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Decididamente António Costa não quer aprender. Diria mais; o primeiro-ministro não pode aprender. A sua vida política, e a amizade que nutre por alguns, não se distinguem. A montante ou a jusante, essa é a premissa que tem marcado a paisagem política do Partido Socialista (PS) - colocar em lugares de governação homens de confiança - uma manada de boys. Mas está enganado. Um amigo, por defeito afectivo, não é capaz de formular uma crítica objectiva, de tecer um juizo a doer. O bom amigo não quer magoar e perde a noção da sua missão por amor à camisola da lealdade. António Costa, ao nomear para ministro da administração interna Cabrita e o compincha Siza Vieira, mais uma vez fere a isenção e a ideia de mérito que devem nortear um país. Não interessam as ligações do advogado da Linklaters a dossiers eventualmente em conflito de interesse com o Estado. Não interessa que provenha da família certa. Não interessa que saiba arquitectar soluções políticas ou não. O que interessa é esse pacto de consanguinidade, o juramento, a prova de fidelidade em nome da grande casa, a loja do Rato. Mas este fenómeno faz parte de uma escala maior, faz parte da matriz de Portugal. Há escassos anos, quando procurava quem me publicasse uma obra, contactei uma editora que faz carreirinha numa casa de publicações universal, e após submeter insistentemente e repetidamente umas meras cinco páginas de amostra do meu manuscrito, por fim lá obtive a resposta. A editora não tinha tempo para ler cinco páginas e, para além do mais, a sua resposta foi, e passo a citar: "primeiro estão os autores da casa". Está tudo dito. É assim que funciona. É assim que morrem 100 pessoas.