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António Costa empossou os Media. Os meios de comunicação social são agora membros oficiais do governo. E falharam - não preveniram a prevenção - nem avisaram que os incêndios estavam ao virar da esquina. Sérgio Figueiredo da TVI aproveitou a deixa para escrever mais umas frases do guião da ficção nacional. Aquela estação, segundo o próprio, não se retrata nas palavras do primeiro-ministro. A TVI fez todas as campanhas de redenção que pôde - como se não pertencesse à grande casa ibérica socialista dos media. Mas já que estamos numa de verdade e consequência, e depois de avistar o Mário Nogueira, o Arménio Carlos e a coqueluxo Ana Avoila, diria que estamos em franca época de greves. Ou seja, não há nada a reportar, muito menos a prevenir. A função pública está na rua em protesto porque está intensamente satisfeita com as promessas governativas do seu governo de Esquerda. Da minha parte, e no que toca a bloguismos e silogismos, avisarei a tempo e horas a população das trapalhices e falcatruas do governo. Essas são fáceis de estimar. Se eu fosse medium ou vidente, propunha uma greve dos Media, para ver como o governo deixaria de funcionar.
Se a CGTP pertence à Direita, a quem pertence a UGT? Ainda nem sequer pusemos a pata na poça do Parlamento e já se fazem sentir as fracturas. Os acordos impostos pelo PS ao BE e ao PCP parece que foram firmados à margem de quem mais interessa: os trabalhadores de Portugal. E acrescentemos a esta salganhada genérica o seguinte: cada um dos partidos do espectro político nacional mantém relações de acomodação dos interesses de cada um dos sindicatos da paisagem laboral nacional. É essa a natureza intrínseca da acção política. Imagem o fogo-cruzado de interesses não coincidentes? A promoção de legislação (que balance os interesses das classes laborais com os objectivos das entidades patronais) é a consequência natural de eventuais entendimentos pré-governativos. Ora para ganhar os favores dos partidos de Esquerda, e chegar a primeiro-ministro, António Costa deve ter prometido mais do que podia. E a isso chama-se mentir. O mais provável que aconteça será passar a batata quente aos sindicatos, afirmando que estes subiram a parada das suas demandas. O ministro da economia Caldeira Cabral também entra em rota de contradição com a noção fácil de aumentos salariais. Para lançar investimento em Portugal e atrair fundos estrangeiros de vulto, um dos principais atractivos será a manutenção do actual nível salarial. E isso não bate certo com as fantasias socialistas porque a isso acresce uma outra dimensão contributiva importante. Se Costa pretende tributar ainda mais intensamente as empresas "capitalistas e exploradoras" estará efectivamente a dar guia de marcha às mesmas. Eu sei que existem ex-lideres socialistas com experiência em offshores, mas eu proponho algo diverso. A desertificação do interior, que tem sido usada vezes sem conta como bandeira de combate político dos socialistas, pode novamente ser convocada, mas noutros moldes. Sugiro a criação de onshores - regiões de exclusão fiscal para investidores de peso. Desse modo, a deslocalização seria evitada. Não é apenas Galamba que baralha as disciplinas de sociologia e economia. Há outros que andam um pouco perdidos. Para já ficamos a saber que a NATO foi fundada em 1959 por Portugal e pela Turquia.
Não domino a língua arménia, mas farei o meu melhor para traduzir a mensagem; " a CGTP sai à rua para exigir a derrota da política da Direita". O que Arménio Carlos quer dizer, como se não tivesse sido empossado um governo de Esquerda, é para os ouvidos do camarada António Costa. Por outras palavras: não é líquido que a coligação PS-PCP-BE defenda os interesses dos portugueses nos moldes desejados pela inter-sindical. E Arménio Carlos tem razões para estar desconfiado. O governo, de alegada inspiração socialista, está obrigado a continuar as medidas de Austeridade herdadas do governo anterior, ou, na melhor das hipóteses, afastar as contribuições fiscais mais visíveis e substituí-las por outras mais "silenciosas", mas igualmente penosas. Se Arménio Carlos nem sequer deu 48 horas ao governo de António Costa para que as suas reivindicações fossem acolhidas, significa que o representante de grande parte dos trabalhadores portugueses pensa que pode ter sido enganado. Em suma, o facto de haver um governo socialista ao leme dos destinos de Portugal, não implica necessariamente que haja um corte com as fórmulas do executivo anterior. Eu já sabia isto, mas não sou o único. Pelos vistos aqueles que mais sofrem na pele também o sabem. António Costa fica avisado. A oposição que vai conhecer, não reside apenas no Parlamento. É cá fora, na rua, que elas contam.
Arménio Carlos quer os utentes do Metro de Lisboa a apoiar a greve dos trabalhadores daquele que é um dos principais meios de transporte para milhares de pessoas que vivem e/ou trabalham em Lisboa. Uma greve que, diz o líder da CGTP, é em defesa do serviço público, para logo de seguida falar na falta de aumentos salariais e nos cortes que os trabalhadores do Metro sofreram nos complementos de reforma, como se a esmagadora maioria das pessoas não estivesse a ser afectada pela crise, em muitos casos de forma bem mais gravosa.
É caso para perguntar a Arménio Carlos se ser sindicalista implica ser estúpido. Será que ainda não percebeu que não vão obter o apoio de quaisquer utentes, que estes anseiam precisamente pela privatização do Metro e que quanto mais greves ocorrerem mais se reforça a legitimidade e a necessidade de acelerar o processo de privatização?
Esta é uma luta que os sindicalistas habituados a tornar a sociedade refém das suas reivindicações - egoístas e despropositadas na conjuntura em que vivemos - vão perder, mais cedo ou mais tarde. Felizmente.
São estas contradições que me lixam o juízo: Interjovem/CGTP-IN marcha em direcção à Assembleia da República sob o mote "Queremos Abril e Maio de novo" com o objectivo de assinalar o Dia Nacional da Juventude e para demonstrar o seu descontentamento com as políticas do governo. Logo a seguir, e na mesma peça de jornal, segue o depoimento de um jovem de 60 anos de idade: "Tenho 60 anos e nunca vi o País assim. Tenho vergonha do que se está a fazer a esta juventude", conta José Costa. Aproveito a propaganda que saiu do armário do Arménio Carlos para perguntar qual a definição de jovem? Que idade pode ter um jovem? 23, 50 ou 69 anos? E já agora qual o âmbito ideológico do Dia Nacional da Juventude? Por acaso pertence à CGTP? Podemos ler, preto no branco, a resposta em relação a essa e outras perguntas. O grupo, composto por jovens ligados ao sindicato liderado por Arménio Carlos, considera que é “crucial tomar nas mãos o destino do País” e, por isso, vêm de todo o país exigir uma mudança de rumo nas políticas do governo. Lutam pelo fim do desemprego, da precariedade, da “imigração forçada” e do encerramento de serviços públicos". Mas vamos lá por partes. Eu não discordo com a luta. Discordo, e muito, com a apropriação de um conceito muito mais alargado, como o Dia Nacional da Juventude, para fins políticos. A quem pertence o Dia Nacional da Juventude? São este tipo de nuance de doutrinação que devem merecer a nossa atenção independentemente do campo ideológico em que nos encontramos. Pelos vistos a CGTP não olha a meios para atingir os fins. A sociedade portuguesa começa a perceber que a solução para a catástrofe nacional já não passa pelos partidos políticos e sindicatos no seu sentido clássico, comprovadamente falidos pelas evidências que sobejam. A Ana Avó(ila) bem que pode aparecer para dar apoio psicológico aos jovens, mas em última instância, há duas notas a reter. Primeiro, os jovens deste país parecem não ser capazes de se organizar sem a ajudinha de uns padrinhos ideológicos e, em segundo lugar, os "velhos" sindicalistas ainda não perceberam que têm de se reinventar para acompanhar os tempos que correm, os códigos e a nova linguagem que declaradamente não entendem.
Mais uma asneira. Parem de participar no jogo deste fulano e façam a vontadinha ao sr. Arménio, deixando-o gritar à vontade e atravessar a ponte com quem e como bem entender. Sempre com os olhos à cata do passado nas margens do Neva e à falta de um cruzador que a Armada já não tem há muito - os últimos foram construídos pela Monarquia -, a ponte serve como instrumento. A mando do seu partido, o homem quer encontrar motivos para acusar de prepotência quem manda e é precisamente essa a vontade que o governo lhe está a conceder. Mais uma estupidez a lembrar os tempos em que o azedo sr. Cavaco era 1º ministro. Mas esta gente sofre de amnésia? Incrível, para não dizer pior.
Não interfiram, ignorem o assunto e limitem-se a responsabilizar a Intersindical - e o seu tutor - por qualquer desastre ou bambúrrio que possa ocorrer. Retirem-se desta cena, evitando acusações por parte de gente que se exercesse o poder, nem sequer ao BE permitiria a existência. Quem longamente penará à espera de conseguir regressar a casa após um dia de trabalho, decerto reservará ao sr. Arménio uns mimos em bom português.
Arménio Carlos equipara uma manifestação da CGTP às maratonas que têm ocorrido na ponte 25 de Abril. Diz o dirigente sindicalista/comunista que se as pessoas podem correr ponte fora, também se podem manifestar no mesmo sítio.
Ao mesmo tempo, o movimento "Que se lixe a troika", claramente ''apartidário'' e ''independente'', veio manifestar a sua solidariedade e apoio à decisão de rejeitar os três pareceres que justificam o perigo para a segurança dos manifestantes.
"É uma decisão política" diz Arménio Carlos.
Não é. E Arménio Carlos faz birra. É uma ponte. Uma ponte com manifestantes difere de uma maratona. São óbvias as diferenças. A aglomeração de pessoas, o nível de agressividade num evento e noutro, o propósito da acção. Gostava que um jornalista perguntasse ao dirigente se ele se responsabilizaria se alguém caísse da ponte. Ou tivesse um ataque cardíaco e a ambulância não conseguisse chegar a tempo. Ou houvesse actos de violência na ponte e a manifestação ganhasse contornos negros.
A culpa seria, como é óbvio, do governo. As pessoas caíram da ponte por causa dos cortes nas pensões. A ambulância não chegou a tempo porque os subsidios também não.
Arménio Carlos - e a própria CGTP - só têm a perder com este tipo de atitude política por uma razão: está ao nível de uma birra de um miúdo de 10 anos. Portugal passa por uma altura onde a oposição ao poder vigente só tem a ganhar. Muitas vezes basta não estragarem o estrago que os outros fizeram. Mas Passos Coelho e Cia. agradecem. Com oposição assim, com a defesa dos trabalhadores assim, mais vale entregar o ordenado e reforma ao Estado. Ao menos não nos fazem passar uma ponte.
Por alguma razão entranhada na psique sindicalista, a ponte 25 de Abril continua a ser o símbolo de excelência de libertação da opressão política. Arménio Carlos, ao insistir na antiga ponte Salazar como local de protesto, acaba por revelar alguns defeitos de liderança e falta de juízo e, demonstra que não tem problemas de consciência ao colocar em perigo dezenas de milhar de manifestantes, se de facto a marcha sobre a ponte acontecer. Miguel Macedo apresentou alternativas ao percurso da manifestação da CGTP, mas não sabemos quais são. Por isso vamos especular. Será que o túnel do Marão (que ainda se encontra em construção) está na lista de locais aprazíveis para a prática da arte do protesto? E que tal um dos estádios do Euro? O do Algarve, por exemplo, que está às moscas quase todos os dias do ano. Até poderiam cobrar um valor simbólico pelo ingresso - uma taxa moderadora dos ânimos exaltados. Na minha opinião, embora a ponte em questão seja uma bridge over troubled waters nacionais, existem outros locais que poderiam servir para remeter uma mensagem forte ao destinatário. Ao pretenderem caminhar sobre a estrutura metálica em regime de meia-Maradona com as mãos de Deus ao alto e a abanar, acabarão por fazer publicidade ao sistema capitalista do inimigo. A Golden Gate de Lisboa foi construída em 1966 pela gigante multinacional norte-americana - a United States Steel Corporation - essa sim um símbolo de poder económico, político e social - capaz de fazer cair governos e uniões sindicais. Ou seja, em nome dos direitos, liberdades e garantias do trabalhador nacional, vai-se à boleia na camioneta do inimigo. Embora rebuscada, esta interpretação também pode ser trazida ao lume da discussão. Preferia que uma obra nacional, um espaço público português fosse o local eleito. E o Estádio Nacional, que já esteve associado a outros discursos, não pode ser aproveitado para o efeito? E uma das muitas auto-estradas a caminho de nenhures? Talvez houvesse aqui uma oportunidade para dar sentido aos milhões de euros dos contribuintes gastos em vão. A insistência da CGTP confirma que a inter-sindical ainda não se actualizou. As pontes já não são o que foram. Arménio Carlos quer usar a mesma cassette de sempre, o mesmo encadeado melódico de mensagens que não altera as regras do jogo. O protesto sobre a ponte faz lembrar outras feijoadas - muito gás e poucos resultados práticos.
O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, escolheu o momento mais pedagógico, rodeado de professores, para demonstrar inequivocamente que é um racista. Não há absolutamente nada que possa fazer para redimir-se. Ficou registado e não se apaga. O dirigente sindical ofende e insulta muitos homens e mulheres, mas não atinge o rei-mago do FMI com argumentos baseados na inteligência, na ética ou no próprio tom de pele. Este senhor está bastantes níveis acima do Carlos. O Carlos não dispõe de argumentos para se esgrimir de um modo honrado, por isso serviu-se de um rasgo gutural sincero. Revelou através da raiva, a sua verdadeira natureza extremista, fascista, muito mais danosa que as esquerdas ou direitas todas juntas. O Arménio Carlos, ao expressar-se de um modo intencionalmente racista, inclui nessa discriminação os trabalhadores Portugueses de origem Africana, sejam Cabo-Verdianos, Angolanos, Moçambicanos ou os de origem Indiana como os Goeses. Todos eles agraciados com uma tez própria, mas com os mesmos direitos laborais. O Arménio Carlos declara-se profundamente antagonista da história de Portugal que integrou tantos credos e tons de pele. Ao servir-se do qualificativo "mais escurinho " está a referir-se, sem o desejar (ou não), a mais gente que também tem responsabilidades na representação de princípios e valores. Ora vejamos; o Presidente da Câmara de Lisboa António Costa, o deputado Narana Coissoró ou a mulher do Primeiro Ministro também caem na "categoria" de mais escuros. O sindicalista julga que beneficia de um estatuto de imunidade racial, como se fosse intocável por ser líder daqueles que, por trabalharem, têm o direito de cometer os atropelos que entenderem. Contudo, há uma ilação a extrair desta barbaridade preconceituosa do Arménio Carlos. Se pensarmos sobre a relação entre a questão racial e o poder político, estranhamos que no Parlamento ou no Executivo não se vislumbrem outras cores, para além do Rosa, Laranja ou Azul. O mesmo ocorre na oposição que nunca chegou ao poder, que está parada no Vermelho, no semáforo da separação ideológica. O proferido por Arménio Carlos merece a maior condenação possível, independentemente do conceito de politicamente correcto que se venha a adoptar. Um homem com esta inclinação não merece chefiar a luta contra a escravatura imposta pela Troika. Podem ter a certeza que a Troika é daltónica. Para além de surda e muda, também é cega.
A respeito do "caso" Arménio Carlos, registo a hipocrisia da esquerda que por esta hora já teria feito cair o Carmo e a Trindade se fosse alguém de direita a proferir o que o sindicalista proferiu, e o cinismo da direita que em privado provavelmente até pensa o que o sindicalista disse mas não tem a coragem de o dizer publicamente - ainda que o pudesse dizer de uma forma mais polida, claro. Pelo meio, registo ainda que se isto fosse em Inglaterra, por esta altura a direita já teria visto satisfeitos os seus desejos redentores - Arménio já teria pago uma multa, após ter sido preso - porquanto o multiculturalismo neo-marxista papagueia a tolerância apenas enquanto forma de doublethinking, visto que, na verdade, é uma forma de intolerância, pelo que, posto isto, ainda bem que vivemos em Portugal, onde o politicamente incorrecto, os inconvenientes e os disparates ainda não dão prisão. Por agora.
Vejo por aí uma indignação desmedida com as declarações de Arménio Carlos. Pelos vistos, o sindicalista-mor apodou Selassie de "rei mago escurinho". E agora pergunto eu: qual é a razão para tanto agastamento? Não me digam que a direita opinativa rendeu-se às virtudes do politicamente correcto? Quanto às afirmações propriamente ditas, o que me apraz dizer é que Arménio Carlos não é uma pessoa particularmente polida. A educação ou se tem, ou não se tem. Tão simples como a lógica da batata de Manuel Machado.
Alberto Gonçalves, A greve deles:
«O pior da greve geral? Por incrível que pareça, não foi a própria greve, pensada para recuperar a economia e o emprego através da destruição abreviada da economia e do emprego. Durante o PREC, Arménio Carlos, vestígio arqueológico que constitui o novo rosto da Intersindical, combateria as paralisações e apelaria aos dias de trabalho em prol da Nação. Sem uma ditadura que o motive ou sombra de juízo, o sr. Carlos luta pelos propósitos inversos sob argumentos idênticos.
E não, o pior da greve geral não foram os "piquetes", embora a respectiva contemplação (pelo televisor, salvo seja) me provoque uma reacção semelhante à dos programas do National Geographic sobre animais bizarros. Como classificar criaturas que não só abdicam do direito ao trabalho em circunstâncias socialmente difíceis e individualmente frágeis, mas vão ao ponto de usar uma opção que tomaram em liberdade para limitar a liberdade dos restantes e, a bem ou a mal, impedi-los de trabalhar? Os integrantes dos "piquetes" de greve não são apenas um insulto ou um assalto explícito aos cidadãos que pretendem cumprir o seu dever e que, graças à intervenção de milícias, não o conseguem: são um insulto e um assalto à democracia.
O pior da greve geral também não foi a quadrilha autodesignada 15, 17 ou 23 de Outubro, ainda que, ao invés dos sindicatos que usurpam a representação de uns poucos para tentar prejudicar a maioria, a quadrilha não represente ninguém. O trabalho da CGTP é a política: a política do Não Sei Quantos de Outubro não apresenta qualquer nexo com o trabalho. Na impossibilidade técnica de fazerem greve ao que nunca possuíram ou desejaram, os sócios do Não Sei Quantos de Outubro fazem asneiras. Os dias de protesto são os únicos em que semelhante rapaziada pratica alguma tarefa aparentada com o esforço, se por esforço entendermos o lançamento de pedregulhos e o ataque a propriedade alheia.
Por fim, o pior da greve geral nem sequer foram as forças policiais, por muito que consentissem os pequenos e médios crimes dos "piquetes" e do Não Sei Quantos de Outubro e se dedicassem, mediante bastonadas preventivas, a orientar a actividade dos repórteres de serviço.
O pior da greve geral foi, sem me permitem a palavra, o povo, o exacto povo que tolera com excessiva paciência as abjecções cometidas em seu nome e contra si. E o melhor da greve geral foi o povo que a transformou num fiasco vergonhoso, isto na vaga hipótese de os perpetradores da coisa estarem familiarizados com a vergonha.»
Leitura complementar: Os piquetes de greve deveriam ser proibidos; A existência de piquetes de greve é inaceitável numa sociedade livre.
Quando um jornalista(?) como Crespo se arma em comentador e fala sobre o que não sabe o resultado é este. Se estivessemos num jogo de futebol, e após o terceiro apito do árbitro, o marcador assinalaria a goleada. Foi a primeira declaração pública de relevo do futuro secretário-geral da CGTP. Na linha firme dos anteriores, os comunistas não brincam em serviço: pode não se concordar com tudo mas ali há muita qualidade. E muitas verdades foram ditas para desgosto do entrevistador.