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A campanha para as autárquicas é uma espécie de saco azul de misérias onde enfiam tudo e mais alguma coisa. À falta de argumentos profundos, sentido de Estado, verdade e ética na condução da missão política, serão miudezas de toda a espécie de que se servirão os políticos e afins para marcar pontos na caderneta mediática. Sim, os meios de comunicação social também lambem a sarjeta em nome de audiências e favores de antena política. Não tenham dúvidas da agenda em curso, marquem no calendário. A crise da Autoeuropa não passa de uma guerra partidária, arrufos por resolver entre sindicalistas e patrões, autarcas e investidores. Os partidos do governo, os sindicatos, e os agentes económicos privados, fazem parte do mesmo enredo. Por outras palavras, o que acontecer na Autoeuropa tem ramificações em diversos planos de natureza governativa e e em especial no que diz respeito ao rating de Portugal a determinar por diversas agências que acompanham o filme. Parecia tudo correr tão bem (e sobre rodas) à geringonça, mas isto que se passa projecta uma imagem negativa com repercussões além-fronteiras. Quem quer investir o seu futuro empresarial num país a discutir sábados? Os investidores directos e estrangeiros estarão atentos ao desenrolar dos eventos. Misturem nesse cocktail a merda que deu à costa em Carcavelos e peçam ao Garrett Mcnamara para surfar a maior poia do mundo. Medina bem pode ser o ardina da "cidade com a melhor qualidade de vida do mundo", mas será Isaltino a sorver essa água de beber da linha. E há mais. Há os desentroncados, cheios de rancor, ávidos por saltar para a espinha de Cavaco Silva que apareceu na Universidade de Verão, como poderia ter ido para a Arrábida ditar as mesmíssimas profecias de um socialista internacional como Guterres que desavergonhadamente fez plágio, desrespeitando tabus, roubando a Martin Luther King a frase exclusiva e intransmíssivel: "I have a dream". No entanto, a ameaça terrorista é moderada.
A galinha de ovos de ouro do PIB, de sucessivos governos e campeões ideológicos, está a cantar de viva-voz. A geringonça está a ter algumas dificuldades para resolver este bico de obra. A comissão de trabalhadores da Autoeuropa não pertence ao Arménio Carlos ou ao Carlos Silva. Não a conseguem meter no bolso assim sem mais nem menos. A fábrica de automóveis da marca alemã já foi publicitada como a jóia da coroa, a tal contribuinte de 2% da riqueza gerada em Portugal durante um ano. Os trabalhadores, difíceis de enquadrar nas hostes de uma CGTP, sabem que podem alavancar soluções a bem ou a mal. Para além da paragem efectiva de produção daquela unidade fabril, seria um perfeito desastre se outras empresas lhe seguissem as pégadas de greve e protesto. Os efeitos multiplicadores negativos são muito mais intensos do que os positivos da actividade produtiva dita normal. Ou seja, o élan gerado pela paragem económica não é compensado pela continuidade produtiva. O que está a acontecer, e seja qual for o desfecho "laboral-patronal", o mote fica dado, e a imaculada padroeira do emprego da geringonça leva um valente rombo. Faltará muito pouco para que alguma histérica do BE ou algum marxista do PCP, aliciados pelo PS, afirmem que se trata de uma conspiração de Angela Merkel. Uma forma de submeter os devaneios de um governo de Esquerda, que na outra face do mesmo jornal celebra a mais baixa taxa de desemprego desde os Lusíadas de Camões. O Titanic da economia portuguesa (que nem sequer é português), mas sim pertença daqueles chauvinistas alemães, encalhou no rochedo da consternação do governo. O ministro da economia, no entanto, declara que espera que haja acordo entre as partes. Entre as partes? Sim, por isso se chama acordo e não solução unilateral. Resta saber qual o género da Autoeuropa. Se é daquelas oferecidas que se deixa comprar ou se é daqueles que pega de empurrão.