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Irmãos desavindos

por Samuel de Paiva Pires, em 24.04.19

Não tem sido particularmente edificante a troca de insultos entre Sérgio Moro e José Sócrates, ainda que tenha sido o primeiro a abrir as hostilidades de forma pouco convencional para um Ministro da Justiça de outro país. Mas o princípio da não-ingerência ficou logo ferido quando deputados portugueses se puseram a apelar à libertação de Lula da Silva e a colocar em causa o sistema de justiça brasileiro, confundindo um político preso com um preso político na esteira da escola de José Sócrates, pelo que agora nem sequer temos superioridade moral para repudiar as afirmações de Moro sobre o sistema de justiça português. Enfim, desaforos entre irmãos desprovidos de sentido de Estado.

publicado às 11:46

Sobre as eleições no Brasil

por Samuel de Paiva Pires, em 28.10.18

Por estes dias, diversas pessoas enveredaram por uma perigosa equivalência moral entre corrupção e fascismo, para justificarem a sua abstenção (no caso de Fernando Henrique Cardoso), apelo à abstenção (nos casos de Assunção Cristas e José Manuel Fernandes), ou apoio declarado a Bolsonaro (caso de Jaime Nogueira Pinto). Ora, ao contrário do que escreveu José Manuel Fernandes, Haddad é mesmo um mal menor em relação a Bolsonaro, e não, corrupção e fascismo não são dois males maiores equivalentes. Sem entrar em grandes teorizações, direi apenas que a corrupção é inerente à condição humana e ao estado de sociedade, permeia qualquer sociedade e qualquer regime político, democrático ou não, embora, claro, em diferentes graus. Isto é uma observação factual, não qualquer tentativa de justificação ou desculpabilização da corrupção, até porque acredito que é moralmente desejável reduzi-la ao menor grau possível. Ainda que seja compreensível que muitos brasileiros estejam cansados da corrupção que grassa no país em resultado do exercício do poder político pelo Partido dos Trabalhadores, quem acredita que Bolsonaro irá eliminar a corrupção está iludido e enganado a respeito da condição humana e do que é a política, especialmente se acreditar que um regime autoritário, fascista, é conditio sine qua non para proceder a uma "limpeza" da corrupção no Brasil. Já que a memória histórica de boa parte dos brasileiros (e não só) parece olvidar que também durante a ditadura militar brasileira existiu corrupção (e em tantas outras ditaduras por este mundo fora), ou que os regimes autoritários são, também eles, permeados por este fenómeno, então que atentem no índice de percepção da corrupção da Transparency International para perceber uma coisa bastante simples: os países cujos regimes políticos são democracias liberais são os menos corruptos do mundo, ao passo que os regimes autoritários são precisamente os mais corruptos. Posto isto,  sugiro ainda que perguntem às vítimas de qualquer regime autoritário ou totalitário, os mortos, os presos políticos, os torturados, os exilados, os perseguidos, se preferem viver num país com corrupção mas em que haja liberdade  (de pensamento, de expressão, de informação, de associação) ou num país cujo regime político imponha a censura ao pensamento divergente do pensamento único, a tortura, os trabalhos forçados e a morte por critérios tão arbitrários e desumanos como a mera discordância política ou diferenças de qualquer tipo (raciais, nacionais, de orientação sexual).  

publicado às 12:38

Tarde demais

por Nuno Castelo-Branco, em 21.10.18

 

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Quem sintonize qualquer canal de tv em Portugal ou simplesmente conecte o Facebook assiste a um festival diário de tomadas de partido à distância de um oceano, pueris excitações antes de imaginados acontecimentos, imprecações, fake news, desbragados ódios à solta. 


Agora seria uma felicidade poderem reverter a história e anular 1889. Como há uns anos dizia um conhecido abre-caminhos, habituem-se. 

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publicado às 10:06

Os sôfregos gulosos dos queijinhos

por Nuno Castelo-Branco, em 13.10.18

 

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 Os motores de busca indiciam o grau de interesse por um certo tema, propiciando ainda mais discussões e trocas de argumentos, precisamente o que o marketing político pretende. É o que tem sucedido nos últimos anos, tornando  a Internet no centro de decisões de eleitorados, tendências e modas. 

 

É o acontecimento mais evidente neste preciso momento, pois quem ligue o seu computador às mais visitadas redes sociais, deparará com um tema hegemónico, onde se digladiam amigos que há muito já escolheram o seu candidato à ocupação daquele Planalto dos vendavais. Todos eles com prós e contras, todos eles à mercê de ditos e mexericos e inevitavelmente à mercê de fakes para todos os gostos. 

Dizia ontem uma comentadora televisiva que naquele país a classe operária, uma das mais vastas do planeta, não participa nas manifestações anti um dos candidatos. É verdade, até porque pouco ou nada tem a ver com as classes relativamente acomodadas dos queijinhos identitários, por outras palavras, os esquerdistas mais ou menos abastecidos de viagens low cost, dispendiosos aparelhómetros propiciadores de intervenções imediatas ou as sempre urgentes e necessárias vitualhas que várias vezes por dia reconfortam os seus estômagos. Se por cá pululam, por lá também.
De uma coisa poderemos estar todos certos: será aquela classe operária na sua maioria empregada, relativamente silenciosa e bastante avessa ao assistencialismo, quem muito contribuirá para a decisão do resultado das próximas eleições. 

O enorme interesse que este processo eleitoral por cá tem conduzido à ruidosa participação bastante directa em termos das novas tecnologias da informação, apenas demonstra à saciedade uma escassa separação psicológica em contraponto às formalidades da política.
O sistema de circulação é pendular, pouco modificando a situação criada ao longo dos séculos. Os estudantes que de lá vinham cursar em Coimbra, no mesmo movimento de comerciantes que desembarcavam os seus produtos nos cais da metrópole europeia, eram compensados por viagens em sentido inverso por governadores, militares ou povoadores que para aquela inicialmente reduzida testa de ponte sul-americana partiram, dilatando-a até às fronteiras hoje existentes. Todos nós, de ambas as margens do Atlântico, temos antepassados comuns. 

No último século, as terríveis provações decorrentes dos acontecimentos que de longe vinham e podem por todos ser identificados através da data 1910 e anos seguintes, para lá enviaram uma enorme massa de nacionais que procuravam refúgio, trabalho, paz de espírito e tranquilidade para as suas famílias. Algo de parecido sucederia seis décadas depois, devido a bem conhecidas vicissitudes. Devemos, temos a obrigação moral de estar agradecidos.
O pêndulo agora faz o seu movimento compensatório e o inegável facto deve ser encarado com toda a normalidade, pois queiramos ou não, somos o mesmo povo, apenas separado por contingências geográficas e farta imaginação política. Falamos variações da mesma língua, partilhamos até um determinado e ainda muito próximo momento a mesma história. Até na mentalidade ocidental dos queijinhos somos parecidos. 

Não gostam de B? Não gostam de H?

Não os comentem. 

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publicado às 07:38

Exangues

por Nuno Castelo-Branco, em 07.09.18

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Infelizmente não é do âmbito das fake news, pois o video está patente na internet, mostrando às claras uma estranha manifestação de nacionalidade.


Ele teve ontem o seu momento de campanha Eanes ou Soares, sendo por isso mesmo o possível eleito no urnismo aprazado para algumas semanas. O estado a que o Brasil chegou e que deveria encher-nos da mais profunda mágoa, não é coisa recente, mas anunciada desde há muitas décadas.

Uma oligarquia tradicional apenas interessada em si mesma e que bem depressa trocou as viagens à Europa do Grand Tour de outrora, por outros passeios que na Disneilândia vislumbra o máximo de uma civilização de vistas curtas, foi sucedida por outra que naturalmente lhe sucedeu no exercício do poder. Perdeu igualmente o tino, encarando o alpinismo não apenas político mas sobretudo de status económico e financeiro, como a solução para todas as vinganças recalcadas onde a justiça se tornou apenas num subterfúgio momentâneo. Visivelmente para nada serviram os programas sociais, exactamente para nada, pois se num primeiro momento retiraram milhões da indigência, tal não se baseou em alicerces sólidos, mas apenas num fogacho de meia dúzia, talvez uns dez anos. Roubou, mas fez, eis o lema. 

Naquela atitude que a imagem demonstra, o candidato de apelido italiano que carrega aos ombros o esmagador peso da ignorância, comprovou não conhecer os sacrifícios do povo de um país que em Utreque assinou a paz em troca do reconhecimento francês da posse portuguesa das duas margens do Amazonas. O Tratado de Utreque garantiu assim ao Brasil o estender de fronteiras até aos confins dos Andes, talvez já palmilhados pelos Bandeirantes que haviam caçoado e desprezado como letra morta o acordado em Tordesilhas. Logo se ergueram como os antigos padrões em manifestação de defesa da soberania, as fortalezas em lugarejos inóspitos, a milhares de quilómetros daquele arremedo de civilização que ia pontilhando a costa. Para nada estes trabalhos e sacrifícios terão servido, pois Bolsonaro e os seus serão bem capazes de retalhar a Amazónia em concessões a empresas estrangeiras quase soberanas e com direitos de extraterritorialidade, tal como aconteceu na África da viragem do século XIX para o XX.

De facto, por mais experiências que façam, repitam ou contornem, o regime no seu todo não serve. Não serve há muito tempo e eles, a imensa maioria de exangues pobres diabos, nem sequer disso dá conta. Limitam-se a votar e depois, contentes pelo dever cumprido do "agora é que é", vão sambar  para o Calçadão.

A falta de justiça, Senhores Senadores, é o grande mal da nossa terra, o mal dos males, a origem de todas as nossas infelicidades, a fonte de todo nosso descrédito, é a miséria suprema desta pobre nação.

 

A sua grande vergonha diante do estrangeiro, é aquilo que nos afasta os homens, os auxílios, os capitais.

 

A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem; cresta em flor os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que vêm nascendo a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade, promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza, sob todas as suas formas.

 

De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.

 

Essa foi a obra da República nos últimos anos. No outro regime, na Monarquia, o homem que tinha certa nódoa em sua vida era um homem perdido para todo o sempre, as carreiras políticas lhe estavam fechadas.

 

Havia uma sentinela vigilante, de cuja severidade todos se temiam e que, acesa no alto (o imperador D. Pedro II, pelo exercício aturado do seu Poder Moderador), guardava a redondeza, como um farol que não se apaga, em proveito da honra, da justiça e da moralidade”.

Deviam atender ao que Ruy Barbosa a seu tempo e já arrependido proferiu no Senado republicano de um Brasil então profundamente dilacerado. Segundo a historiadora Dana Gardner Munro que desfiou a realidade do actual regime, em "pouco mais de um século de existência, a República Brasileira enfrentou doze estados de emergência, dezassete Actos Institucionais, o Congresso Nacional dissolvido seis vezes, dezanove revoluções militares, duas renúncias presidenciais, três presidentes impedidos de assumir o cargo, quatro presidentes depostos, sete Constituições diferentes, quatro ditaduras e nove governos autoritários". Uma bela soma de infâmias.


Em suma, não existe nem um resquício de Moderação. 


publicado às 21:46

O futebol em abraço armilar

por Samuel de Paiva Pires, em 15.07.18

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 (fotografia daqui.)

 

Parece que muita gente terá descoberto, com um espanto inusitado, após a final do Mundial de futebol, que em tempos a França foi um império colonial. Ora, boa parte do país da “liberdade, igualdade e fraternidade” cultiva a concepção subjectiva de nação, que tem raízes em Ernest Renan, para quem a nação não assentava em critérios como a raça, o território, a língua ou a religião, sendo, na realidade, “uma alma, um princípio espiritual,” no qual os indivíduos concretizam “o desejo de viver em conjunto, a vontade de continuar a fazer valer a herança que se recebeu indivisa.” Mas um certo nacionalismo assente na concepção objectiva, tributária de diversos autores franceses, alemães e britânicos e com especial relevo na cultura germânica, ignorando que a história humana difere da zoologia, parece assistir a uns quantos que se esquecem do que foi e do que ainda hoje é Portugal, cuja Selecção nacional de futebol tem jogadores originários de vários países da CPLP. Por mim, subscrevendo aquele Fernando Pessoa para quem a pátria era a língua portuguesa, preferia cumprir o abraço armilar no futebol e ter num Mundial uma equipa da lusofonia. Já que noutros domínios o triângulo estratégico Lisboa-Luanda-Brasília parece funcionar mal, talvez ajudasse a causa da lusofonia ter na mesma equipa Ronaldo e Neymar, Casemiro e William, Marcelo e Pepe, Gelson e Philippe Coutinho, Danilo e Fernandinho.

 

(também publicado aqui.)

publicado às 22:45

É bom que assim seja

por Nuno Castelo-Branco, em 20.04.17

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 Segundo notícias hoje sumariamente divulgadas, o governo anda a tratar do assunto relativo ao milhão de portugueses* que têm desde há muito penado na Venezuela. Dizem as nossas autoridades que em caso de emergência existirá uma Força de Intervenção militar apta a intervir no resgate Ora, isto coloca desde já algumas questões, entre as quais o desembarque num país ainda teoricamente soberano. Concordemos ou não com a intervenção, é mesmo o aspecto mais problemático, a menos que subitamente a Venezuela atinja o nada invejável estatuto da Somália.


A reportagem foi moderada e os intervenientes desta vez cuidadosamente filtrados, impedindo-se assim os percalços decorrentes da exposição de há umas semanas, quando os luso-venezuelanos refugiados em Espanha, nada reservadamente exautoravam a inércia das nossas autoridades. Vistos os factos, talvez tenha servido de aviso e rapidamente procuram agora corrigir os modos de actuação. Tudo isto era de prever e já há alguns anos poderiam ter encetado preparativos para qualquer contingência. Existem outros casos semelhantes  que também convém acautelar.

Contam agora com o Brasil - contactos e acordos discretos, diz-se -, país fronteiriço da Venezuela e que por mero acaso da história tem profundos laços com Portugal. O que se torna mais difícil de acreditar é na abertura da fronteira brasileira a uma imensa vaga de refugiados que ali se apresentem para futura evacuação. Para onde, isso será outro caso. 

*Consolemo-nos com algo incontornável: dado o que tem desde há uns anos sucedido no sudeste da Europa, o governo português decerto poderá contar com caudalosos fundos de auxílio para a integração desta vaga de desesperados aqui, em França, na Alemanha, Suécia e outros locais. Fogem da violência? Sim. Fogem do livre arbítrio? Claro. Fogem da miséria? Certo. Fogem de uma não declarada guerra civil? Evidentemente. 

Ficaremos então a saber o que valem as palavras. 

publicado às 18:52

Não invocarás a democracia em vão

por Samuel de Paiva Pires, em 19.04.16

Enquanto no Brasil os deputados que votaram no processo de impeachment de Dilma não se fartaram de invocar Deus para justificar o seu sentido de voto, por cá, à esquerda e à direita, há quem defenda e critique Dilma e invoque, de um lado e do outro, a defesa da democracia. Já vai sendo hábito ver a democracia invocada em vão por tudo e por nada, servindo instrumentalmente para defender algo e o seu contrário. Um crash course em teoria da democracia não faria mal a muita gente cá do burgo. Podiam começar por estes dois manuais bem pedagógicos.

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publicado às 19:36

Empêssegamento de Dilma Rousseff

por John Wolf, em 18.04.16

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Este post é dedicado àqueles que acreditam nas virtudes da democracia, na voz da maioria, no slogan "o povo é quem mais ordena", na dinâmica que deve prevalecer nas sociedades, na busca do equilíbrio social e na clarificação dos desígnios políticos dos partidos e seus agentes. Este post não é dedicado a facções ideológicas que acreditam na prerrogativa do Estado e dos orgãos públicos enquanto reguladores do mercado e da verdade. Este post é dedicado não apenas ao povo brasileiro, mas ao povo que defende Sócrates, que tanto se tem esforçado para manter a imaculada virgem. Este post é dedicado aos amantes do golpe, da conspiração e da cabala. Este post não é dedicado àqueles que desejavam que tudo ficasse como está, que tudo não fosse mexido. Este post é dedicado às almas que se sentem perdidas, baralhadas pelos mais recentes eventos capazes de devolver uma réstea de esperança a um povo suprimido pelas promessas furadas de pão e justiça para todos. Este post é dedicado a todas as offshores do mundo que contribuíram para acelerar a inevitabilidade dos acontecimentos. Este post não é dedicado a quem não acredita no voluntariado e na acção humana que não conhece género feminino ou canino. Este post é dedicado a todos aqueles que diariamente contrariam as mentes parcelares que dirigem países inteiros usando a divisa da demagogia e proveito próprio. Este post é dedicado aos pêssegos do mundo e em particular ao impeachment de Dilma Rousseff. Este post é dedicado ao sumo que extrairemos de uma matriz de conluio e decepção que tem polvilhado a paisagem política um pouco por todo o mundo. Este post é dedicado à árvore de frutos, à natureza e ao bicho da maçã. Este post é dedicado aos pesticidas e os produtos biológicos. Este post é dedilhado por tantos que não encaixam numa coisa ou outra.

publicado às 09:52

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Estou mesmo desiludido. Tanta coisa nos idos de Évora e agora nada. Não há quem organize um evento de defesa de Lula na Aula Magna da Universidade de Lisboa? Não existirá modo de financiar um cartaz alusivo à forma descarada como estão a destruir o carácter do homem? O próprio Lula da Silva tem mais espírito empreendedor do que aqueles que marcaram as conferências de José Sócrates. O santo serralheiro já meteu mãos à obra e estará na manifestação pró-Dilma. Que bonito. Só tenho a acresecentar o seguinte. Mal estalou o escândalo de Lula no Brasil, os mercados encararam o evento como algo de positivo. O ETF do Brasil (ticker: EWZ) valorizou de um modo dramático (ontem fechou com ganhos na ordem dos 8%). Por outras palavras, os investidores internacionais observaram o fenómeno como sendo o início de uma "limpeza profunda" da realidade corrupta do Brasil. A partir destes factos poderemos extrapolar qual será o comportamento dos mercados em relação a Portugal quando for deduzida a acusação contra José Sócrates. Em suma, mas sem querer aconselhar caminhos de investimento, Portugal, por analogia, pode vir a beneficiar da clarificação judicial que estará implícita no processo Marquês. Afinal Sócrates ainda pode dar algumas alegrias a pequenos e grandes aforristas. É tudo por hoje. Boa noite.

publicado às 19:07

A desgraça interminável do desacordo ortográfico

por Samuel de Paiva Pires, em 16.08.14

Tempos houve em que a generalidade dos ditos liberais indígenas sabia que a língua, como escrevi há pouco mais de dois anos, «é uma das instituições humanas originada e desenvolvida espontaneamente, i.e., através da interacção de milhões de indivíduos ao longo do tempo. A língua originou-se através da natural evolução humana e é por via das interacções que se registam numa comunidade ou sociedade que se vai modificando, de forma lenta, gradual e sem coação estatal.» O mesmo é dizer que a língua não é propriedade do Estado e muito menos deve ser redesenhada por este a seu bel-prazer.

 

Porventura esta dita liberal, sempre tão lesta a denunciar intervenções do Estado onde considera que este não deve intervir, parece ter-se esquecido disto, se é que alguma vez o soube. Não lhe causará qualquer impressão, como a muitos outros que são indiferentes ou até defendem o desacordo ortográfico, portanto, que o Senado brasileiro venha agora propor uma nova reforma ortográfica, sugerindo «a extinção da letra "h" no início das palavras e a troca de todas as expressões com "ch" pelo "x".» (via Delito de Opinião)

 

Por todas as razões e mais alguma este desacordo ortográfico já deveria ter sido declarado morto e enterrado. Infelizmente, a desgraça parece ainda não ter fim à vista.

publicado às 12:12

Prolongamento de Portugal

por John Wolf, em 17.06.14

Qual árbitro qual carapuça. O problema é muito maior e vem de longe. E a culpa não é dos outros (o instrumento dilatório de sempre). A responsabilidade pelo destino está enraizada, é endémica e faz parte do DNA nacional - tem dono, pertence aos próprios. Desde tempos imemoriais que o culto da personalidade tem abafado a virtude do organismo colectivo.  Há quase uma década que a sacralização de Cristiano Ronaldo tem sido uma constante, a transferência do ónus para a figura sebastiânica, superior, que reduz a nada os alegados parceiros da empreitada. Esta mesma patologia permeia tantas dimensões. É a mesma contradição existencial, repetida à exaustão  - a falsa consciência colectiva alvitrada pela promessa de um guru elevado aos céus e derretido pela circunstância de uma fénix. Na mesma senda da glorificação totalitária, do tudo ou nada, besta ou bestial, são inúmeros inscritos na mesma ordem de devassa do espírito das nações. Depositem a fé toda na vinda do esclarecido. De Salazar a Soares, de Cristiano a Costa, é assim que funciona na tômbola de consequências nefastas. Do murro dado por João Vieira Pinto em 2002 a lugar de destaque na equipa técnica. Da cabeçada agachada ao descartar da nacionalidade oportuna. Tudo isto faz parte da mesma mossa que sacode águas fintadas pelo capote. A culpa é dos outros. Foi um dia para esquecer, em vez de ser a razia para começar de novo. Para cometer os mesmos erros.

publicado às 16:57

Finalmente um equipamento decente

por Pedro Quartin Graça, em 27.03.14

É o alternativo, é certo. Mas só o simples facto de ele vir a ser utilizado a espaços enche a alma de alegria a muitos e muitos portugueses. O azul e branco, com bom gosto. Merece 3 fotos 3 neste blog. As nossas cores de sempre no Mundial de Futebol do Brasil.

publicado às 09:47

"Exposing a Brazilian Agent Provocateur"

por Nuno Castelo-Branco, em 05.03.14

Este artigo do Carlos Velasco, já propiciou uma subida do mesmo à Câmara de Deputados do Brasil. Aqui ficam uns sugestivos excertos:

 

"Everything is quite familiar! An anti-American government allowed to take the power indirectly supported by the USA, and then as time passes by and difficulties to govern and move their totalitarian agenda reachs a climax, the USA becomes firmly opposed to the same government, raising aggression against the victim with the certainty it will be attacked. War, then, becomes inevitable and a casus belli is easy to find amid such increased tension."

 

"We are faced with a planned crisis based in the same dialectic tricks that confirm who is behind the scenes: this is not the first time in history we witness such manipulation. I speculate that the Brazilian Spring will be timed to reach a climax coinciding with the World Cup in Brazil, an event that is on its way to end as a catasthophe. By this time, after the international repercussion and the zenith of Brazilian frustration, the media will show all the corruption behind the event, possibly involving government personel, and a economic crisis will be triggered. The result, I believe, needs no explanation."

 

"Saudi Arabia is behind the Arab Spring and finances “Islamic” terrorism, as the whole world already knows. Right now their mercenaries are killing Christians in Syria and many other parts of the Muslim world."



 

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publicado às 09:00

Dilma, Morsi e o dr. Soares

por joshua, em 02.07.13

A rua está a falar cada vez mais alto. Gritou na Turquia. Vociferou no Brasil. Berra agora no Egipto, rejeitando um presidente eleito, o islamista Mohamed Morsi, cujos passos políticos foram dados no sentido, não de uma reconciliação nacional, mas de um absolutismo islamizante, pé ante pé, medida ante medida. A rua é soberana no século XXI? Depende. Alguns, na Esquerda Impostora e Nihilista Portuguesa, convocam-na e ela não acontece. Nunca. A não ser que, num primeiro momento, se disfarce de movimento cívico Que se Lixe a Troyka para logo se expor e gerar desmobilização dado o facto de os portugueses odiarem ser manipulados do Sofrimento Real para o Nada Garantido, típico das Esquerdas Raivosas, do BE ao PS. A rua não se empertiga em Portugal. Não acontece em Portugal. Mário Soares, por exemplo, tomando a nuvem por Juno, considerou que os insultos organizados pelo Bloco de Esquerda e os arrufos promovidos pelo PCP, à chegada e à partida dos Ministros em eventos e encontros oficiais, chegariam e sobrariam para derrubar o Governo Passos. Não. A rua, aqui, é minoritária e até é parva: não se derruba um Governo para instalar em seu lugar o Nada-de-Jeito, dando força à Funfas Catarina, ao Gasoletas Semedo-Morcego, ao Frankenstein Jerónimo. As pessoas vão, sim, trabalhar, pedir à porta dos hotéis e das igrejas, emigram em massa, consideram muito mais útil ir lutar com as armas que têm pela própria vida e por um emprego precário, espécie de raspadinha com prémio, do que servir de gado aos partidos do sistema. Ninguém nos leva ao colo. Nem amigos. Nem família. Nem Igreja. Temos de fazer pela vida. A rua em Portugal não funciona, caso os instigadores dela se proponham trocar o inferno da Austeridade pelo terror de Coisa Nenhuma e Talvez Pior que Nada. Mas no Brasil, por um pouco Dilma e o seu Governo cairiam, se a rua quisesse, excluindo a opinião do dr. Soares, para o qual esses largos milhões de brasileiros zangados talvez mereçam o epíteto de golpistas e a rua brazuca seja epigrafável de ilegítima. O dr. Soares é amigo de Dilma. O dr. Soares não abençoa a rua que execre Dilma. E agora, no Egipto, é a praça de todas as primaveras árabes, Tahrir, que forceja a deposição de Mohamed Morsi. Não é anarquia. Estão é fartos de tirania. O que os jovens liberais e de Esquerda exigem, liderados pelo socialista Hamen Sabbahi e por Mohamed ElBaradei, é o fim de uma deriva subversiva, mesmo dos pressupostos da democracia, tentação em que caiu a Irmandade Muçulmana sob Morsi. Também os nazis ascenderam à tirania mediante eleições livres e injustas, que nunca mais foram livres nem justas porque não mais aconteceram. O exército, no Egipto, é, portanto, agora a última instância para as aspirações democráticas e laicas do Povo egípcio. Trata-se de um presidente que não resolveu nem a crise económica nem o desemprego, que está nos 13,2%, nem um défice fiscal que escalou para os 48% face ao período homólogo anterior, nem um endividamento externo já vai nos 80% do PIB. Mas há outras razões para um derrube iminente deste Presidente, legitimado em eleições mas logo iligitimado por tal desempenho económico e sobretudo pela deriva islamizante, actos e decisões que configuram alguns tiques de absolutismo religioso. A Irmandade Muçulmana perdeu prestígio. Se ganhou as eleições, há um ano, foi por um sentido de gratidão do eleitorado por longos anos de misericórdia e assistencialismo social, gratidão pouco lúcida, logo traída pela agenda islamizante e pela intolerância e castração de costumes com o que a juventude e os democratas não podem. A rua pode ser soberana no século XXI! Em casos extremos, o Parlamento pode e deve ser, por vezes, uma avenida da Liberdade repleta [Teria sido belo derrubar o segundo Governo Sócrates Fajuto com quinhentos mil a pedi-lo uma semana inteira nas praças e acessos da Capital]. Portugal, Brasil, Egipto: a menos que o dr. Soares não passe de um tonto hipócrita, dir-se-ia que o Povo-Rua só é soberano em Portugal, neste momento, contra a Agenda Austeritária da Troyka e contra o Governo de Direita. Não o será contra um Governo Socialista sob a Agenda Auteritária da Troyka. Não o seria mesmo em massa contra o Governo Petista de Dilma. Quanto ao Egipto? Soares não sabe/não responde.

publicado às 12:00

A diplomacia económica de Lula da Silva

por João Quaresma, em 30.06.13

«O ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento) tornou secretos os documentos que tratam de financiamentos do Brasil aos governos de Cuba e de Angola. Com a decisão, o conteúdo dos papéis só poderá ser conhecido a partir de 2027. (...)

O BNDES desembolsou, somente no ano passado, US$ 875 milhões em operações de financiamento à exportação de bens e serviços de empresas brasileiras para Cuba e Angola. O país africano desbancou a Argentina e passou a ser o maior destino de recursos do gênero.

Indagado pela Folha, o ministério disse ter baixado o sigilo sobre os papéis porque eles envolvem informações "estratégicas", documentos "apenas custodiados pelo ministério" e dados "cobertos por sigilo comercial". (...)

Só no ano passado, o BNDES financiou operações para 15 países, no valor total de US$ 2,17 bilhões, mas apenas os casos de Cuba e Angola receberam os carimbos de "secreto" no ministério.

Segundo o órgão, isso ocorreu por que havia "memorandos de entendimento" entre Brasil, Cuba e Angola que não existiam nas outras operações do gênero.»

 

Artigo completo no Folha de São Paulo de 09.04.2013.


publicado às 23:45

Uma sugestão pragmática

por João Quaresma, em 25.06.13

Peço antecipadamente desculpa aos nossos amigos do outro lado do Atlântico mas penso que não se trata de oportunismo mas sim de realismo.

É evidente que a vaga de manifestações e tumultos no Brasil são, do ponto de vista da indústria turística, um perfeito hara-kiri que estas centenas de milhares de manifestantes (e, pelo meio, desordeiros) estão a cometer contra esta actividade no seu país. Por esta altura o mal já está feito e as consequências serão, previsivel e infelizmente, duradoras; até porque um dos principais palcos da violência foi o Rio de Janeiro.

Naturalmente que isto beneficia outros destinos turísticos para quem, nesta altura do ano, as desistências de viagens ao Brasil representam um autêntico bónus de mercado. Penso que o Turismo de Portugal deveria, muito rapidamente, fazer um esforço de promoção (estou a pensar sobretudo nos EUA) para tentar capitalizar com esta situação (lamentável para o turismo brasileiro, mas dificilmente reparável) realçando uma das vantagens de Portugal enquanto destino turístico: os altíssimos níveis de segurança por comparação com outros destinos concorrentes.

Isto também deve fazer-nos reflectir nas reais consequências de acontecimentos deste tipo, independentemente da nossa opinião sobre eles, para que as lições sejam aprendidas e os erros evitados.

Ao Brasil resta desejar que algum bem resulte deste processo, já que algum mal também já foi feito.

publicado às 01:40

No Brasil

por Nuno Castelo-Branco, em 23.06.13

Aqui, aqui, aqui , aqui, aqui e... aqui! Bate certo.

publicado às 18:41

Brincando às revoluções

por João Quaresma, em 21.06.13

«Disse Gustave Le Bon sobre a psicologia das massas:
"Uma massa é como um selvagem; não está preparada para admitir que algo possa ficar entre seu desejo e a realização deste desejo. Ela forma um único ser e fica sujeita à lei de unidade mental das massas. No caso de tudo pertencer ao campo dos sentimentos, o mais eminente dos homens dificilmente supera o padrão dos indivíduos mais ordinários. Eles não podem nunca realizar atos que demandem elevado grau de inteligência. Em massas, é a estupidez, não a inteligência, que é acumulada. O sentimento de responsabilidade que sempre controla os indivíduos desaparece completamente. Todo sentimento e ato são contagiosos. O homem desce diversos degraus na escada da civilização. Isoladamente, ele pode ser um indivíduo; na massa, ele é um bárbaro, isto é, uma criatura agindo por instinto."

(...)
O PT tem alimentado há décadas um racha na sociedade brasileira. Desde os tempos de oposição, e depois enquanto governo (mas sempre no palanque dos demagogos e agitadores das massas), a esquerda soube apenas espalhar ódio entre diferentes grupos, segregar indivíduos com base em abstrações coletivistas, jogar uns contra os outros. Temos agora uma sociedade indignada, mas sem saber direito para onde apontar suas armas. Cansada da política, dos partidos, do Congresso, dos abusos do poder, as pessoas saem às ruas com a sensação de que é preciso “fazer algo”, mas não sabe ao certo o que ou como fazer.
E isso porque o cenário econômico começou a piorar. Imagina quando a bolha de crédito fomentada pelo governo estourar, ou se a China embicar de vez. Imagina se nossa taxa de desemprego começar a subir aceleradamente. É um cenário assustador. Alguns pensam que nada pode ser pior do que o PT, e eu quase concordo. Mas pode sim! Pode ter um PSOL messiânico, um personalismo de algum salvador da Pátria, uma junta militar tendo que reagir e assumir o poder para controlar a situação. Não desejamos nada disso! Temos que retirar o PT do poder pelas vias legais, pelas urnas, respeitando-se a ordem social e o estado de direito.
O desafio homérico de todos que não deixaram as emoções tomarem conta da razão é justamente canalizar essa revolta para algo construtivo. Mas como? Como dialogar com argumentos quando cem mil tomam as ruas e sofrem o contágio da psicologia das massas? Alguém já tentou conversar com uma torcida revoltada em um estádio de futebol? Boa sorte!
Por ser cético quanto a essa possibilidade, eu tenho mantido minha cautela e afastamento dessas manifestações. Muita gente acha que o Brasil, terra do pacato cidadão que só quer saber de carnaval, novela e futebol, precisa até mesmo de uma guerra civil para acordar. Temo que não gostem nada do gigante que vai despertar. Ele pode fazer com que essa gente morra de saudades do "homem cordial". Não se brinca impunemente de revolução. Pensem nisso, enquanto há tempo.»
Rodrigo Constantino em Brincando de Revolução

publicado às 00:10

A porrada do Povo é a porrada de Deus

por João Quaresma, em 20.06.13

Violência, porrada, baderna, quebra-pau, eu sou contra. Tou fora dessa. Mas esse negócio de sondagem em tempo real também não é coisa mole não, viu?

publicado às 00:55






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