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Num inacreditável artigo de desavergonhada publicidade ao Blackberry, o Expresso do Sr. Balsemão tenta entusiasmar-nos com as potencialidades telefónicas e mensageiras do aparelhozinho dispendioso que anda em mãos de "oprimidos de classe, pedintes e esfomeados". Com alguns erros "modernos" - por exemplo, "tenham um Blackberry e estejam no sítio errado há hora errada serão"... - e dois vídeos publicitários da maravilha tecnológica, o jornal vai fazendo pela vidinha. Sempre é melhor que partir montras e incendiar casas e lojas. No próximo 10 de Junho, merecerá uma condecoração da República da Pioheira.
Na esteira da questão aqui deixada pelo Samuel, uma rápida visita ao 5 Dias é susceptível de um agradável reencontro com as "contradições de base" de uma certa esquerda auto-condecorada de "revolucionária". Há que utilizar o imenso arsenal que o discurso daqueles que sendo imaginados pós-marxistas, ainda disso não se conseguiram livrar. Vivem e progridem recozinhando o pot-pourri e as ferramentas que o insidioso capitalismo burguês lhes proporciona e a primeira das quais decerto será a total liberdade de expressão.
Num entusiasmado post, Raquel Varela escancara-se a delírios interpretativos acerca do que se tem passado no Reino Unido, evocando uma desejável atitude da "classe trabalhadora organizada". Já a imagino de sotaque "à tia cascalense", aventando todas as hipóteses possíveis e imaginárias. Nem sequer se lembrando das "dinâmicas revolucionárias" que na violência e apenas na violência pretensamente legitimada por montanhas de ilegíveis papiros conseguiu atingir os seus fins, a posttista Raquel resolveu-se a escarrar sobre Marx, após o esbofetear quando lhe nega o apelo a essa mesmíssima e necessária brutalidade, sem deixar passar ao de leve, a sempiterna questão anti-partidos, afinal o ponto essencial do arrazoado hieroglífico. Prossegue os sonhos destas quentes noites de um verão que ainda vai a meio, com a chamada de atenção para uma imensa capacidade tagareleira de um certo David Karvala que de forma mais ou menos cavalar, tece considerações acerca daquilo que Raquel apoda de "imenso exército industrial de reserva " - os oportunamente chamados "jovens", neste termo cabendo todo e qualquer vulgar bandido sem grandes "preocupações classistas" ou de ideologia - , desde logo quase santificando um conhecido traficante e violento meliante, Mark Dugan, desde já alçado a ícone sucedâneo de um qualquer etarra. Sintomaticamente, Karvala transplanta de imediato a situação para o chamado 15-M de Madrid, como se na capital espanhola tivessem ocorrido qualquer tipo de depredações ou violências, aliás pouco gratuitas. No caso britânico, o crime compensa e o móbil é o pouco marxista apelo ao consumo e ao dinheiro alheio.
A profunda estupidez que vive de quimeras e do ensimesmar de fantasias sem qualquer fundo de verdade, torna-se numa espécie de hino que recanta o estafadíssimo "uni-vos!" de outros tempos. Não faltam sequer os partenaires brancos, pretos, asiáticos e até, pasme-se judeus ortodoxos, numa espécie de Internacional. Este último efeito, como uma nota de rodapé, será tão mais curioso porque se sabe que estes chamados "judeus ortodoxos" são precisamente aqueles que se opõem à existência de Israel enquanto Estado soberano, daí a hábil nuance que Raquel Varela obviamente não conseguiu lobrigar e que sem o querer, a irmanam ao irmão-siamês nacional-socialista. Uma maçada. Raquel deparou com uma galera disponível na piscina do resort meridional e para dentro da dita cuja saltou, brincando a uma batalha naval tão realista como aquela que vimos há décadas no Ben-Hur. O resto da cantilena-rebotalho Karvalista já se sabe e dispensa qualquer tipo de comentários: "disturbios no son producto del multiculturalismo, sino del racismo y del capitalismo", "dinámica peligrosa de conflicto", "la cuestión fundamental en estos choques entre jóvenes y tenderos no es racial, sino de clase", "importantes movimientos que han unido a personas de diferentes orígenes, como el amplio movimiento antifascista y el movimiento antiguerra". Nada de novo, este é o habitual ratoneirsmo que provém daquele orfanato auspiciosamente aberto em 1989 e que já conhecia profícua obra durante o período pós 1905, mas que entre a realidade e a ficção, não conseguiu traçar aquela fronteira essencial que confere um mínimo de solidez ao discurso. Palavras que o vento levou.
Em suma, este Karvala pretende imaginar-se como um sucedâneo dos "teóricos" da superstição e à maneira do camaradamente picaretado Trostky, giza hipóteses de concentração de esforços tendentes, claro está, ao surgimento de uma "força política", talvez uma daquelas em que Portugal foi tão pródigo e que traduzida para o inglês, poderá apascentar-se numa sigla ao estilo PSR, UDP, PCTP, FEC-ML, FSP, MES, PRP-BR, LCI, PUP, PCR, PCP-ML, POUS, AOC ou outras tantas nanidades cujo interesse é de tal modo notório que a memória as esqueceu. A ideia peregrina de erguer uma "alternativa revolucionária" composta por gatunos do tipo "iá meu, tô a curtir a onda.., e passa pra cá as tuas calinas!", é no mínimo fantástica e um fabuloso presente graciosamente oferecido "às massas reaccionárias burguesas do opressivo sistema imposto pela Monarquia trabalhista, conservadora e lib-dem". Haja paciência para tanto empafiado cretinismo!
Entretanto e deixando para trás ardores que aconselham umas idas a banhos semi-gelados na Caparica, aqui está um texto que interessa.
Ainda há poucos dias, vertiam-se bidões de tinta a propósito do ataque terrorista na Noruega. Ansiosamente tentaram encontrar explicações que fugissem ao óbvio, aliás perfeitamente apontado pelo autor dos atentados e o assunto foi deaparecendo aos poucos, dados os embaraços evidenciados por informações que já não podem ser ocultadas. Sempre é preferível evitar melindres em certas franjas, arranjado-se uma desculpa que invariavelmente aponta para o cubículo almofadado de qualquer manicómio. Prático, mas ineficaz.
Desde há muito nos habituámos às escaramuças e depredações nas ruas franceseas, mas agora, o caso é outro. O que está a suceder no Reino Unido, não se trata de um aviso para uma situação futura. Ela já tinha começado há anos - recordam-se dos episódios de Finnsbury Park e da pregação da odiosa "guerra santa"? -, é bem presente e não parece ter solução possível. O remédio existe, mas vai contra todos os pressupostos políticos das forças dominantes, por muito que nos últimos anos os tenham tentatdo matizar com medidas avulsas. Não existindo qualquer possibilidade para a partida de gente que há muito se encontra radicada no solo europeu, urge enviar um claro sinal ao resto do mundo: esta Europa em decrepitude acelerada, não pode, nem quer receber mais gente. A Europa no seu todo heteróclito, pretende bem tratar os seus - onde se incluem aqueles que para cá vieram - mas para isso, terá de ser europeia em tudo aquilo que o termo significa. Esse sinal de firmeza será entendido e então, talvez o respeito e a normal convivência poderão regressar. Se sobre uma crise económica e financeira, desabar a anarquia nas ruas e a dilaceração da política, temos o quadro completo para uma alteração radical daquilo que julgávamos eterno. No caso de não existir uma resposta firme, o sistema liberal poderá pagar um preço bem caro.
Urge tomarem-se medidas contra o banditismo, mas a pergunta a colocar é apenas uma: onde estão os homens para tal?
Esta é uma boa notícia. Melhor ainda seria se possuindo um émulo do Dr. Zawi Hawass, o nosso país exigisse a devolução das centenas de espécimes roubados pelos franceses aquando as Invasões. São bem conhecidos e facilmente identificáveis em Paris.
Via Margarida Pereira, recebi o seguinte texto:
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Murdoch pode muito bem ser considerado como um bandido global. Vigarista e prazenteiro linchador, despejou baldes de lixo em todas as tentativas de desestabilização das instituições em países da Commonwealth, colocando a sua imprensa ao nível de uma cloaca maxima. Enquanto açulou o lumpen contra as chamadas "classes privilegiadas" - Monarquia, políticos, intelectuais, alguns sectores empresariais -, tudo lhe correu pelo melhor, "futebolizando" sociedades inteiras. Desde sempre procurou manipular eleições, condicionando a liberdade de expressão dos agentes políticos, nada nem ninguém respeitando. Foi por excelência o cultor do reles que dia a dia fez parangonas, destruiu reputações, inventou "casos" e cobriu de lama a reputação do jornalismo independente.
Os ventos bonaçosos mudaram subitamente de direcção, quando o seu abjecto espiolhar se dirigiu para aqueles que falam um inglês dificilmente compreensível para os próprios. De facto, estamos perante uma excelente oportunidade para agrilhoar o Sr. Murdoch e pensa-se que apenas o seu dinheiro e o tráfico de influências, poderão impedir uma punição exemplar. Se tem muitos amigos copiosamente comprados ou ajoelhados pelo temor do exercício da chantagem, também conseguiu a notável proeza de concitar ódios duradouros ou pior ainda, o visceral desprezo.
Uma súbita e humilhante prisão sob os flashs e luzes das câmeras, um procurador público que com todo o aparato o retira do hotel e fa-lo entrar num carro celular "à americana" e finalmente, o provisório - e sem direito a caução - atirar do asqueroso traste para uma choça onde se digladiam facínoras de delito comum, seria pouco. Pouco, mas que belo exemplo para outros murdochzinhos que pululam por aí, inclusivamente no extremo ocidental da Europa. Mesmo que por apenas umas parcas 24 horas, que sinal se daria ao mundo!
Murdoch está em Londres, que bela oportunidade a não desperdiçar. Não, não se trata de mesquinho revanchismo. Trata-se de uma justiça reparadora das enormidades cometidas pelos sequazes da cabeça-mestra do News of the World. Não merece nada menos, tudo teria de ser "em grande", para memória futura.
Em suma, trata-se de uma repulsiva criatura.
O Correio da Manhã nada mais tem com que se preocupar? Os seus chefes já pensaram nas consequências e aproveitamento que esta petição poderá ter?
Comece a ter medo do belo conjunto de sala herdado dos seus sogros, assim como dos quadros, livros antigos, prataria ou porcelanas que vieram de casa dos seus pais. Tema por aqueles três fios de ouro que comprou há décadas ou recebeu de presente, sem que disso tenha qualquer factura/recibo. Esta notícia abrangente, consiste em mais uma intenção de controlo da sua vida, numa acintosa coacção moral e há que dizê-lo, deliberada tentativa de extorsão. Apenas falta explicitar como entrarão em casa dos alvos. O ano começa como se esperava, ou seja, estamos todos condenados ao IKEA.
Seria bem melhor se se preocupassem com a procura de fundos comunitários em paradeiro incerto, mas isso é um inconveniente boomerang.