Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
O debate acerca da privatização da RTP, agora convertida em reestruturação conduzida pelo prestimoso Relvas, é uma daquelas chinfrineiras em que todos vociferam e ninguém se entende. É fácil perceber o porquê desta desinteligência. Quando a nebulosa dos interesses é demasiado dilatada, ninguém está disposto a perder o seu quinhão de privilégios. É, porventura, por essa razão que as opiniões são tão desencontradas quando se fala em conteúdos de serviço público. A medida do ridículo foi há muito superada pela ignorância dos ditos analistas que, contrariando as regras do bom senso, dizem tudo e o seu contrário, sobretudo aquele género de pantominas que servem unicamente para encher a pança do populacho: os preços certos que prometem mundos e fundos e espalham minuciosamente a ignorância. Os mandarins autóctones poderiam aprender alguma coisa com os seus homólogos britânicos. Os exemplos abundam e não são nada despiciendos. Um bom exemplo, daqueles que deveriam fazer escola, e, simultaneamente, fazer corar de vergonha os "donos" dos ditos conteúdos, é o recente projecto da BBC, levado a bom termo, de colocar online uma ampla colecção de pinturas das mais variadas épocas, disponibilizando assim, o acesso à arte pictórica a uma larga plateia. Para quem anseia por bons exemplos, ou na novalíngua em voga, pelo "benchmarking" do óptimo lá de fora, o paradigma atrás citado é um bom modelo de captação de públicos. Coisinhas simples que cá, neste burgo infestado pelo curto-termismo e pela política da terra queimada, não interessam a ninguém.