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Não sei que contrapartidas a Geringonça negociou com o PCP e o BE, mas deve ter pago uma nota alta. Jerónimo de Sousa e Catarina Martins partilham a mesma cábula - estão desagradados com a venda do Novo Banco, mas deixam seguir para bingo. E afirmam que quem pagará pelos danos serão os portugueses -, os suspeitos do costume. O pequeno património político dos comunistas e bloquistas corre riscos. Até parece, ironicamente, que houve outra operação de compra. Aparentemente António Costa adquiriu uma posição do PCP e o Partido Socialista uma quota da sociedade bloquista. No entanto, os dois partidos marxistas correm sérios riscos na secretaria, na urna das próximas eleições - há quem não se impressione com lágrimas de crocodilo. Ficarão associados a um governo de falso-fim da Austeridade, a uma administração facilitadora de benefícios para instituições financeiras amigas e pouco amiga de processos demorados de justiça. Se Martins e Sousa não fossem apenas garganteiros, já teriam tirado o tapete por debaixo dos pés da Geringonça. Aqueles dois podem escrever nos respectivos currículos que foram os principais subscritores da venda do Novo Banco ao Lone Star. Viabilizaram o projecto neo-liberal, especulador. Entregaram um banco aos americanos. E como sabemos, tudo o que é americano é Trump.
Podíamos viver sem bancos? Podíamos viver sem crédito? Podíamos viver sem títulos de dívida? Podíamos viver sem resgates do FMI? Perguntem a Catarina Martins, a Mariana Mortágua, ou ao guru que as conduziu pelos caminhos da verdade - Francisco Louçã. Releio o académico anarco-esquerdista norte-americano David Graeber e o seu pensamento expresso na obra- Dívida, os primeiros 5000 anos -, a resposta é inequívoca: não. Não, o crédito sempre existiu. O dinheiro sempre foi desigual e para mal dos pecados europeus, na grande competição planetária de instituições financeiras, os EUA estão a dar uma ripada na Europa. Os bancos europeus, se fossem equipas de futebol, estariam bem mais próximas da Liga de Honra do que aqueles lugares que dão acesso aos grandes prémios da UEFA. O Barclays é um brexitário financeiro e o Deutsche Bank tem de pagar uma multa às autoridades americanas - pouca coisa, uns 6 a 7 mil milhões de USD ou Euros (sim, a paridade está bem perto). Nem vou mencionar o banco-barraca CGD por ser irrelevante neste campeonato. O que eu vejo ou prevejo é o seguinte. A administração Trump vai agitar as águas da "normalidade" e tirar partido da letárgica "tradição" europeia. Bastou o pequeno sopro do fechar da torneira de liquidez por parte da Reserva Federal para o dólar americano galgar a marca psicológica dos 1.04 face ao Euro. E isto tem consequências para este cantinho à beira-mar plantado. Os títulos de dívida dos Estados-membros da Europa dependem em larga escala da procura exterior e, no contexto da crise, foi o BCE que substituiu os agentes do mercado que foram incapazes de produzir a procura requerida dos títulos em causa. Se o dólar fortalecer ainda mais significa que a compra de títulos de dívida expressos em Euros se torna mais em conta para essa divisa e, por analogia ao Japão que detém grande parte da dívida dos EUA, a dívida europeia passará a estar nas mãos de entidades bem longe dos centros de decisão europeus. Sim, a UE tornar-se-á refém de bancos de além-mar e arredores. Mas há mais. Os commodities, como o petróleo ou o cobre, são expressos em USD o que dificultará o trabalho de governos de mãos largas que são obrigados a obter dólares para deitar a mão a energia ou vigas de ferro. Eu sei que estou a dar uma grande volta neste texto, mas ainda não percebi, à luz destas singelas considerações, como António Costa e a sua escola irão pagar as extravagâncias anunciadas para a década e para o ano de 2017. Foi o primeiro-ministro que anunciou há dias que o sector da construção precisa de levar um empurrão. E nós sabemos que o chefe do executivo não está a pensar num New Deal à Trump. Está a pensar no sistema político. Está a revalidar a chave socialista que permite enfrentar as tormentas. Foi o sector da construção que aguentou os socialistas em diversos mandatos, mas fez descambar as contas cada vez que houve um seu governo. Foram os lanços e sub-lanços de estradas que inquinaram as contas. Foram as auto-estradas para nenhures que comprometeram orçamentos de Estados. Foram elefantes brancos e outras bestas dispensáveis que descarrilaram Portugal. Enfim, todos sabem o que foi e como foi. Mas ao fim e ao cabo, com todas estas extravagâncias, perde-se algo de essencial. A genuína ideia de empreendimento, de geração de dinâmicas económicas, a noção de retorno e acima de tudo justiça social. Assim não funciona. E isto aplica-se a projectos de ordem diversa. Não excluo a Cornucópia e afins. São bons exemplos de erros de intransigência e incompetência em gestão de empresas. Há dias brinquei com a ideia de um Teatro Haitong ou uma Fundação das Artes Altice, mas não estava a brincar. A imagem é boa e serve. Portugal deve rapidamente pensar uma estratégia duradoura. No entanto, o país padece de um problema grave - a falta de visão. E nessa obscuridão lá aparece um velho projecto sacado da mesma gaveta de promessas e avarias. E que tal um novo aeroporto? E lá surge uma OTA de cara lavada para fazer mexer o sector das construtoras. É assim que funciona. Dizem que é teatro. Mas sai sempre caro. Não acreditem. Dinheiro não cai dos céus. E daqui a nada quando os bancos Wachovia ou a Wells Fargo abrirem sucursais na Lapa e no Intendente não roguem pragas ao Durão Barroso e à Goldman Sachs. O cozinhado é da casa. A receita tem dono.
António Domingues sente-se ofendido? Hahahahahahahahahahahahahahahahahahahahah! Trump também. Hillary também, mas sobretudo José Sócrates. Minhas senhoras e meus senhores, o que vem a ser isto? Não quis fazer prova de património tido? Fora daqui é a minha resposta. Ou, caso estejamos no oeste americano, get the hell out of here! Esta mania de ocultação de património ou rendimentos tem de acabar. Cá para mim o PS montou-lhe a rasteira por forma a abrir caminho para um outro candidato escolhido a dedo. Não me venham com tretas que não fizeram o due diligence político, patrimonial e fiscal. O Domingues foi carne para canhão. O presidente trimestral foi sacrificado, mas pode orgulhar-se de terem feito uma lei à sua medida. Uma espécie de lei Bosman dos banqueiros. No seu caso atribuir-lhe-ia o cognome de bancário. Mal teve tempo de entrar na sucursal de um novo milénio imaginado pela geringonça. A Catarina Martins fez parte do guião. Como actriz, que diz ser, aproveitou a dança de cadeira de remunerações da CGD para deixar escorrer umas lágrimas de crocodila, mas cravou na lapela do pobre Domingues um pin de aprovação. Ou seja, o falhanço, encenado ou não, é colectivo - é geringonçal. Por outro lado, o facto do senhor com apelido de fim de fim de semana não desejar mostrar a sua caderneta de posses também deve ser levado em conta. Em nome da transparência, e havendo suspeição de ocultação de haveres indevidos e ganhos pouco católicos, o ministério público deveria emitir um mandato de exibicionista para que saibamos todos o que esconde o ex-caixeiro debaixo do sobretudo. Por muito menos fotocópias o filósofo-carisma foi de cana. Haja equilíbrio na gestão desta carteira de certificados de desafogo. Para produtos tóxicos já bastaram o BES e associados. Ser banqueiro, nos dias que correm, não é nada fácil. Adiante. Próximo.
Sem demoras e sem rodeios: quem controla a estrutura accionista do Santander? Quais as ligações dessa instituição financeira ao PSOE (Partido Socialista Obrero Español) e ao Partido Socialista cá do burgo? Por que razão António Costa decreta tão celeremente o apoio a esta causa com o dinheiro dos contribuintes? Por que razão, em nome da ideologia anti-especulativa, a Catarina Martins ou o Jerónimo de Sousa não nomeiam directores-executivos para o conselho de administração do Santander Totta? Como é possível António Costa ser igual aos ex-governantes que ele tanto criticou? E por último; quais as novas medidas de Austeridade para fazer face às novas despesas de tesouraria? Talvez os socialistas do Rato possam pedir um empréstimo aos de Moncloa, se estes chegarem a mandar naquela casa. Como vêem, nem sequer foi necessário usar a palavra Banif uma vez sequer. As eleições em Espanha já sopraram os seus ventos para o largo do Rato.
Nunca o mercado de trabalho esteve tão agitado. De um lado temos quem procure emprego a todo o custo. Pelo menos três candidatos não passaram na primeira fase de selecção e agora insurgem-se contra o examinador, mas não declaram que queiram repetir a prova - não vale a pena, não estão preparados. Esses discentes tentam agora, em conluio, ser seleccionados. Juntos dizem ser capazes de responder às perguntas do teste. Foram às entrevistas preliminares e agora vão montar um arraial na sala de aula. Juntos passam, dizem eles. Juntos têm a inteligência necessária. Somados são um Q.I. impressionante. Mas isso não chega e nem se entendem a rabiscar umas cábulas. E fica provado que os dotes e as faculdades matemáticas não são suficientes para se ser intelectualmente honesto. O governo de coligação sabe que não pode prometer o que o Partido Socialista e os seus amigos de Alex andam a jurar a pés juntos. A pergunta que deve ser colocada aos Portugueses: preferem a realidade dura e crua da necessidade de continuar a fazer um esforço em nome da salvação nacional, ou preferem um (des)conto de fadas polvilhado com fantasias de carteira recheada? Parece-me a mim que a época da fé cega acabou. O sacrifício dos cidadãos deste país não deve ser desbaratado. Se analisarmos com atenção as implicações monetárias do sonho da liga de Esquerda, facilmente chegamos à conclusão que quem tem mais a lucrar com a "ficção monetária" são os bancos, as mesmas instituições financeiras que estão na génese do descalabro económico e financeiro da Europa dos nossos tempos. As mãos largas dos socialistas e das suas filiais significa que será no mercado aberto dos "empréstimos a prazo" que se irão financiar para dar a volta ao texto e ganhar a simpatia dos portugueses. Não há nada de ideológico nesta conta de merceeiro. Se a casa não tem dinheiro em caixa, terá, indubitavelmente, de pedir a quem tenha. As taxas de juro, que têm sido ignoradas durante este período de "nem há acordo nem a gente almoça", voltarão à carga negativa da sua expressão assim que o golpe palaciano for levado a cabo por António Costa e os seus novos camaradas. Quando isso acontecer quero ver como justificam a sua tese moral, a sua matriz de partido que entende os anseios da população. Nada disto pode ser convertido em fichas de interrupção voluntária da gravidez e outros fait-diver fora de época. Temo por Portugal. O esforço hercúleo corre o risco de se esvair por uma albufeira qualquer.
Muitas possibilidades existem para uma reedição da funesta tarde daquele início do ano de 1908. Para evitar qualquer imprevisto e dadas as circunstâncias bem presentes, sugere-se como urgente a colocação da máxima segurança em torno do 1º ministro e do governador do Banco de Portugal.
Não precisam de um desenho explicativo, pois não? É que já não estamos nos áureos tempos de certas embaixadas enviadas a S. Bento, dali facilmente sacando dissoluções parlamentares.
Bem sei, sou má-língua.
Conheço muito bem um destes apartamentos, aqui viveu um amigo de décadas, o Ico. Podem ir imaginando o que ali está, desde magníficas portas e portadas de excelente madeira, até aos salões com estuques admiráveis, soalho de tábua corrida, etc. Uma grandiosidade de outros tempos e passível de restauro.
Vai tudo abaixo, ficando a fachada. Beneficiários? Adivinhem... ou será preciso fazer um desenho? A foto é explícita e não me digam que na CML não existe um certo conflito de interesses.
Enquanto o Banco Central Europeu (BCE) realiza stress tests a quatro instituições financeiras nacionais, pergunto se alguém fará um teste ao stress dos milhões de cidadãos deste país. Ocupados que estamos com Sócrates e as suas distracções de retórica; Angola e a novela de Machete; manifestações de inter-sindicais com ponte ou sem ponta que se pegue, os temas da centralidade nacional parece que seguiram por uma estrada secundária. A principal mascote da crise - o desempregado -, parece ter sido secundarizada. É impressão minha, ou será que os tempos de antena dos últimos dois meses estão dedicados a outras causas? Não tenho assistido a muitas peças sobre esse flagelo. Há escassas semanas, bastava ligar o televisor e seguíamos para bingo - reportagens e mais reportagens sobre novas inscrições nos centros de emprego espalhados ao comprido em Portugal; peças sobre encerramentos de unidades industriais no Norte e, claro está, umas estórias de emigração à mistura. Mas, concordemos, houve aqui um certo abrandamento no tratamento da questão. Enquanto decorrem uns eventos no estrangeiro que até têm a sua utilidade em termos de captação de investimento directo estrangeiro, o governo de Portugal parece assumir internamente uma alteração fundamental dos factores estruturais da economia. Pela conversa académica que acontece um pouco por todo o mundo, o emprego jamais tornará a ser o que era. O conceito académico de pleno emprego levou uma marrada forte e está em estado crítico, em coma. Embora não o digam abertamente para não gerar ainda mais ondas de choque, a verdade é que o desemprego veio para ficar ou, dito de outro modo, o emprego, quando voltar, não será o mesmo. Se o desemprego conseguir baixar para os 10% será uma sorte. Aqueles que perderam os seus empregos e que se encontram numa espécie de purgatório laboral, não têm muito por onde escolher. Mesmo que consigam arranjar trabalho, a carga contributiva arrasa com a vontade produtiva e, nessa medida, mais vale ficar quieto e não procurar o que quer que seja. As empresas - que efectivamente realizáram uma reforma do seu estado corporativo - ao despedir milhares de trabalhadores (alegadamente em nome da sua sobrevivência), irão ter alguma relutância em adicionar camadas laborais gordurosas. Em nome da tal união bancária e respectiva supervisão, o BCE quer saber se os bancos europeus cumprem os requisítos de solidez financeira, mas uma outra competição está a decorrer. A Europa quer saber se está em condições de disputar lideranças financeiras, de pôr em causa os intentos de gigantes bancários americanos ou asiáticos. Há muita matéria que está em causa no novo ordenamento económico e financeiro do mundo, mas o pequeno trabalhador parece ser um mal menor na nova ordem que agora se configura. A formiga que vive com um stress desgraçado nem sequer consegue uma consulta médica para que lhe façam uns exames ao corpo e à alma.
Jornal de Negócios, 15 de Outubro de 2004:
Poucas semanas depois, Jorge Sampaio demitia o governo de Pedro Santana Lopes («má moeda», segundo Cavaco Silva), abrindo caminho para a chegada de José Sócrates ao poder, com tudo o que se sabe. Sócrates gastou tudo o que Estado tinha e não tinha, deixou o país enterrado em dívidas e negócios ruinosos, e só saíu do poder quando a banca lhe fechou a torneira.
E agora, o que se passa?
Jornal I, 16 de Outubro de 2013:
«O presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), Fernando Faria de Oliveira, considerou hoje que o aumento da contribuição extraordinária sobre a banca previsto na proposta de Orçamento de Estado para 2014 (OE2014) é uma notícia "desagradável" para o setor.
E dias depois, eis quem reaparece em cena e ao ataque...
O que o Fernando Ulrich afirma pode ser refutado por uma criança que tenha chumbado no exame do 4º ano. O que o presidente de um banco diz é uma tontaria que não faz sentido seja qual for o grau de demência - o nosso ou o dele. O que pensam da seguinte ideia; faço um rico bolo de chocolate, coloco-o sobre a mesa para a festa de aniversário de um ente querido, e de repente um glutão irrompe casa dentro, e zás, com uma faca de mato, abarbata-me um terço do bolo? Ou então escrevo um livro e catrapum, um vírus maluco toma conta do pc e leva-me sete capítulos da minha obra, o equivalente a 40% da minha narrativa, da minha alegada criatividade. Pois é. É disso mesmo que se trata - roubo descarado. E há mais, a ideia de um monstro engolir os frutos do meu trabalho, funciona como um antídoto para mais nada fazer, para mais nada produzir, para ser um peso para a sociedade e passar a ser um vegetal. A mensagem enviada é a seguinte; não vale a pena acrescentar valor porque mais tarde será subtraído. Seja o limite de 100.000 euros ou de 10.000, não deixa de ser um assalto à mão desarmada, uma violência. Uma prática de um regime autoritário com todos os seus requintes. Mas há mais. Diz ele que não precisamos de investimento directo estrangeiro? Em que século vive este homem? O que é a emissão de dívida, meu amigo? É a compra de títulos de tesouro principalmente por entidades estrangeiras! Como é que este homem pode ser o presidente de um banco, se não percebe nada da dinâmica da economia e de psicologia de massas? Se o Ulrich acha bem a apropriação de uma boa parte dos depósitos daqueles que têm mais de cem mil euros, estará a contribuir para a concretização do seu segundo desejo. Se essa regra for constituída, que boa alma estrangeira ou que multinacional desejará investir numa república que rouba as bananas aos seus macacos? Levanto outra questão, embora admita não gostar de misturar o foro privado com questões do domínio público, mas o Ulrich (e concerteza que há mais, mais rich ou menos rich!) não me deixa grandes alternativas. Para este presidente de banco, sugerir, à laia do realizado no Chipre, meter a mão em bolso alheio, é porque o seu património se encontrará a salvo, numa qualquer ilha onde a comissão europeia não lhe consegue deitar a mão. Minha nossa senhora dos depósitos!, que rica prenda nos saiu este Ulrich.
A empregada de limpeza que ganhou o jackpot do Euromilhões na passada Sexta-feira provavelmente ainda não terá caído em si. Não são todos os dias que se recebem 51 milhões de Euros. Para termos uma noção da quantia, mas de um modo troikiano, seriam necessárias 1529 empregadas-ganhadoras para o valor ser equivalente aos 78 mil milhões da ajuda externa recebida. São de facto muitas passagens de esfregona e litros sem fim de Sonasol. Gostaria de saber, se o dinheiro recebido ao abrigo do programa de ajuda externa do FMI, não seria melhor empregue se dividido por um número assinalável de pessoas que fazem parte da economia real, que trabalham de sol a sol e que não fazem parte de um cartel de bancos ou de consórcios de construtoras? Por outro lado, a empregada de limpeza, na qualidade de profissional de outro ramo que não a gestão financeira, ver-se-á a braços com um ou vários dilemas. Mas restringemo-nos ao dilema de prisioneiro do guito. Ao dilema de ser preso por ter ou não ter pilim. A dama premiada ficou agarrada a uma fortuna que certamente será gerida por inimigos. Agentes que trabalham para as mesmíssimas instituições financeiras que estão na origem ou muito perto da eclosão da crise. Que propostas aliciantes far-lhe-ão logo pela manhã?: "Estou sim. Tenho o prazer de falar com a Sra. D. Palmira? (sim, agora já é dona, antes era uma miserável!). Estou a ligar por causa daqueles dinheiros. Sim, sim. Exacto. Olhe, temos uma coisa boa para si. Um produto que vai gostar. É uma conta especial ordenado mas ao contrário. Exacto. Sim, senhora. Vão pingando notas de euro na sua conta à ordem, todos os meses sem falta. Não tem de se preocupar. É uma taxa fixa. Uma coisa certinha. Quando é que lhe dá jeito mandarmos aí um rapaz para falar consigo? Ou prefere passar aqui pelo balcão, assim, por volta de umas duas horas? Está bem. Está combinado então. Venha cá que a gente trata da massa num instante. Pode ficar descansada. Então, com licença Dra. Palmira (sim, agora já é Dra., antes era uma pobre dona de casa) Muito obrigado. Cá a esperamos para lhe fazer a folha. Muito obrigado. Com licença, com licença...
Não existem grandes diferenças entre Lance Armstrong e um pelotão de banqueiros. Mentiram anos a fio e especializaram-se na preparação de cocktails. No primeiro caso para consumo próprio, e no segundo para servir um sem número de crentes na camisola amarela, no prémio de um montante financeiro. As voltas dadas pelo ciclista são parecidas com a noção de ganhos eternos, consubstanciada noutro tipo de veículos - structured investment vehicles -, que serviram de estafeta para produtos financeiros altamente tóxicos. Como podem facilmente constatar, faz tudo parte da mesma lógica de engano e decepção. Não deixa de ser curioso o aspecto quase simultâneo dos respectivos engodos. Enquanto os Lehman Brothers e Goldman Sachs deste mundo andavam a congeminar novas armadilhas para agarrar incautos, Lance Armstrong fez-se à estrada numa espécie de roadshow de mau gosto. Não percebo porque raio o U.S. Postal Service foi patrocinar o rapaz? Teria feito muito mais sentido se as insígnias de bancos malandros estivessem estampadas na sua camisola. De qualquer maneira, a crise ética que nos assola tem mais uma mascote para colocar em cima do frigorífico ao lado de outros cromos. Os Franceses, no meio desta trapalhada, querem as voltas de volta e parece que já existe um lobby poderoso em busca de uma indemnização mais avultada. Correm rumores que a Estátua da Liberdade bastaria para saldar as contas do prestígio, da desonra.
Como é que eles diziam há um ano? «Nós não somos Portugal». Pues que no.
Pois. O Estado cá também gosta de regular coisas: proibir carros com mais de 20 anos de circular em Lisboa, proibir o consumo de álcool antes dos 18 anos e proibir as colheres de pau nos restaurantes. Coisas realmente importantes.
Soube-se hoje pelos media, que divulgam dados do BCE, que desapareceram 2.323 bancos desde a criação do Euro. Assim, o número de bancos na zona euro recuou 4% em 2011, face ao ano anterior, informa o Banco Central Europeu (BCE).
A zona euro contava com 7.533 bancos no dia 1 de Janeiro deste ano, 332 instituições menos que no mesmo dia de 2011, um decréscimo que foi observado em toda a região, de acordo com estatísticas publicadas hoje.
O recuo mais forte em percentagem foi observado na Irlanda (15%), seguido de uma redução de 8% no Luxemburgo, 6% em Chipre, e ainda 5% em França e na Grécia.
Em número de instituições, a Irlanda lidera também, com 106 sociedades financeiras extintas, seguida da França 59), Luxemburgo (48) e Alemanha (43).
O BCE constata que, apesar do alargamento da zona euro desde a sua criação em 1999, o número de instituições financeiras não parou de diminuir, alcançando já os 24% num total de 2.323 bancos desaparecidos.
Em 1 de Janeiro de 2012, a Alemanha e a França albergavam 41% dos estabelecimentos bancários da zona euro. A União Europeia, no seu conjunto, perdeu 334 sociedades financeiras em 2011, sendo que 9.587 bancos continuam altivos na UE.
No meio disto tudo, e sendo Portugal um dos 2 países financeiramente mais afectados da Zona Euro, conjuntamente com a Grécia, natural seria que vários fossem os bancos portugueses que também desaparecessem. Tal não sucede contudo. Por cá os Governos preferiram apoiá-los do que deixar a sua sorte nas mãos do mercado. É a tal teoria dos riscos endémicos defendida por uns quantos para justificar o que não tem justificação. Com o argumento, velho conhecido, de que a banca portuguesa é segura.
O problema é que quem paga esta "segurança", estes "luxos" que, de práticas neo-liberais nada têm, é o Zé Povo! Não é Dr. Mira Amaral?
Jerry O’Driscoll, antigo vice-presidente da Fed, entrevistado pelo Juíz Napolitano, fala sobre o gravíssimo problema da Grécia:
«Os bancos no interior da UE financiam os défices dos seus governos. Não se trata apenas de os bancos gregos comprarem dívida grega, mas também de os bancos franceses emprestarem dinheiro aos bancos gregos. E de os bancos franceses comprarem obrigações do estado italiano. Para além dos bancos dos EUA emprestarem dinheiro aos bancos da UE. Menos conhecido é o facto de as instituições financeiras do mercado americano deterem uma quantidade significativa de dívida emitida por bancos da UE. E de a Fed garantir financiamento em dólares aos bancos da UE.
Defaults soberanos por lá [na UE] causarão um grande impacto por cá [EUA]. E, para mais, há o nosso próprio problema de dívida pública.» (tradução minha de um excerto de The Crisis in the EU, por Jerry O’Driscoll, em ThinkMarkets)
Lew Rockwell no Russia Today (via O Insurgente):
...aconteceu e agora, talvez estejamos a chegar ao momento de conhecermos muitos segredos até hoje bem guardados. Se atenderem à cronologia das declarações e reuniões em Belém e em S. Bento, facilmente se depreende que quem "recomenda" - manda -, são os senhores Salgado, Ulrich e outros colegas. Um "patriotismo" um tanto ou quanto tardio.
Os criadores de factos que preenchem a hora dos telejornais, entusiasmaram o areópago beneditino, com a ameaça do ministro Teixeira dos Santos em retirar o aval do Estado aos bancos. Consta que estas seríssimas e benfazejas entidades, têm sido bastante avaras e exigentes nos empréstimos a conceder a empresas em dificuldades de tesouraria. Esquecendo-se bem depressa do ruinoso papel que lhes coube na actual crise, vêm agora, recuperada a arrogância de há bem pouco tempo, fechar os cordões à bolsa que nem sequer lhes pertence, pois na verdade, aquele manancial de dinheiro sai directamente dos bolsos dos cidadãos e dos cofres das empresas, via impostos directos e indirectos. O desplante não tem fim e até um responsável do BES veio à televisão e com ar de ameaça, foi dizendo que a posição do ministro não passa de um bluff! Mais, afirmou peremptoriamente que "não vê qualquer hipótese de o governo retirar a ajuda prestada à banca". Ipsis verbis.
Pois senhor conta-notas do BES, há quem não esteja pelos ajustes e imagine até uma forma bastante sucinta de aparar certas escapadas das habituais aves de arribação: aplique-se coercivamente a obrigatoriedade do controle de todas as actividades dos bancos que receberam dinheiros públicos, através de comissões de fiscalização in situ, ou em caso extremo, passemos à expropriação. O contribuinte agradece e não se perde coisa alguma. Mais, os principais accionistas de uma certa entidade bancária de milionários, deveriam, em caso de ajuda do Estado - já consumada -, ser obrigados a deixar património como caução de futuro ressarcimento do auxílio: num certo caso, a SIC ou a Impresa serviam muito bem.
Quanto ao governo, as medidas de apoio às empresas são sempre positivas, mas seriam mais efectivas e rápidas, se o próprio executivo, através do ministério da tutela, criasse uma secretaria para proceder directamente a essas ajudas. Os bancos não merecem receber um único cêntimo de juros desse dinheiro que não lhes pertence, nem muito menos, beneficiar das habituais habilidades contratuais, destinadas a engordar o pecúlio nos balanços de contas anuais.
Neste assunto, o governo muito tem a ganhar se possuir uma característica bastante apreciada pelos eleitores: pulso forte.