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Não vale a pena enunciar todos os pressupostos e axiomas que configuram a equação terrorista. O ataque ocorrido em Manchester faz parte do mesmo guião de danos que já assolou cidades como Berlim ou Paris. No rescaldo do evento dramático que atingiu aquela cidade britânica, todas as antenas mediáticas do mundo tentavam relevar os aspectos logísticos que conduziram ao desfecho trágico. Retenho umas passagens bizarras apresentadas na Sky News. Perguntava-se a um especialista em segurança porque não tinha havido um controlo à saída do recinto. Este tipo de raciocínio assemelha-se em muitos aspectos àquele aplicado às consequências do Brexit - depois de casa roubada, trancas à porta. Entramos, deste modo, numa nova fase preocupante respeitante à segurança dos cidadãos europeus. O adversário, Estado Islâmico, ou congéneres de inspiração análoga, parecem ter elevado a fasquia do impacto. Foram crianças, meninas e meninos, em idade pré-doutrinal, as vítimas da operação hardcore. Ouso inaugurar um conceito que ainda não escutei nos meandros geopolíticos ou académicos: pedo-terrorismo. Ou seja, acções terroristas levadas a cabo com a vil intenção de anular a descendência do adversário. Esta nova dimensão vai implicar uma abordagem securitária com uma natureza muito mais premente. As crianças brincam, mas estes inimigos não andam a brincar.

publicado às 17:49

O Brexit ganha o Euro 2016

por John Wolf, em 20.06.16

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Não tenho os dotes culinários de Fernando Santos. Nem sei cozinhar resultados. Por isso não me aventuro na casa de "abostas" do vai ou fica. Refiro-me ao Brexit, naturalmente. Nos últimos meses temos sido contaminados com inquéritos e mais inquéritos de opinião, com o esgrimir de argumentos nacionalistas ou europeístas, com a exposição dos males e benefícios do rompimento britânico ou com revisitação da história europeia e as virtudes da paz Kantiana. Tudo isto, e muito mais, tem contribuído para o não esclarecimento da questão. E faz sentido que assim seja. A identidade da Europa é essa mesma. O continente sempre foi um palco de tensões, de dissidências e aparentes entendimentos. Ou seja, quer adoptemos uma visão Hobbesiana ou Hobsbawmiana, seremos invariavelmente servidos pelo magistério cultural que reforça uma certa visão determinista. Em última instância, não existe um evento singular capaz de descarrilar a "civilização" europeia da sua tendência para sobreviver à sua própria condição. E esse estado crónico extravasa os parâmetros construtivistas da Comunidade Europeia, dos Tratados Europeus e da União Europeia. Os britânicos, que sempre foram talentosos na defesa do seu interesse nacional, souberam alimentar a falange independentista promovida pelo Brexit. O elencar dos perigos resultantes da saída não são equiparáveis às contingências de uma permanência. Nem devem ser relacionados. A separação de correntes políticas e económicas, a permanência ou a saída, são no meu entender, uma falsa dicotomia. Os britânicos, ao longo das últimas décadas de pertença à União Europeia, demonstraram que é possível estar dentro sem efectivamente estar. E se nos servirmos da mesma bitola de posicionamento estratégico, serão igualmente hábeis a se imiscuirem na condução dos trabalhos da Comissão Europeia e outras instituições, estando fora da estrutura, a 20 milhas do continente europeu. Por outras palavras, a condição britânica é incontornável. Os britânicos não vão a parte alguma. O Brexit até pode vencer o Euro 2016.

publicado às 10:38

Pexit - ou uma saída portuguesa

por John Wolf, em 06.06.16

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O congresso do Partido Socialista baseou-se numa falsa premissa. Na ideia de que o mundo tende a regressar ao que era ou sempre foi. Existe um preconceito por detrás desta ilusão. A noção de que a ideologia (socialista, de Esquerda?) detém os elementos inquestionáveis de superioridade moral e material - e que é desejável. Mas sabemos há décadas que essa régua já não serve. Foram eventos que transcendem bitolas políticas que determinaram o curso da história nos últimos tempos em Portugal. Foi o dinheiro, foram os mercados e foi a ganância. Atributos repartidos pelos principais actores. Os socialistas - porque distribuiram aos seus amigos construtores os primeiros dinheiros comunitários. Os social-democratas - porque acreditaram na desregulação e nas virtudes intrínsecas do neo-liberalismo. Os comunistas - porque viveram no domínio da utopia e da irrealização. E mais recentemente o Bloco de Esquerda - por apostar em causas não prioritárias como o orgão sexual, o cão ou o gato. Sim, tudo isto e muito mais que falta elencar, coloca Portugal neste momento preciso e não no saudosismo lírico de um Alegre ou de um Guterres de ocasião. Mas existe algo que poderá determinar com maior intensidade o guião político e económico dos próximos tempos. A França, que está em grandes apuros, aparece agora como a notre dame dos aflitos sugerindo que Portugal seja poupada a sanções. Mas essa reza traz água no bico. Os gauleses estarão em ainda piores condições do que os portugueses. Aquele estado de França vai ruir. O outro evento em que penso tem um pé dentro da caixa e outro fora, e deve ser levado muito a sério. Esse cisne negro tem um nome: Brexit. A saída dos britânicos da União Europeia (UE) acarreta consequências tenebrosas para Portugal. A centena de milhar de trabalhadores portugueses que se encontra nesses territórios será obrigada a pensar na expressão monetária do seu rendimento - a libra inglesa está em queda acentuada. Acresce uma outra dimensão. A haver um Brexit, assistiremos à expressão substancial de uma modalidade distinta de nacionalismo - primeiro os britânicos. Não, não é a Áustria, não é a Húngria. Serão os britânicos a dar azo extremo à insularidade, ao proteccionismo, e em última instância, ao início do processo de desmembramento da UE. António Costa, europeísta convicto quando a música lhe convém, não referiu essa hipótese existencial. A geringonça, espalhada ao comprido por diversas obrigações contratuais, não é capaz de pensar sobre esta terceira via. Para esses, que estão no governo, existem bons e maus, certos e errados, e uma categoria inclassificável: a sua.

publicado às 13:39






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