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A linha que separa a ameaça do uso de força, o uso de força, a agressão e a violência é ténue. Perguntem a Putin como ele faz para afastar os detractores na democrática Rússia. João Soares já ocupou diversos cargos na sua carreira política (amplamente promovida pela sua ascendência), mas há uma posição que poderemos destacar - foi presidente da Assembleia Parlamentar da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) entre 2008 e 2010 -, a entidade especialmente criada para promover o diálogo multilateral entre o Ocidente e o Leste no contexto da Guerra Fria. Lamentavelmente, podemos confirmar que João Soares não conhece ou não quer acatar as regras do normal funcionamento de uma sociedade democrática, entre as quais o direito a opinião diversa. As únicas bofetadas aceitáveis seriam aquelas da argumentação inteligente, culta e civilizada. Este caso deve ser tratado com o maior rigor possível. Exprime de um modo elementar a tendência de censura e repressão que parece estar à flor da pele deste ministro. Um governo que queira merecer o respeito da população não pode pactuar com este tipo de linguagem. A ameaça é clara e envia uma mensagem a toda uma classe profissional alicerçada na liberdade de expressão, e atenta igualmente contra princípios universais de respeito pela condição humana - diz respeito a qualquer cidadão. Se eu fosse o Vasco Pulido Valente ou o Augusto M. Seabra movia uma acção judicial contra o ministro da cultura. Não brinquemos com coisas sérias. Hoje umas estaladas, amanhã quem sabe. E de degeneração em degeneração os animais transformam-se em monstros.