. Os socialistas devem ter negociado um arranjo qualquer nos bastidores. Não sei qual foi a moeda de troca, mas houve mais recursos atribuídos à NATO desde que a Geringonça abarbatou o poder. Por outras palavras, Portugal já vinha alinhado com o pensamento geo-estratégico e financeiro de Trump. Guterres, nas últimas 24 horas, já foi particularmente vocal em relação aos vazios de poder que decorrem da denúncia de acordos respeitantes ao clima, mas neste jogo de correlações das diversas dimensões de projecção de poder, talvez ainda não tenha percebido que os Acordos de Paris serão uma mera divisa para exercer pressão noutros palcos. Para cada ponto verde comprado por corporações para calar detractores quantas vidas efectivamente se perdem? No tabuleiro de Realpolitik não existem deuses e demónios, bons e maus, de um modo linear. Talvez o agitar dos fundamentos dos Acordos de Paris sirva para rever as suas premissas e o seu caderno de encargos. Veremos como a Europa, tolhida por crises internas e dúvidas existenciais, consegue ou não esboçar um plano B. Talvez Merkel tenha razão. Os EUA já não fazem parte da equação de favas contadas, já não são best friends forever. E há mais. De cada vez que o governo de António Costa glorifica o magnífico crescimento económico, está de facto a aumentar o financiamento de Portugal à NATO. Ou seja, são os turistas que estão a tornar Portugal um país militarista. São eles que estão a aumentar as receitas, e consequentemente o PIB. Pois é.

publicado às 16:12

O voto refugiado no socialismo

por John Wolf, em 16.09.15

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António Guterres não tem conta de Facebook. Se o Alto-Comissário para os Refugiados das Nações Unidas (UNHCR) tivesse perfil e mural percebia logo que o homem-comum, o cidadão-tipo de Portugal, não está nada contente com a possibilidade da vinda de contingentes de refugiados. Bastar-lhe-ia falar com um taxista para chegar a essa conclusão: "eles que fiquem lá na terra deles". Se falasse com um condutor-uber, talvez o caso mudasse de figura, mas não é isso o mais importante. O que convém sublinhar é o alinhamento de Guterres com o camarada António Costa, que referiu que o problema demográfico de Portugal seria resolvido com a chegada de migrantes. Até pode ter alguma razão, mas o que me chateia mesmo é Guterres servir-se do seu cargo para dar um empurrão à campanha de Costa. As suas palavras, subtilmente oferecidas, enaltecendo a sociedade civil de Portugal, passam por outra portagem. Inscrevem-se na fórmula oportunista de Costa, que antes da crise de refugiados tomar estas proporções, nunca havia tido uma ideia pan-europeia, uma sugestão que fosse sobre o futuro da relação de Portugal com um continente em profunda alteração. Um candidato a primeiro-ministro deve ter capacidade para pensar além dos ganhos e proveitos da mão-de-obra barata que as empresas de construção civil anseiam por ter. Em suma, os refugiados, que não são tidos nem achados, já servem de arma de arremesso na campanha dos socialistas. Eles nem sonham com a utilização abusiva da sua condição e não irão eleger Costa ou quem quer que seja.

publicado às 09:25

Guterres dá alento a refugiado

por John Wolf, em 13.09.15

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Poucas frases bastam. Estamos a braços com a maior crise de refugiados desde a segunda Grande Guerra, e o Alto-Comissário para os Refugiados das Nações Unidas António Guterres visita José Sócrates em vez de estar presente nos diversos teatros de operações. Prefere visitar um bandido do que cumprir o seu dever. Belo exemplo que oferece ao mundo. Muito prestigiante para Portugal. Tenho dito.

publicado às 20:39

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Na política abundam macacos de imitação. Um camarada teve uma ideia genial há 50 anos e de repente aparece outro que a apresenta como se tivesse descoberto a pólvora. Até parece uma sina portuguesa. À falta de melhores ideias de governação, lá vão buscar ao sotão o raio da Regionalização que, apesar do entusiasmo e da verborreia, nunca chega a parte alguma. Mas convenhamos; o tema serve para encher chouriços, serve para acenar a cenoura de liberdade e autonomia à frente do chanfro de autarcas com aspirações a maiores voos. E nada acontece - não conseguimos e tal, tentamos em vão. Portugal sofre ciclicamente deste estado político psicótico; os actores têm um vaipe e metem a cassette para ver se pega - não pega. Contudo, não nos quedemos por aqui. Há mais. Assim que a pen das presidenciais é inserida na máquina, nascem logo uma série de candidatos nos principais partidos de Portugal. O Partido Socialista tem sempre à mão 3 ou 4 macróbios da terra (cito Eça...). O Partido Social Democrata também tem um punhado deles (peço perdão, deveria ser ao contrário - o punho é socialista). Pelo menos com Garcia Pereira sabemos com o que contamos: é um e apenas um - não há apostas múltiplas. E é aqui que vou buscar o saudoso António José Seguro que pode dar (ou já deu) o seu contributo a Portugal. O homem vai obrigar a mais macaquices de imitação. Pelo andar da procissão prevejo primárias presidenciais dentro dos partidos. Estou particularmente interessado no duelo entre os Antónios: o Vitorino e o Guterres (têm mais ou menos a mesma altura do chefe da casa civil do presidente, Nunes Liberato). Enquanto isso possa vira a decorrer, na casa dos segredos laranja, Santana Lopes e Marcelo parecem ser os pré-convocados para o frente a frente. A ver vamos. Agora a ideia de primárias presidenciais partidárias não seria mal metida, não senhor. Com tanto simpatizante que por aí anda, Portugal apenas pode sair vencedor. Afinal todos estes candidatos já deram provas do seu valor.

publicado às 08:17

António Costa & lusas ridicularias… na Ásia

por Nuno Castelo-Branco, em 20.07.14

1. ...acha que seria um privilégio termos Guterres como presidente. Pois muitos acham que seria uma benção deixarmos de ter presidente, fosse ele quem fosse. Benção esta tão benfazeja como Costa - e o seu acólito Salgado/primo - definitivamente deixar a Câmara Municipal de Lisboa. 

 

2.  Este regime  é ridículo. Pela primeira vez está um presidente português na Coreia do Sul. Há que repetir, pela primeira vez. Se tivermos o ano de 1976 como ponto de partida, comparem os especialistas o percurso da Coreia do Sul e de Portugal. Vejam o que era aquele país naquele ano e o que é hoje. Depois, sigam o caminho de Portugal e tirem as devidas conclusões. 

 

3. O ridículo não mata, mas moi. Pela primeira vez está no Ceilão um chefe do governo português. Aquele país é um dos mais fortes símbolos da presença portuguesa no mundo que desvelámos à Europa. Completamente ignorado pelas nossas elites, a antiga Taprobana representou algumas das mais inacreditáveis e gloriosoas páginas da nossa história. Mesmo que nos limitemos à queda de Colombo, este episódio é por si demonstrativo daquilo que há muito já não somos. 

publicado às 17:00

Estou a ouvir o imbecil do Guterres em directo na BBC, na qualidade de Alto Comissário da UNHCR em relação aos aumento do número de refugiados, a dizer que a solução para o problema é criar uma nova ordem mundial. Alteração dos limites de poder dos estados face à falência do modelo de organização mundial que surgiu após a Segunda Guerra mundial, e reforço da autoridade de um poder central a nível global. Depois digam que estas guerras de merda não servem a ninguém, e que as Nações Unidas não têm responsabilidades na manutenção deste estado de conflito perpétuo em África e no Médio Oriente.

publicado às 13:13

A dança de cadeiras da RTP

por John Wolf, em 28.12.13

Vamos ver se a demissão de Paulo Ferreira da direcção de informação da RTP, e a sua substituição por José Manuel Portugal (que tem um apelido que vem mesmo a calhar para o país), servirá para arrastar para o olho da rua o comentador José Sócrates. De um modo geral, este género de dança de cadeiras acontece de acordo com uma certa orientação política - um guião pré-determinado. Habitualmente, os que saem, invocam razões pessoais para explicar a partida, e os que chegam, vêm com o gás todo, felizes e contentes pela promoção - o bónus de fim de ano. Consigo imaginar o recém-nomeado-director José Manuel Portugal (que vem dos serviços internacionais) a contratar Guterres para vir dar à manivela num programa de informação, feito à la carte para o funcionário das Nações Unidas, que ainda há dias foi figura de proa de alguns jornais britânicos, alegadamente por ingerência em assuntos internos daquele país. A máxima - ano novo, grelha nova - não tardará a ser posta ao serviço de um novo alinhamento televisivo - é esperar para ver. Só não entendo a justificação do demissionário; "a defesa dos interesses da RTP". Ora isso não faz sentido algum, porque não sei se a vinda de Sócrates ajudou ou não as audiências da estação de televisão. E é neste tipo de afirmações que reside uma parte da contradição. A compatibilidade entre jornalismo e audiências, o acordo entre servir o país e a agenda de uma empresa pública intensamente deficitária e que ainda não foi sujeita ao escrutínio de uma auditoria como manda a lei. Há demasiado tempo que a RTP tem sido tratada como uma vaca sagrada, a deambular por aí, a entrar porta dentro, pela casa dos portugueses -  a qualquer hora e sem a qualidade que se exige de uma estação pública.

publicado às 20:09

publicado às 07:00






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