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O peso dos blocos de António Costa

por John Wolf, em 17.12.14

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António Costa evoca as glórias do Bloco Central (PS/PSD) liderado por Mário Soares nos anos 80, e esse facto deve servir de bitola para interpretar as suas intenções e a sua base ideológica. Deve pensar Costa que os portugueses são idiotas. Foram pactos de regime dessa natureza que promulgaram a falsa rotatividade do poder - ora mandas tu, ora mando eu. Foi esse arranjo que possibilitou a distribuição mais ou menos equitativa dos meios necessários para implementar verdadeiras redes de influência e a apropriação dos meios económicos para os membros dos respectivos partidos. Para além dessa evidência, o "regresso" ao conceito de bloco revela a incapacidade em pensar prospectivamente e de um modo inovador. Os blocos são coisas do passado. Houve um Bloco de Leste, e mais recentemente um segundo que conheceu a ruína, quase idêntico etimologicamente - o Bloco de Esquerda. Diz ainda o secretário-geral do Partido Socialista que foi Soares que salvou o país e hasteou a bandeira da recuperação. Mentira. Foi o FMI que também esteve cá nessa ocasião e que não deixou  o afogamento nacional suceder. Não sei que tipo de dividendos Costa pretende extrair deste ângulo de abordagem ao poder, mas arrisco dizer que sente que não são favas contadas, que as legislativas não estão no papo absoluto, absurdo. Ao envolver o Partido Social Democrata na antecâmara das considerações, obriga esse mesmo partido a exercício semelhante. Ou seja, a uma declaração ténue de uma nota de intenções sobre constituições de sociedades gestoras de poder. Porque no fundo é disso que se trata. Uma empresa política repartida por quotas a que alguns dão o nome de bloco para soar a luta sindical, a levantamento de operários - demagogia central.  Portugal, lamentavelmente, tornou-se refém do seu legado. Torna a encontrar as mesmíssimas sementes que a conduziram ao descalabro, à colheita rara de ideias caducas. A montanha pariu um bloco.

publicado às 16:58






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