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Portas cumpre o que prometeu a Costa e o CDS vota contra o Orçamento Rectificativo. Mesmo que o PSD se abstenha ou vote a favor, pelo menos o partido que integro vota da forma mais acertada, o que me leva, hoje, a sentir-me plenamente representado pelos seus líderes.
Luís Aguiar-Conraria, “As finanças são uma arma. Política é saber quando puxar o gatilho”.
Luís Menezes Leitao, Oposição a sério, precisa-se:
Se, como tudo indica, o PSD viabilizar o orçamento rectificativo, acho que deve ser Passos Coelho a demitir-se da liderança. O país precisa de uma oposição a sério a este governo e não de partidos amorfos, que vêem o seu próprio governo ser derrubado e vêm logo a seguir oferecer a outra face, apoiando quem os derrubou. E não me venham com a treta do interesse nacional. O interesse nacional é precisamente que não sejam gastos os 3.000 milhões que se quer meter no BANIF, agravando o défice e a dívida. O voto do PSD a favor deste orçamento só demonstrará uma coisa: que António Costa tem todas as condições para ser primeiro-ministro. Pedro Passos Coelho é que não tem manifestamente condições para continuar a liderar a oposição.
Poucas semanas depois, CDS e PSD têm a oportunidade de cumprir o que prometeram a António Costa. Basta recusarem-se a aprovar o Orçamento Rectificativo. É o que Costa merece e, além disso, é o mais acertado perante a desastrosa solução encontrada para o BANIF. Veremos se mantêm o que Portas prometeu e não se deixam ficar reféns de Costa e de um alegado pragmatismo que habitualmente passa por responsabilidade e sentido de Estado, mas que frequentemente serve apenas para justificar más decisões.
Sem demoras e sem rodeios: quem controla a estrutura accionista do Santander? Quais as ligações dessa instituição financeira ao PSOE (Partido Socialista Obrero Español) e ao Partido Socialista cá do burgo? Por que razão António Costa decreta tão celeremente o apoio a esta causa com o dinheiro dos contribuintes? Por que razão, em nome da ideologia anti-especulativa, a Catarina Martins ou o Jerónimo de Sousa não nomeiam directores-executivos para o conselho de administração do Santander Totta? Como é possível António Costa ser igual aos ex-governantes que ele tanto criticou? E por último; quais as novas medidas de Austeridade para fazer face às novas despesas de tesouraria? Talvez os socialistas do Rato possam pedir um empréstimo aos de Moncloa, se estes chegarem a mandar naquela casa. Como vêem, nem sequer foi necessário usar a palavra Banif uma vez sequer. As eleições em Espanha já sopraram os seus ventos para o largo do Rato.
Se o terramoto do Banco Espírito Santo serviu de mula de carga para todos os fretes político-partidários, o descalabro do Banif, por analogia, também irá servir para embrulhar muita matéria pendente. Para já referem a possibilidade de reciclagem dos CoCos (sim, cocós - dívida convertível) em capital, mas deve haver mais dejectos na calha para arremessar. Será que alguém vai ter a cabeça a prémio por uma caução milionária? António Costa - o nacionalizador por excelência -, vai ter de TAPizar esta bela prenda. Ou seja, tornar-se adepto da solução privada alicerçada no negócio puro e duro. As convicções partidário-monetaristas devem seguir sem mais nem menos pelo cano. Ou então paga o Estado. Ou então o governo salva o banco. Ou então, ou então, ou então. Daqui a nada teremos um Banido Mau e um Banif Bom, porque ideias faltam à congénere socialista. Devem imitar o guião. Embora os socialistas tenham preconizado a mudança do fuso horário político, em abono da verdade, estão a seguir as receitas do governo anterior. Mas o Jerónimo de Sousa está á coca e já avisou que se snifarem em excesso as linhas grossas do neo-liberalismo e do capitalismo porco, as luzes de Natal serão apagadas. Este banifado tem pano para mangas para ser cantado no ano que vem por tordos primaveris.
Há, hamletianamente falando, um método na loucura. Esse método é particularmente visível no debate económico sobre as grandes variáveis do Orçamento do Estado. Se os caríssimos leitores prestarem atenção ao que se vai escrevendo e dizendo sobre a política financeira do estadão, decerto repararão que, amiúde, o tema do socialismo bancário é chutado para um canto muito recôndito. A razão é simples de captar: não convém, de modo algum, incomodar o baronato bancário com perguntas dúbias. Vejamos, por exemplo, o seguinte dado: é sabido que o défice público comunicado pelas Finanças ao Instituto Nacional de Estatística no final de setembro, quantificado em 5,5% do produto interno bruto, não inclui os 700 milhões de euros dispendidos na "ajuda" ao Banif. Perante isto, o que é que a opinião publicada tem salientado nas suas croniquetas domingueiras? A resposta é sintomática e preocupante: as resmas de páginas escritas sobre este assunto versam exclusivamente sobre o incumprimento da meta acordada com a troika. Não há, como certamente já repararam, uma única página sobre o facto de o Estado continuar a entregar de bandeja os dinheiros públicos a meia dúzia de sátrapas bancários, cuja gestão obedece a critérios estranhos ao normal funcionamento de uma economia de mercado. Não há, pois, ninguém, com relevo, vá, que questione na praça pública o porquê de a banca continuar a ser bafejada pelos ventos quentes de um Estado absolutamente desrespeitador da propriedade privada. Como escrevi no início desta posta, há, efectivamente, um método nesta loucura. Os responsáveis deste monstro das bolachas obedecem, em primeira mão, ao sindicalismo financista, e aí quedarão até que um vento contrário os leve a procurar um novo porto de abrigo. A propriedade privada funciona, para esta gente, em circuito fechado. Se alguém cai, levando consigo as poupanças de milhões de aforradores, o poder público acorre imediatamente, qual Estado-providência dos Salgados e Roques necessitados. Quando o alvo é o zé povinho, a propriedade privada é uma asneirola a ser prontamente corrigida pelo bastão macerado da administração. É assim que a mundividência da República abrileira encara quem produz e empreende a expensas próprias. Portanto, o conselho que vos dou é que abram, o quanto antes, um banco. Se precisarem de ajuda, recorram aos Rendeiros e aos Oliveiras e Costa. Eles acederão sem demora.