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Para além da crise económica e social que assola Portugal, agora temos de lidar com a intensa crise de cartazes da campanha eleitoral do Partido Socialista (PS). Lá para os lados do Largo do Rato existe mesmo um défice de soluções. É caso para dizer: "até eu faria melhor", e, na senda dessa ideia, talvez não fosse mal pensado os alegados profissionais de comunicação e marketing políticos instalarem ardósias, para que cada cidadão pudesse inventar o seu chavão de agravo, partilhar a sua consternação, chamar nomes aos que estão no governo, e com um mata-borrão apagar a memória de outros mandatos que tiveram desfecho em Évora. Isso sim seria a plena expressão de democracia participativa. Iria mais longe até. O cartaz e slogan mais criativos teriam direito a prémio de consternação: um lugar na lista eleitoral ou um posição numa empresa pública. O giz poderia ser distribuído gratuitamente com o patrocínio de um grupo económico qualquer ou uma ex-instituição financeira da praça. Acho muito bem que os discípulos de Seguro exerçam pressão sobre o chefe socialista. Afinal mandaram o Seguro às urtigas, mas não me recordo de algo tão sórdido quanto isto no reinado do Tozé. Contudo, existe uma outra possibilidade. O responsável pela comunicação política do PS ser um agente-duplo, uma toupeira plantada na estrutura partidária para arruinar os planos de Costa e companhia. Tudo é possível na política, não se esqueçam disso. Embora estejamos de vento em popa na silly season, o que vemos escrito em tamanho garrafal nesses cartazes infames, tem mais a ver com silly reasons. Ou seja, veneno destilado e cuspido da boca para fora, sem que houvesse um tempero de reflexão, a análise profunda que os slogans políticos exigem ainda antes de serem rejeitados. No PS sente-se essa vontade de partir a loiça toda, mas falta a tranquilidade e o bom-senso para pensar além-dor, para além do rigor de um inverno que foi imposto a Portugal, mas que não caiu de pára-quedas, assim sem mais nem menos.