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Quando um político aparece em público a anunciar que o sofrimento poderia ser menor, dí-lo da boca para fora, em pleno exercício da arte demagógica, populista. Se apenas diz o que os outros querem ouvir, não está a ser honesto ou é profundamente ingénuo. Seja qual for a liderança de Portugal nos próximos tempos políticos, a austeridade, imposta de fora ou não, será incontornável. Não existe uma varinha mágica para acenar e fazer desaparecer os grandes sacrifícios que estão a ser impostos aos Portugueses. O exequível, para minimizar a dor, passa por redesenhar o conceito económico e social do país. Será importante que tenhamos em conta que a União Europeia estará à mercê de crises incontornáveis nos próximos anos. Uma seguida de outra. A seguinte diferente da precedente. Os putativos lideres têm a obrigação ética e moral de transmitir aos seus constituintes, que não regressaremos à velha normalidade. Que o mundo mudou. Seja qual for o programa eleitoral a apresentar, o mesmo será sempre uma nota de rodapé de um guião escrito por forças maiores. De nada serve invocar os pais fundadores. A época da paternidade terminou. O momento exige grande criatividade que não se encontra na caixa de ferramentas, ferrugenta. Portugal tem de apostar na sua matriz cultural. Nos elementos intrínsecos que não podem ser contrafeitos no extremo Oriente. Nos produtos e artes, pertença da tradição e das gentes locais. Todos esses tesouros que brilham no firmamento económico e que foram desprezados em nome da sofisticação tecnológica, têm de ser readmitidos com todo o fulgor. Os artesãos Portugueses são notáveis e deveriam ser acarinhados. Tomara que os políticos tivessem metade dos seus dotes. Quem fez os vinhos, os sapatos, a filigrana e as tapeçarias de Portugal? Não foram os partidos políticos. A grande missão de governação passa por anular o divórcio que ocorreu com a alma das gentes. O brio e a auto-estima têm de ser devolvidos à gente simples, disposta de sol a sol a trabalhar com afinco, longe das conjecturas doutrinárias, dos parlamentos e palácios. Para os Portugueses serem felizes precisam de tão pouco. E os políticos nem isso entendem. Só atrapalham e estragam aquilo que está à mão de semear. Cultura de uma nova vaga de esperança.