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Uma das grandes parvoíces da cultura contemporânea - tenho algumas dificuldades em tratar por cultura aquilo que é, na verdade, incultura, mas prossigamos - reside numa ideia que, a mim, causa tremuras excessivas: falo, pois, do desejo que as pretensas elites culturais (um termo que é todo um programa) manifestam a miúdo de chocar os públicos ignorantes (públicos, outro termo que é todo um programa). Hoje, nos meios culturais, originalidade e criatividade, termos outrora sãos e puros, rimam com obscenidade e despudor. Dito de outro modo, na acepção desta gente chocar e criar pressupõem inevitavelmente a ausência de gosto. Já não se cura de ligar a imaginação ao Belo. As amarras da "cadeia opressora" da Beleza pertencem ao pretérito perfeito. Só isso explica as monstruosidades inauditas que passam por obras de arte para muitos dos críticos que ganham e lucram com o métier. Querem um bom exemplo? Vejam isto:
Stewart Home
P.S.: Cheguei a este senhor por intermédio do António Araújo. Por vezes, a dissecação destas mediocridades ensina-nos que a barbaridade é um dos sub-produtos da cultura pós-moderninha. A barbaria já chegou. Mais: está bem incrustada no cerne da nossa pseudo-cultura.
o Estado de espírito para hoje
Saudades acentuadas. Por vezes dá-nos para isto.
Beijos, abraços, toasts para quem de direito.