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Todos sabem que a Austeridade não é coisa boa. Todos sabem que a mesma assenta na contracção e no apertar do cinto. Esse diagnóstico é fácil de fazer depois da receita ter sido aviada. E é escusado Thomas Piketty vir alimentar falsas esperanças a António Costa, ao proclamá-lo como "reorientador da Europa". O que o francês diz é muito bonito e faz todo o sentido, mas só funciona em ambientes macro-económicos em que haja controlo sobre políticas monetárias. Imaginem um marceneiro a oferecer a ferramenta-maravilha ao colega canalizador - é mais ou menos isto sem tirar nem pôr. Não serve, a não ser que me escape alguma coisa. Ou seja, que no tal documento da "década para Portugal" venha consagrada a criação de um banco central no Largo do Rato. Uma máquina de impressão de dinheiro cor de rosa para combinar com os sonhos que emanam da mesma casa. Grande economista que me saiu este Piketty. Era suposto a disciplina servir para encontrar meios para gerar dinâmicas de criação de riqueza e emprego. O melhor que conseguem é a brilhante ideia de criar um imposto sobre as grandes heranças. E isso confirma a máxima negada pelos socialistas. Sim, são excelentes a tratar de destruir o dinheiro dos outros. Neste caso nem sequer olham para o futuro. Metem a mão no bolso do passado. Em termos económicos este género de socialismo de ocasião posiciona-se no lado da procura agregada - a procura intensa dos meios financeiros dos outros. Isto era a última coisa que faltava. Aparecer um francês das escolas do iluminismo económico para dar alento a um visionário como António Costa. São muito bons a descrever os males. Quanto a oferecer respostas válidas, isso é outra história. Mário Soares também tinha vários amigos franceses.
Jerry O’Driscoll, antigo vice-presidente da Fed, entrevistado pelo Juíz Napolitano, fala sobre o gravíssimo problema da Grécia:
«Os bancos no interior da UE financiam os défices dos seus governos. Não se trata apenas de os bancos gregos comprarem dívida grega, mas também de os bancos franceses emprestarem dinheiro aos bancos gregos. E de os bancos franceses comprarem obrigações do estado italiano. Para além dos bancos dos EUA emprestarem dinheiro aos bancos da UE. Menos conhecido é o facto de as instituições financeiras do mercado americano deterem uma quantidade significativa de dívida emitida por bancos da UE. E de a Fed garantir financiamento em dólares aos bancos da UE.
Defaults soberanos por lá [na UE] causarão um grande impacto por cá [EUA]. E, para mais, há o nosso próprio problema de dívida pública.» (tradução minha de um excerto de The Crisis in the EU, por Jerry O’Driscoll, em ThinkMarkets)
A propósito desta notícia, recomenda-se que Sua Santidade promova, com carácter de urgência, a leitura serena e atenta por parte dos seus conselheiros económicos de "The Church and the Market: A Catholic Defense of the Free Economy (Studies in Ethics and Economics)", por Thomas Woods Jr.
É que o problema não é haver regulação e banco central a menos. É exactamente o contrário, como o mesmo Thomas Woods aqui explica, de forma sintética. O que segue é um excerto desse seu último texto (meus realces):
«(...) In the United States we have 115 agencies that regulate the financial sector, and the Securities and Exchange Commission never had a bigger budget or staff than under George W. Bush. There has been a threefold (inflation-adjusted) increase in funding for financial regulation since 1980. For reasons I’ve explained in my 2011 book Rollback, the repeal in 1999 of one provision of Glass-Steagall had zero to do with the financial crisis. Europe has never operated under Glass-Steagall-style restrictions and is none the worse for it. There is no repealed regulation that would have prevented the crisis consuming the world right now.
The banking industry is by far the least laissez-faire sector of the U.S. economy; it is a cartel arrangement overseen by the Federal Reserve and shot through with monopoly privilege, bailout protection, and moral hazard.
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