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escreve, pensativo. De quando em quando olha o rio, tristemente.
Eis que surge por detrás um bando de estudantes, em barulhenta cavaqueira.
- Mais uma vez a cabra da torre tocou, e o senhor António Nobre refugia-se entre os seus papéis; que escreves?
- " O livro mais triste que há em Portugal " ...
Um dos que chegavam agora, arranca de supetão o papel onde António acabara de escrever, e declama, com gestos largos
" Quando cheguei aqui, Santo Deus! Como eu vinha
Nem mesmo sei dizer que doença era a minha,
Porque eram todas, eu sei lá!Desde o ódio ao tédio,
Moléstias d'alma para as quais não há remédio "
- Só teu, poeta da nostalgia e do sentimento...; se queres remédio para os teus males de coração, anda connosco ver as tricanas!
Que não. Tinha de acabar o que começara, pedia-lho esse sentir de que os colegas escarneciam.
Os estudantes abalaram, a rir, e António, de novo só, pôde escrever o que a alma lhe ditava...