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Depois de muitos anos fechada, eis que a nova Piscina dos Olivais reabriu ao público. A notícia, tal como tem vindo a ser transmitida na comunicação social – sempre a boa imprensa de António Costa!! -, parece muito boa mas, enquanto lisboeta, olivalense e antigo frequentador deste espaço ímpar nos Olivais, parece-me que o espaço ficou bem pior. 1000 vezes pior, para ser mais preciso.
O espaço reabriu através de uma concessão a uma empresa espanhola, que nele investiu 10 milhões de euros depois de ter encerrado desde o início do século.
Primeira critica: Socialismo na gaveta; este espaço, outrora um espaço municipal foi cedido a interesses privados. Os munícipes, ou utentes, passam a clientes. A concessão é de 35 anos. Sim, leu bem, 35!!
Segunda critica: desvirtuamento do projecto inicial, no qual eram valorizadas as actividades ao ar livre, por entre espaços verdes bem cuidados, como, aliás, é apanágio dos Olivais. Ar livre? Espaços verdes? Não. O mercado pede é actividades indoor.
Terceira crítica: Então e o espaço exterior, anteriormente constituído por jardins, campos de ténis, campos de jogos e mini-golf? Não. O mercado pediu um parque de estacionamento para 300 automóveis.
Quarta critica: Em que se distingue este fitness club dos demais? Aparte o seu gigantismo, em nada. Mas como o povo gosta de coisas gigantes, aqui temos o Colombo dos fitness-clubs, com seis estúdios para aulas em grupo, uma sala de fitness, sala de máquinas, zona termal (piscinas, sauna, banho turco), padel e 300 lugares de estacionamento, claro.
Quinta critica: Projecto feito às três pancadas. Além das árvores arrancadas, relvados destruídos, campos de jogos abatidos, estacionamento XL, temos também a antiga bancada de 50 metros da piscina da anterior piscina olimpica virada para... a parede exterior das piscinas... Será projecto do Salgado?
Sexta critica: Os munícipes, perdão, clientes, passam a pagar 39,90€ mensais por um livre trânsito. Segundo Jorge Máximo, Vereador do PS da Câmara Municipal de Lisboa, “vamos ver até que ponto temos legitimidade para interferir na regulação de preços”, como disse em entrevista recente ao Público.
Coisas positivas? Bem o preço é competitivo face a outros empreendimentos da mesma natureza, esqueça-se o facto (já agora, importante) que este era um espaço municipal que agora passou a ser um espaço comercial.
Que dizer então da Piscina do Campo Grande e da Piscina do Areeiro? Estão ambas a ser alvo de investimentos da mesma natureza, igualmente de investidores espanhóis, ficando ainda por apurar se vai ser sujeito a abate espaço do jardim do Campo Grande em favor de mais um gigante espaço de estacionamento. Referiu ainda Jorge Máximo que o valor de investimento do grupo espanhol na Piscina do Campo Grande ascende a 10 milhões de euros e que estão igualmente a ser feitos investimentos avultados na piscina do Areeiro com vista à apresentação do mesmo tipo de serviços. Todos estes investimentos privados proporcionaram à câmara de Lisboa abster-se de fazer investimentos de cerca de 21 milhões de euros, de acordo com o mesmo autarca.
Refira-se ainda que em termos de piscinas municipais as coisas não vão muito bem. A Piscina Municipal da Penha de França encontra-se encerrada desde 2011. A Piscina da Avenida de Ceuta, inaugurada por Santana Lopes, encontra-se encerrada desde 2008. As restantes encontram-se encerradas ou altamente condicionadas aos munícipes em regime livre depois das 18 horas em virtude de estarem concessionadas a clubes ou associações.