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Imaginem por um instante que estava filiado no Partido Socialista (PS) com direito a assento parlamentar e desatava a tecer críticas a colegas, patrões de bancada e a mandar bocas sobre decisões tomadas pelo governo. Por esta altura já teria sido saneado à má-fila. Já teriam rasgado o meu cartão de sócio e me enviado para certo e determinado lugar. Não me surpreende que Ascenso Simões esteja a ser alvo de censura e de um provável processo disciplinar da Comissão Nacional de Jurisdição do seu partido. A PIDE do PS - a Polícia Interna de Difamação e Escárnio -, existe há algum tempo. A dissonância nunca foi bem aceite naquele partido que inventou a Democracia em Portugal Continental e Regiões Autónomas. Carlos César que se fez ao terreiro, vindo do refugo insular, assume a sua vocação de ditador de ilhota ideológica, de onde postula sevícias e recomenda sermões. No entanto, Ascenso Simões também é filho da casa e, nessa medida, também sofre de intolerância a lactose política (é googlar...) Mas estas querelas são coisa pequena, de quintal. A ver vamos se Centeno cumpre as ordens dos maiores accionistas do Eurogrupo - os chefes entregaram ao estafeta uma imensa lista de compras e se o rapaz torce o nariz às demandas, ainda leva com a minuta de admoestação da Comissão Europeia e dos Césares lá do sítio. Começo a perceber porque Centeno se quis distanciar do PS. É preferível ser criticado por uma cambada de estrangeiros do que por camaradas de luta - há sempre algo que se perde na tradução.