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Pelos vistos, anda muita gente distraída com casos secundários. Há perto de um ano, alguém hasteou a mesmíssima bandeira ao contrário. Diante de todas as objectivas de fotógrafos e das câmeras de tv, o zelador-mor da República foi até ao fim, não parecendo muito aborrecido pela habilidade. Não consta ter sido movido qualquer processo "derivado" do ultraje à flâmula do regime.
No antigo Reino dos Algarves, existe uma justiça muito mais célere e capaz de colocar os prevaricadores em sentido.
Estranho país que viu serem queimadas milhares de bandeiras nacionais num já longínquo 1º de Dezembro de 1910. Celebraram este crime como grande coisa, como se se tratasse de um clarão libertador. E quem caprichadamente organizou esse ultraje? Nada mais nada menos senão a gente do poder instituído por assalto, exactamente aqueles que foram os antecessores de quem actualmente o exerce e faz respeitar através do conhecido sistema "dois pesos e duas medidas".
Definitivamente, a localidade de Paredes - e o pateta PSD lá do sítio- parece estar a tornar-se num local mal frequentado. Diz-se por aí que o edil perdeu a cabeça e resolveu comemorar não se sabe bem o quê e quem, erguendo um pau de bandeira com perto de cem metros de altura. Logo a correr, veio o senhor da tutela manifestar o seu apoio a tal iniciativa, exactamente no momento em que o governo pede sacrifícios e contenção nos gastos. Um milhão de Euros vai custar a brincadeira de mau gosto político e visual. Mau gosto visual, porque a coisa está desprestigiada, pouco tem que ver com o Portugal que interessa - o dos 900 anos de História - e ainda por cima, é feia e simboliza a derrota de um século. Mau gosto político, porque mais uma rotunda ou o trigésimo melhoramento nas infraestruturas desportivas da localidade, seriam obras mais úteis. Mas em Paredes, o dinheiro corre num caudal digno do Amazonas. Não há melhoramentos a fazer nos centros sociais, nem os Bombeiros precisam de mais meios, sejam eles de combate a fogos ou ambulâncias. Em Paredes, a terceira idade vive em casas aquecidas, decentemente construídas e com todos os confortos. Em Paredes, não são necessárias creches nem jardins de infância. Em Paredes, as estradas são impecáveis e o saneamento básico recomenda-se. Então, porque não atirar ao vento mais um milhão desnecessário?
O que vale, é a justiceira natureza que com uma brisa mais forte fará o pano de polyester cobrir uns metros quadrados do buraco de ozono, lá para as bandas do Polo Sul. Enfim, é o parolismo Guiness Record no seu melhor.
Aqui em Portugal e desta vez bem longe de Lisboa, espatifa-se mais uma batelada de massa que escapa à contabilidade dos 10 milhões da Comissão do Centenário, aos 17,5 milhões anuais de Belém e ao "pagamento por conta" aos presidentes passivos ainda no activo do Orçamento de Estado. Sem sequer falarmos mais na comemoração republicana da adulteração do Terreiro do Paço.
Rui Ramos tem razão. A coisa está mesmo por um fio.
É fartar, vilanagem! Irra!
Em 2008, o sr. Marcos Perestrelo, na homenagem à Bandeira Absolutista
(notem bem o pormenor do azul e branco nas fitinhas)
António Costa está a banhos e não voltou a Lisboa por causa da Bandeira Nacional. Fez bem, até porque o presidente da autarquia, sabe que seria uma insensatez envolver-se no turbilhão de parvoeiras que os "do costume" engendraram. Dando de barato as patacoadas do betinho Rui Tavares - suplente de serviço dos outros ainda mais betinhos (e ricos da mamã) Louçã, Portas, meninas A. Dias e Drago, etc -, concentremo-nos no essencial.
Além do Estado português considerar oficialmente a Bandeira Nacional (azul e branca) como um símbolo histórico - e por isso mesmo intocável - do país, consagra-a todos os anos no desfile das Forças Armadas a 10 de Junho. Ainda há dois meses, esta bandeira foi a última a apresentar-se na parada - destaque supremo! -, transportada por um aluno do Colégio Militar e com todas as honras da praxe prestadas pelos militares, membros do governo e da AR presentes e claro está, pelo teórico comandante supremo, o sr. dr. AC Silva. Assim, deste modo fica este assunto encerrado.
O que se torna bastante risível, é esta fúria contra a Bandeira que significa nem mais nem menos, senão o sistema representativo que a actual Constituição do regime também consagra. Tratando-se de comichosos e sarnentos ataques camarários, a situação atinge as raias do grotesco, pois todos os anos e de forma infalível, os presidentes da Câmara Municipal de Lisboa - ou um seu representante -, dobram a cerviz a uma outra bandeira monárquica, a indevidamente chamada Bandeira da Restauração, exactamente aquela que mais tempo flutuou nos territórios portugueses de aquém e além-mar. Apenas uma nota humorística que terá passado despercebida aos senhores doutos ou arquitectónicos gerentes camarários: é que esta bandeira perante a qual tão humildemente se curvam, é também aquela que acabou por ficar ligada ao que - incorrectamente - se convencionou chamar de Antigo Regime, ou na gíria arrogante dos orgulhosos ignorantes "do costume", o tal famigerado "Absolutismo", Miguelismo, ou "Apostolicismo", etc, etc.
Enfim, este é um acepipe que se serve frio ao sr. Sande Salgado, indo perfeitamente ao encontro daquilo que o aristocrático nome de Sua Exa. sugere: é o que acontece, quando nem sequer se dão ao trabalho de abrir um livrinho da 4ª classe.
E para terminar, aqui deixo a prosa do sr. Marcos Perestrelo (PS), na ora (2008) diante da Bandeira "do Absolutismo" e em representação do dr. António Costa:
“é com o olhar do presente e do futuro que queremos celebrar o passado”. Aludindo aos acontecimentos do dia 1º de Dezembro de 1640 e aos conjurados que os protagonizaram, o autarca lembrou os que “conseguiram vencer a adversidade, afirmando uma convicção, uma vontade e uma coragem maiores que o medo, o cálculo, o interesse ou a comodidade pessoal”, numa acção “na melhor tradição portuguesa e lisboeta da liberdade”.
Marcos Perestrello não deixou de estabelecer paralelos entre aquela época histórica e a actualidade, recordando que a Restauração é uma lição tanto mais importante em “tempos de crise e de desafio, que exigem de nós maior tenacidade, mais coesão, maior ousadia”, defendendo que “o patriotismo de hoje não precisa, para se afirmar, de ser um patriotismo negativo”, mas “um patriotismo positivo”, concluindo com uma citação de Padre António Vieira: “os bons anos não os dá quem os deseja, senão quem os assegura”.
Um monárquico não diria melhor. Talvez ele também o seja e nesse caso, parabéns, camarada!
Afinal é esta, a favorita da Câmara Municipal de Lisboa.