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Não existe uma época em particular para falências éticas. A sazonalidade da mediocridade é coisa que não existe. Deve ter sido o efeito de estufa, o ozono, ou coisa que o valha a causar este estado de arte. Mas aqui a coisa está nivelada. O grau de toxicidade é equivalente. Estão ambos na mesma latitude - nos trópicos de Câncio. E chove. Saraiva, dizem uns. Granizo, dirão outros. A Fernanda não soube aproveitar a deixa erótica para se declamar como emancipada sexualmente. Ao fim e ao cabo, parecem todos padecer da mesma falta - falta de. Essa "falta de" é um perigo. Escorre e contamina as indústrias livres. Coloca a canzoada a latir em torno do mesmo canil de ofensas de partes baixas. E a fotográfia é uma disciplina maior. Não se pode admitir esta forma de auto-flagelo, estas sevícias no pudor útil. O corpo é essa maldita caixa de ressonância que vibra - qual fogo que queima sem se ver. O amor não abunda nos dias de hoje. Eu e os políticos. Belo título.
Palavras de António José Saraiva, um amigo do meu pai e habitual visita lá em casa:
”Os militares portugueses, sem nenhum motivo para isso, fugiram como pardais, largando armas e calçado, abandonando os portugueses e africanos que confiavam neles. Foi a maior vergonha de que há memória desde Alcácer Quibir. Pelo que agora se conhece, este comportamento inesquecível e inqualificável deve-se a duas causas. Uma foi que o PCP, infiltrado no exército, não estava interessado num acordo nem numa retirada em ordem, mas num colapso imediato que fizesse cair esta parte de África na zona soviética.
O essencial era não dar tempo de resposta às potências ocidentais. De facto, o que aconteceu nas antigas colónias portuguesas insere-se na estratégia africana da URSS, como os acontecimentos subsequentes vieram mostrar. Outra causa foi a desintegração da hierarquia militar a que a insurreição dos capitães deu início e que o MFA explorou ao máximo, quer por cálculo partidário, quer por demagogia, para recrutar adeptos no interior das Forças Armadas. Era natural que os capitães quisessem voltar depressa para casa. Os agentes do MFA exploraram e deram cobertura ideológica a esse instinto das tropas, justificaram honrosamente a cobardia que se lhe seguiu. Um bando de lebres espantadas recebeu o nome respeitável de «revolucionários»."
Nada mais há a acrescentar.
para ler umas páginas mais das « Crónicas» de António José Saraiva ( quando não estou a ler ficção, vou lendo vários livros ao mesmo tempo ) e paro no excerto em que se refere à importância de interiorizarmos o conceito de Pátria: " O mundo é feito de diferenças, de coisas diferentes e definidas. Ora nós, se queremos ser alguma coisa, temos de ser portugueses. Temos de ter a Pátria portuguesa".
Uma coisa que anda muito esquecida.
das «Crónicas» de António José Saraiva, interrompida há tempos, e detenho-me no trecho: " Nunca se viu uma crise económica gerar uma crise moral ou espiritual. O contrário é que é verdadeiro. É sempre a falta de " tónus" moral, a falta de espírito de iniciativa, a falta de confiança em si próprio, a falta de entusiasmo que geram o fracasso(...). Na nossa história, aliás, temos o exemplo disto. Nunca a situação económica de Portugal foi tão catastrófica como na época de D. João I. O País estava em guerra de sobrevivência: os fidalgos que possuíam parte da riqueza tinham emigrado em grande número para Castela; o comércio estava interrompido pela guerra. Todavia, nessa época manifestou-se um Fernão Lopes, construiu-se o mosteiro da Batalha, ganhavam-se duas das batalhas mais importantes da nossa história, Aljubarrota e Ceuta, existiu a Corte mais culta que houve em Portugal.
Se a teoria da " crise económica que gera a crise moral" fosse verdadeira, Portugal não seria independente desde o século XIV".
E interrogo-me: nesta nossa época, em que estamos a passar uma crise económica, seremos nós capazes de emular os nossos avós, "passando ainda além da Taprobana", teremos nós o valor suficiente, seremos merecedores do seu testemunho, ou a crise moral , que já vai grassando, levará a melhor?