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Jerónimo tem a foice e o queijo na mão

por John Wolf, em 04.10.17

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Jerónimo de Sousa está com os azeites. Em 2015 tinham-lhe prometido uma bela colheita se alinhasse com os socialistas e levasse a reboque o Bloco de Esquerda (BE), mas parece que lhe passaram a perna. O Partido Socialista conseguiu enganar os comunistas nas autárquicas e convencer uma mão cheia de marxistas a despir esse macacão. Falam de sedição e traição da Catalunha, mas a Coligação Democrática Unitária (CDU) não é uma região autónoma, reside no cerne da Geringonça e agora vem com a conversa do homem da luta, da insurreição de rua, do protesto pela reposição de rendimentos. Ou seja, é a própria Geringonça que se morde. O Rei Marcelo, que tem emissões a toda a hora, não imitou o monarca espanhol com a vã intenção de acalmar os ânimos. Há dias, de Belém, havia falado na necessidade de garantir o equilíbrio funcional da acção governativa. Embora os comunistas tenham levado uma ripada valente nas eleições autáraquicas e um desbaste decano de câmaras, no meu entender, são mais poderosos do que nunca. A receita original da Geringonça foi adulterada por António Costa, mas quem tem a foice e o queijo na mão é Jerónimo de Sousa. A laia de sugestão, de quem já não quer a coisa, e por entre as linhas, o chefe da festa do Avante vai emprestando a bons ouvidos os tons de meia-dose de ameaça. Diz, nesse código de luta sindical, que se esticarem o cordel, o homem puxa a alcatifa à Geringonça e entorna o caldo. O BE, coitadito, já não é a coqueluche querida dos anseios pseudo-iluminados da Esquerda - também lhes foram aos fagotes nas câmaras - zero. Resumindo e concluindo, enquanto Santana vai ou Montenegro vem, o Partido Social Democrata (PSD) que se apronte convenientemente. O saldo eleitoral não lhes é de todo desfavorável. A mudança de líder e de óleo podem ser feitas na mesma revisão. O motor da Geringonça parece ter uma junta problemática e deixa escorrer vestígios de crise antecipada. As autárquicas não merecem apenas uma leitura nacional. Exigem uma leitura racional. Agarrem Jerónimo, senão ele parte a loiça toda.

publicado às 16:43

Eles comem tudo, quase tudo

por John Wolf, em 02.10.17

 

O Partido Socialista (PS), nas últimas legislativas, teve de se contentar com uma geringonça, mas se pudesse, congratular-se-ia com uma maioria absoluta para não ter de ficar refém dos comunistas ou bloquistas. Não foi isso que aconteceu nas legislativas e o PS tornou-se num partido dependente das doses radicais dos partidos mais à sua esquerda. A geringonça aproveitou os alibis internos e as exigências da sua ala mais "extrema" para fazer avançar uma agenda que, caso fosse necessário, poderia invocar como não sendo a sua. António Costa, que se alegra com o mal dos outros, nomeia o PSD como o grande perdedor da noite. Não está totalmente enganado, contudo a vista panorâmica tem de ser mais ampla e honesta. Os sócios comunistas da CDU perderam substancialmente em toda a linha - lá se vai a tese da leitura nacional que um bom resultado poderia servir para reforçar a legitimidade da geringonça. Uma das partes da geringonça sai ferida com gravidade deste embate. Fernando Medina, vendido como regente absoluto da cidade, e campeão das obras e do turismo, tem de agradecer o presente de António Costa (que largou a CML), mas sobretudo a um notável político que preparou o terreno para o incremento do Turismo em Lisboa. Adolfo Mesquita Nunes foi quem teve a visão, foi quem pensou Lisboa enquanto importante vector, enquanto região e capital económicas por excelência. Se tivessem nível, os ganhadores de secretaria e das autárquicas em Lisboa, ligavam os pontos para ampliar ainda mais a democraticidade abrangente da geringonça incluindo "inimigos". Mas não. Vivem de sobranceria ideológica - os socialistas são sempre melhores. Pelos visto Medina fez tudo de livre e espontânea vontade, e inventou a roda. No entanto, o facto de não ter conseguido a maioria absoluta em Lisboa significa que a pedra no sapato com que tem de marchar pelas ciclovias funcionará com um mecanismo de checks and balances: o posso, quero e mando já não será assim tão simples. E há mais. Não foi a Direita que saiu derrotada. Assunção Cristas encarna um perfil que transcende a bitola ideológica. Defendeu em campanha, e protege na oposição, causas definitivamente conotadas com justiça social e económica, mas que não são nem podem ser um exclusivo da Esquerda. E o prémio da noite, na minha opinião, vai para Rui Moreira. O independente foi capaz de travar as manobras e esquemas de um PS oleado há décadas para a manipulação nos bastidores e nos media.  De nada serviu, como Moreira bem frisou no discurso da noite, que Pizarro tivesse recrutado o governo de sua geringonça para descarrilar os seus intentos. Pizarro não teve fair-play, mas foi ajudado nesse tango manhoso. O PS que julga que não existem limites, levou uma castanhada no Porto. Quanto ao BE, não sei exactamente o que pensar. Estão ali em águas de blocalhau e podem ser vítimas dessa estagnação. Sabemos, face aos resultados da noite eleitoral de ontem, que o PSD vai ter de se reinventar, apanhar os cacos e fazer um reset. Mas não pode apanhar uns cacos quaisquer. A Manuela Ferreira Leite também pode apanhar a camioneta com Pedro Passos Coelho. Já não fazem falta ao partido ou ao país. Os comunistas, imutáveis perante as evidências, continuarão a musicar aquele pífaro de luta pelo trabalhador oprimido e a denunciar os opressores capitalistas. Estão, desse modo, no seu território preferencial, a jogar o papel que bem conhecem - o de vítimas. O PS irá espremer as autárquicas para canonizar a geringonça, mas em última instância será vítima do seu sucesso desmesurado. Isaltino, o cão-pisteiro, abriu o caminho para tantos outros, uns de Felgueiras, e outro da cela de Évora. Mas esse resultado espelha o povo, eticamente vergado e que se deixa enganar. Ouvi dizer que o maior derrotado da noite foi a abstenção, mas não é verdade. Foi uma metade que votou. Portanto apenas pode haver meio deleite.

publicado às 07:26

Comunicação Política para Totós

por John Wolf, em 22.09.17

 

Embora não vá votar porque não posso votar, e mesmo que pudesse votar provavelmente não votaria, não deixo de ser visado enquanto potencial-candidato-eleitor - o meu voto é desejado.  Recebi na caixa do correio (nas últimas semanas) missivas de toda a espécie e feitio de impressão. Foram cartas e brochuras, panfletos e desdobráveis de todas as hostes partidárias, apelando ao meu poder de encaixe autárquico. Tive, desse modo, a feliz oportunidade de pôr essa leitura em dia no decorrer de actividades sanitárias - sentado, entenda-se (com as mãos livres, sem cometer infracções). Lavei as mãos e posso afirmar que me encontro em condições de avaliar como a Comunicação Política é realizada pelas diversas forças partidárias em Portugal no festival eleitoral em curso. Devo dizer que as propostas apresentadas carecem todas de um enquadramento conceptual e de uma visão estruturante. Ora falam de parques de estacionamento, ora mencionam apoios sociais, ora congratulam-se pela obra feita, ora reclamam pela incúria dos outros...enfim, não passam todos da mesma chapa gasta vezes sem conta a cada campeonato autárquico. O formato foto-passe de todos partidos pretende confirmar o alto teor de democraticidade e convívio político entre as cabeças de lista - as estrelas da companhia -, e os pobres anónimos resgatados da paragem de autocarro para preencher as listas. A Comunicação Política simplesmente não existe. Existe uma forma de Comunicação, mas não preenche os requisitos da Política. São Políticos que se apresentam, mas não Comunicam eficazmente. Plagiam-se a torto e a direito. Chamam algo diverso à mesma coisa, mas não passa de embuste ideológico. Gastam rios de dinheiro em bandeirinhas e esferográficas, pastas e sacos para arremessar a tralha, mas não conseguem erradicar os vícios da classe política canonizada pelo mistério da promessa cumprida. Os textos que acompanham a vontade política são fracotes e encontram-se na fronteira do pueril, do dispensável. Desejariam, se soubessem, ou pudessem, a sofisticação subtil, a sugestão da genuína transformação filosófica que está na génese das aspirações da freguesia, do concelho, da região, da península, do mundo. Mas não conseguem. Estão presos, cativos num labirinto de inconsequências e desperdícios. Tanta coisa para tão pouco. Tantos. Bastava um(a) para fazer o frete a todos. Criatividade, inteligência ou originalidade não fazem parte de lista alguma. Triste. É triste. É tão triste.

publicado às 15:35

Autárquicas da bola

por John Wolf, em 14.09.17

 

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) deve ser composta por bananas. Apenas trabalha quando o rei faz anos, mas mesmo assim não acorda a tempo e horas do serviço. Borra a pintura. Tem expediente a cada 4 ou 5 anos, mas é incapaz de dar conta do recado. Nem umas miseráveis eleições é capaz de marcar no calendário. É uma infeliz coincidência essa estória dos jogos acontecer no mesmo dia. Azar. Os adeptos do Porto, se carregarem em massa em Alvalade, terão de organizar muito bem o seu dia. Terão de descer à Ribeira, inserir o boletim na ranhura e depois rumar a Lisboa. Pois. Estou a ver o filme. Isto precisava de um vídeo-árbitro-autárquico para controlar a jogada - amarelo, no mínimo. Falamos de uma estimativa de abstenção afectada negativamente pelo espectáculo da Primeira Liga. Não me venham com estórias. Querem convencer-me que a CNE não analisa todos os factores de perturbação dos actos eleitorais? Os eleitores da coligação Benfica-PS também terão de fazer um esforço acrescido para ver se não ficam retidos na ilha da Madeira devido a um inesperado vento cruzado. Contudo, independentemente da bola, os portugueses terão mais uma desculpa para não exercerem a sua obrigação cívica. Depois é o que se sabe. Continuarão a queixar-se deste ou daquele, mas mandam dar uma volta àqueles que ousem perguntar: votou? Ou foi ver a bola?

publicado às 13:33

O saco azul das autárquicas

por John Wolf, em 31.08.17

 

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A campanha para as autárquicas é uma espécie de saco azul de misérias onde enfiam tudo e mais alguma coisa. À falta de argumentos profundos, sentido de Estado, verdade e ética na condução da missão política, serão miudezas de toda a espécie de que se servirão os políticos e afins para marcar pontos na caderneta mediática. Sim, os meios de comunicação social também lambem a sarjeta em nome de audiências e favores de antena política. Não tenham dúvidas da agenda em curso, marquem no calendário. A crise da Autoeuropa não passa de uma guerra partidária, arrufos por resolver entre sindicalistas e patrões, autarcas e investidores. Os partidos do governo, os sindicatos, e os agentes económicos privados, fazem parte do mesmo enredo. Por outras palavras, o que acontecer na Autoeuropa tem ramificações em diversos planos de natureza governativa e e em especial no que diz respeito ao rating de Portugal a determinar por diversas agências que acompanham o filme. Parecia tudo correr tão bem (e sobre rodas) à geringonça, mas isto que se passa projecta uma imagem negativa com repercussões além-fronteiras. Quem quer investir o seu futuro empresarial num país a discutir sábados? Os investidores directos e estrangeiros estarão atentos ao desenrolar dos eventos. Misturem nesse cocktail a merda que deu à costa em Carcavelos e peçam ao Garrett Mcnamara para surfar a maior poia do mundo. Medina bem pode ser o ardina da "cidade com a melhor qualidade de vida do mundo", mas será Isaltino a sorver essa água de beber da linha. E há mais. Há os desentroncados, cheios de rancor, ávidos por saltar para a espinha de Cavaco Silva que apareceu na Universidade de Verão, como poderia ter ido para a Arrábida ditar as mesmíssimas profecias de um socialista internacional como Guterres que desavergonhadamente fez plágio, desrespeitando tabus, roubando a Martin Luther King a frase exclusiva e intransmíssivel: "I have a dream". No entanto, a ameaça terrorista é moderada.

publicado às 14:45

O Porto e a guilhotina do PS

por John Wolf, em 08.05.17

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Manuel Pizarro e Manuel Correia Fernandes invocam a Ética (e os bons costumes socialistas) para devolver os pelouros à Câmara Municipal do Porto. Que se lixe a missão a que se tinham proposto, respectivamente a Habitação e a Acção Social. Ou seja, são imperativos de ordem ideológica que se atravessam no caminho das causas públicas que supostamente mexem com a vida de meros cidadãos. Deveria ser proibido abandonar o barco a meio da travessia da ribeira. Os políticos que alvitram pelouros como quem muda de camisa fazem parte do mesmo rol de titulares de cargos que trazem descrédito à disciplina de governação. E mais. Não seria de todo incoerente que os Manéis permanecessem na mesma liga do adversário. O que é afinal a Geringonça? Esse aparelho é um esquema pleno de contradições partidárias. Ou seja, o que se passa no Porto, à luz de uma extrapolação maior, representa o fim da ideia de geringonça. Qualquer dia os socialistas são obrigados a coabitar com famílias políticas mais distantes, em nome da representatividade democrática, e o que farão? Deixarão cair a lâmina farta de uma guilhotina de miudezas e rancores. Ana Catarina Mendes, sem o desejar, ou talvez não, assina um inside job -  faz germinar o embrião da dissenssão. Primeiro com os estranhos, mas mais tarde dentro de portas, quando nascer um neo-Seguro capaz de trautear uma nova cantiga mais próxima da desregulação política a que estamos a assistir por esse mundo fora. Penso em Macron, não como a solução, mas enquanto elo de uma corrente desligada de falsas promessas eleitoriais e ainda piores desempenhos efectivos. Custa-me assistir a provincianismos de terceira categoria proferidos por lideres de segunda estirpe.

publicado às 17:48

The Moreira case-study

por John Wolf, em 12.04.17

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Tenho fama de distribuir chapada a torto e a direito - mais à esquerda do que à direita -, para ser coerente e honesto, mas aprecio casos de sucesso. Escuto com a devida atenção as histórias daqueles que ousaram romper com as regras da casa, aqueles que têm uma visão que transcende as formatações de quadros mentais estanques. O Presidente da Câmara do Porto Rui Moreira deve servir de farol para a construção de um novo ADN político. O homem do Norte não deve ser apenas daquela região. A declaração peremptória de que não haverá  jobs for the boys deve fazer parte do caderno de encargos de todas as agremiações políticas. E aqui não faço distinções. A farinha é a mesma seja qual for o saco de interesses partidários. São comunas que metem a cunhada Aliete no serviço. São sociais-democratas que lançam o Martim na banca. São socialistas que enchem de afilhados os corredores da PT. O que Moreira afirma é, em certa medida autofágico, mas obrigatório. É a promiscuidade e a proximidade de interesses que esmaga a excentricidade criativa do mérito desfiliado. É o incesto partidário que produz aberrações. Mas é sobretudo o fundamentalismo ideológico que mata e mói nesta ordem invertida. Rui Moreira declama qual o seu campo de crenças, com toda a naturalidade, mas não cerra fileiras. Abre a vedação. Professa uma salutar forma de ideologia civil. E quanto às obras no Porto. Onde está o pó das autárquicas? Também irão a votos.

publicado às 10:59

Síndrome de Padeiro

por John Wolf, em 28.01.17

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Antes que me acusem de sofrer da síndrome de padeiro, fica o aviso. Sou um sociólogo empírico, artesanal. Faço colagens, mas delicio-me com o corte e a costura. Adoro bricolage e fascina-me o betão. Cá vai. O ovo ou a galinha? Qual deles? Vem isto a propósito do efeito de contágio (ou não) das obras de Medina na cabeça dos cidadãos da capital europeia das autárquicas. O enunciado é relativamente simples: será que a malha civilizadora do passeio largo, da via minguada e das ciclo-rotas irá alterar o quadro comportamental do utente? Prevejo, e já assisti a muita inauguração construtora em Portugal, que teremos a insistência crónica do estacionamento sobre a calçada farta ou a ciclovia, a extensão da prática de arremesso de dejecto canino e o graffitar de assinaturas de artista delinquente sobre a pedra que tanto bate que até se apura. E há mais. A obrite aguda, embora vá embelezar a urbe alfacinha, representa, no seu âmago, uma patologia política de difícil cura. A obsessão pelo hardware. Quanto ao software do formato mental dos urbano-residentes a história será outra. A alteração da mentalidade que conduz à estima cívica e ao sentido colectivo parece ficar para depois do aumento do PMN - o passeio mínimo nacional. O problema é que a correlação entre a obra e o comportamento cívico não foi pensada em sede alguma. O que domina e extravasa é outro vector. A alma-matéria parece ser o modo de pagar promessas e comprar eleitores. Em plena época de dúvidas existenciais e rumores de populismo, convém acalmar os ânimos daqueles que usam as ferramentas mais básicas. O apelo da intelectualidade primária, ou da filosofia de lancil, parece ser a nota dominante. Quero ver quem tira o peão do caminho do triciclo, ou enxota a marca global que irá decorar aquela praça neo-típica. Quem levantará os autos? Não há dúvida que fica tudo mais bonito e que valeu a pena o pó e o trânsito, mas o resto será mais do mesmo. Quero ver quem entrega o pão como deve ser.

publicado às 12:00

O cavalo dado do IMI

por John Wolf, em 12.12.16

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Esta notícia seria perfeita, um conto de fadas, se não existisse um universo de taxas e impostos para compensar esta generosidade - a cavalo dado não se olha o dente? Já agora, uma vez que lidamos com dentição e mordeduras, sabem quantos dentes tem um equino macho? Isso mesmo. São 40 dentes. E uma égua? Esta vai surpreender a malta - pois, são 36 dentes. O governo de geringonça pensa que coloca a albarda em cima dos contribuintes como se estes fossem burros, mas não são. Em economia, e por arrasto finanças, convém comparar laranjas com laranjas. Até aqui tudo bem. O IMI baixa de um modo genérico, mas como fica o nível de rendimentos dos portugueses tendo em conta as invenções tributárias (os outros impostos e taxas) que por aí grassam? São contas de bolo fatiado que convém analisar, ou seja, todas as nuances. Isto de dizer uma coisa fora de contexto dá azo a suspeições. Como vai o sector imobiliário? Será que está a fraquejar? Será que os franceses já fizeram as compras que tinham a fazer no Chiado e acabou? Quando atiram estas migalhas ao ar, assim sem mais nem menos, gosto de saber da rala toda. Não me agrada uma meia-tese ou um quarto de análise. As matérias devem ser apresentadas na íntegra e colocadas sobre matrizes de conjuntura. Por exemplo, e como quem não quer a coisa, Portugal poderá vir a estar em apuros com as "novas " medidas de Draghi respeitantes ao estímulo das economias falhas da Zona Euro. As taxas de juro dos títulos de dívida estão nos niveis que se sabem, portanto não me venham com esta história de que os encargos com o IMI baixaram. Que se lixe o IMI se os outros impostos que não são nada ami. O que interessa são as autárquicas.

publicado às 12:45

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Quando a falência ética é total, devemos esperar tudo e mais alguma coisa. O Isaltino Morais sente uma pressão enorme da sua igreja de seguidores - aqueles que acreditam na máxima "roubou, mas deixou obra". É essa mesma inspiração que sustenta o outro que é Major e o outro que é Miranda. Sentem a ternura do povo, o apelo da missão a cumprir, mas sobretudo a grande injustiça de que foram alvos. Querem provar que estão vivos e são recomendáveis. Esta linha de reflexão filosófica ainda há-de ser aproveitada pelo guru maior. Daqui a nada, Sócrates que tem sido tão maltratado por Costa, anunciará uma candidatura num daqueles épicos almoços com direito a livro inventado na calha de uma choldra. Ora pensem lá comigo. Se fossem Sócrates começavam em que local? Isso mesmo. Lá para os lados da Covilhã onde andou a esquissar armazéns e garagens em estiradores de betão. O 44 têm andado nos treinos, mas não julguem que é para aquecer apenas. Vai sair qualquer coisa de calibre notável - umas autárquicas devem ter a medida certa para as suas primeiras ambições. E não será pela porta do Rato. O Soares andou a apaparicar o menino, mas no crepúsculo da sua vida ainda há-de ver Sócrates tornar-se inimigo visceral dos socialistas da moda. Valentim, Morais e Miranda são os magos. E Sócrates é o menino que está para renascer.

publicado às 08:48

Medina Led

por John Wolf, em 18.11.16

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Fernando Medina vai duplicar o orçamento da iluminação de Natal da Câmara Municipal de Lisboa. Afinal estamos quase a ir a eleições. E a crise acabou. Os Led são uma espécie de Web Summit das velas. Acendem-se e depois apagam-se, mas não deixam rasto que se veja. Dizem os electricistas que a luz ficará em níveis pré-crise, ou seja, depois virá um clarão. Apagão.

publicado às 10:24

A secretária de Passos Coelho

por John Wolf, em 11.09.16

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Ana Catarina Pedroso não consegue tirar o governo anterior da cabeça. A secretária-geral-adjunta do Partido Socialista (PS) parece uma contabilista do passado. Mas em vez de apresentar o balancete directamente ao ministro alemão das Finanças Wolfgang Schäuble, julga que Passos Coelho ainda exerce um cargo de governação - que pode dar ou receber recados. E não é o papel da oposição oferecer as soluções a quem manda. Não senhor. Pensava que havia poder de fogo intelectual suficiente no cabaz agregador do PS, Bloco de Esquerda e Partido Comunista Português para encontrar as soluções económicas e sociais do país. Sentimos no ar um nervoso em crescendo em relação às autárquicas. As câmaras e juntinhas são um bicho que desequilibra os planos à malta. Não é a Maria Luís Albuquerque que é candidata à Câmara Municipal de Almada ou Lisboa. Por isso, o PS deve dirigir os seus agravos a quem realmente tem responsabilidades políticas. A liga dos oprimidos do sul (Grécia, Portugal, Espanha...) deveria reunir e pensar uma "geringonça de periferia" se não se sente confortável com as ajudas da União Europeia e as intervenções do Banco Central Europeu. Sabemos muito bem que é ao nível autárquico que a porca torce o rabo. É nos conselhos do concelho que os favores se ganham e perdem, que as empresas municipais distribuem benesses pelos amigos. Essencialmente é isso que está em causa nesta tirada do "penosamente destrutivo".

publicado às 13:14

Se é para fazer leituras nacionais

por Samuel de Paiva Pires, em 30.09.13

Convinha ler este post do Carlos Guimarães Pinto. Gostava tanto que tivéssemos eleições legislativas já hoje. Seguro perdia logo as manias todas.

publicado às 11:15

E a CNE que não nos multa

por Samuel de Paiva Pires, em 28.09.13

O MRPP quer "Resgatar uma capital sequestrada" e o Partido dos Animais quer "Libertar Lisboa". Será que voltámos a ser invadidos por Napoleão e não demos por isso?

publicado às 14:52

Eu também vou votar, Nuno

por Samuel de Paiva Pires, em 28.09.13

Mas não deixo de, tal como o Miguel, constatar as falhas gravíssimas de um tão mitificado poder local, ainda que discorde da solução proposta pelo Miguel para uma situação que, na realidade, mostra em toda a linha uma enorme falha da sociedade portuguesa em formar e preparar elites para a gestão da coisa pública. No fundo, o que quero dizer é que não é por sermos democratas e exercermos o nosso direito de voto que temos de deixar de reconhecer e criticar as falhas do regime democrático. 

publicado às 14:46

Autárquicas

por Samuel de Paiva Pires, em 27.09.13

Miguel Castelo-Branco, Certamente que não voto para as autárquicas

 

«Que me lembre, já não voto para as legislativas desde 2005 e para as chamadas autárquicas desde 1997. Para as presidenciais - por as considerar feridas de nulidade por usurpação - nunca votei. Durante muito tempo, pela minha formação, considerei as eleições autárquicas as mais relevantes e verdadeiras, posto serem emanação das realidades locais e darem voz a essa entidade mítica que dá pelo nome de povo. Contudo, foi corrigindo a minha teimosa ingenuidade a respeito desses micro-estados que dão voz, presença, micro-poder e dinheiros a uma constelação de pequenos interesses, pequenas ambições, pequenas habilidades e enorme impreparação. Hoje, tendo presente o triste historial desse "poder local", miniatura do regime dos partidos, das comanditas e redes clientelares que chega a superar em perversidade a matriz inspiradora, julgo que a administração local é assunto demasiado sério para repousar em mãos amadoras. A gestão dos assuntos locais devia - não temo a provocação - estar integrada na administração pública preparada, isto é, profissionalizada, trabalhando por objectivos, avaliada, fiscalizada; ou seja, devia ser uma carreira confiada a quadros superiores do Estado. O poder local centuriou e feudalizou a geografia portuguesa, não exprime qualquer realidade social, não promove nem forma uma elite local, não é racional nem eficaz. É, tão só, um agente empregador de base destinado a alimentar milhares de amigos, familiares, protegidos, satisfazendo o estrato mais baixo das lideranças partidistas.»

publicado às 17:01

Portugal de quarentena

por John Wolf, em 23.09.13

Se fosse obrigado a retratar Portugal neste momento da sua história, diria que "não está com muito boa cara". Um conjunto de consequências nefastas irá atormentar Portugal nos próximos tempos. O problema é que essa noção cronológica faz cair por terra datas mágicas anunciadas pelos bruxos do mercado - dias de regresso ou dias de partida. O botão da bomba atómica, que o Presidente da República recusa accionar, também já não serve de grande coisa. O mal já está feito, o efeito de sopro da austeridade já fez a razia que se conhece. Portugal encontra-se em quarentena política, afastado das grandes decisões, mas expectante que uma supernova possa desencalhar a situação - entramos no domínio do desespero, da fé, da religião - do acreditar sem fundamento válido (Por que raio haveria a Merkel de inverter o sentido dos ponteiros?). Os mercados, pertença de todos e de ninguém, fecharam as portas do financiamento, seja qual for o intervalo das necessidades - a 5 ou a 10 anos.  A suave euro-deputada socialista Elisa Ferreira, com ligação directa ao Rato, pode cantar baixinho a melodia encomendada por Seguro, mas a flexibilização das metas do défice está fora de questão - Draghi já disse que Portugal pode tirar o cavaquinho da chuva. Ao mesmo tempo Merkel inscreveu na sua agenda como primeira prioridade a limpeza da ameaça portuguesa e o Standard & Poor´s encara uma avaliação ainda mais negativa de Portugal. Depois há umas naturezas mortas que não adicionam nem acrescentam nada ao drama real de Portugal - as autárquicas, descartáveis e, longe da urgência de redesenho de uma grande estratégia para Portugal. As autarquias com a sua grande quota de responsabilidade pela demise nacional, são ao mesmo tempo a causa e a consequência, e não têm papel na reinvenção de um sistema - são o sistema. As diversas campanhas são uma espécie de serviços mínimos de política, da democracia, fazendo uso dos mais baixos padrões de retórica e dando voz a pseudo-argumentos. Há ainda outros elementos de decoração que servem para colorir a negro a catástrofe ética e financeira, mas que não têm influência nos caminhos imediatos de Portugal. O sistema imunitário dos portugueses deixou de rejeitar de um modo visceral casos do tipo Machete. Os cidadãos começam a aceitar que no DNA nacional estes casos sejam recorrentes, e mesmo sendo de natureza poluente, nada com consequências substantivas será feito para repor o equilíbrio de valores - os tribunais, constitucionais ou não, já se viu que servem para umas coisas e para outras não. O ministro dos negócios estrangeiros continuará os seus afazeres sem ser incomodado, porque tudo depende de uma mera imprecisão factual, descartável  à meia-volta. Face a esta panóplia de ocasos não é descabido começar a vislumbrar vida em Portugal ao sabor de um segundo resgate. A segunda linha de oxigênio já se avista da cumeada, por entre o nevoeiro de políticas falhadas. Na minha opinião, penso que não vale a pena andar a fingir que a coisa se está a endireitar. Chegou a hora de gritar bem alto em nome da aflição de milhões de portugueses ainda equivocados pelas notícias de ocasião. Venha de lá esse segundo resgate. Acabe-se com esta farsa.

publicado às 20:19

Autárquicas

por Samuel de Paiva Pires, em 18.09.13

Claro que todos gostamos de nos rir, mas este espectáculo das autárquicas começa a ganhar contornos que não têm classificação do ponto de vista do ridículo. Ainda que mal pergunte, mas onde é que andam, afinal, as empresas de marketing político contratadas pelos partidos e que é feito da alegada profissionalização das campanhas? Está visto que isto é um mercado a explorar.

publicado às 17:19

Que entre o surrealismo e suplante a democracia.

por Ana Rodrigues Bidarra, em 18.09.13
Qualquer semelhança entre o candidato e uma afável testemunha de Jeová é mera coincidência.

publicado às 14:33

Fardo interior

por John Wolf, em 10.09.13

Estará Seguro a chamar Passos burro porque este olha para o interior como se fosse um fardo? (já não sei o que escreva sobre o homem, peço perdão...)

publicado às 19:35






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