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Aprecio uma boa comparação, mas é na analogia que está o ganho. Também sou apreciador da ideia rebuscada, aquelas elaborações do caneco que não lembra ao diabo cego, surdo e mudo. Cá vai: Poiares Maduro está para os impostos como Obama está para a intervenção militar na Síria. Vamos lá por partes e devagarinho para ver se isto funciona, se não me engano. O que Maduro diz em bom português (proferido no International Club) é que o Estado deve entregar parte do arsenal, reformar alguns dos equipamentos e funcionários que têm servido para chupar o tutano aos contribuintes, ou zás, vem aí uma série de novos impostos. De acordo com o ministro, a Reforma do Estado tem mesmo de acontecer ou então vai haver um bombardeamento tributário da população civil, já de si indefesa, muito perto do desfalecimento. Esta conversa de ministro nacional soa a nova diplomacia de Obama. O presidente americano usa mais ou menos a mesma fórmula; a Síria deve reformar o aparelho militar ou ainda leva com uma catrefada de Tomahawks. Face a estas declarações devemos realmente ter algum cuidado. Lembram-se do cherne, perdão, daquela expressão portuguesa? - Pela boca morre o peixe? Em ambos os casos, no nacional e no americano, as palavras precedem os actos. De certa forma o que estão a dizer é: quem te avisa teu amigo é (e daqui a nada estás a levar umas mocadas). Esta forma de comunicação política é subtil, mas não o suficiente. Nem é preciso ser candidato autárquico para perceber a conversa. Para bom entendedor meia palavra basta (caramba! Estou farto de puxar pelos galões dos provérbios e dizeres populares!). Significa isto, que no caminho penoso em direcção ao cada vez mais que provável segundo resgate, ainda teremos tempo para uns encores de austeridade. O Maduro usou o palco do International Club de Lisboa para exercer esta magistratura do aviso de cobrador. No caso do Obama ainda estou para ver se a Rússia consegue obrigar Assad a entregar o material químico. Em ambos os casos algo vai acontecer. E não me parece que seja coisa boa para os objectores de consciência leve ou pesada. A expressão inglesa - Death and Taxes - serve na perfeição para o que pode acontecer a breve trecho na Síria e em Portugal.