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O que escrevo integrar-se-á também na categoria do efémero. Assistimos a um processo de extraordinarização do banal, mas com uma nuance curiosa. Não são os outros que convertem a entidades sagradas os afazeres de uns e de outros - são os próprios. Assistimos, num curto espaço de tempo, ao processo de transformação do quotidiano em sublime, como se houvesse valor acrescido na self-distinção, na auto-atribuição de um papel de relevo na transformação das nossas sociedades - como se a secretária de Estado fosse a guru dos oprimidos do género. Se a Graça Fonseca continuasse com a sua vidinha teria sido melhor. Todos somos discriminados e maltratados, por uma ou outra razão. Uns por serem baixos e gordos, outros por não fazerem parte do sistema de trânsito partidário e outros por serem lésbicas. Embora a secretária de Estado julgue que serve uma causa incontornável, acaba por praticar uma espécie de engenharia social de algibeira. E há mais. Aproveita o cargo, a visibilidade e o amiguismo da Câncio para definir, em nome de uma imensa comunidade de desconhecidos, a defesa de uma categoria identitária que não a reconhece como sendo lider. Se nada fizesse e continuasse a secretariar, a coisa seria normal e levava o seu caminho. No entanto, coloca-se outra possibilidade. Será que foi humilhada ou gozada por colegas de geringonça? Esta tese não me parece assim tão rebuscada. De outro modo, o salto que faz da cartola apenas cria ruído em relação a um não tema. Pelos vistos não tem a maturidade suficiente para se aceitar e continuar a ser quem é. E há mais. Será que pôs em risco a condição estável de muitos que se acomodaram ao armário? Por que razão tem de ser assim? Volto à tese inicial. Se foi assediada por algum membro ou membra do governo deve apresentar queixa à APAV. E pelos vistos Marcelo também anda a inventar passes de magia. O que é isto? Nada.