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Sei que faz parte da matriz cultural portuguesa a progressão na carreira ao fim de certos anos de serviço e a passagem administrativa de mero funcionário a quadro da entidade em causa, e, que para todos os efeitos, o desempenho pode ser um mero factor secundário - o que conta é que se apresentou no emprego e não teve muitos dias de baixa médica. Ou seja, nem é preciso ser bom naquilo que se faz. É preciso é aparecer e ocupar o gabinete. Já devem ter percebido do que falo. Onde está escrito que o Presidente da República é obrigado a condecorar um Primeiro-Ministro? Mesmo que pareça uma tradição ou seja um costume, o direito discricionário deve prevalecer - a medalha não deve ser atribuída de um modo burocrático. Se vamos pelo caminho do choradinho - "aquele menino recebeu um chupa-chupa e eu também quero" - estaremos de facto a nivelar tudo e todos de acordo com a mesma bitola baixa. Se assim fosse, atribuir-se-ia a distinção logo na tomada de posse, no momento inaugural, no dia da vitória eleitoral, no primeiro visionamento da ecografia política. Quem sabe ao certo qual o tempo de gestação das decorações? Se a medalha for como o vinho do Porto, então talvez valha a pena esperar uns bons 50 anos para brindar. Talvez seja boa ideia pensar uns segundos sobre a matéria.
Como complemento ao meu post anterior, eis o que o Estado faz com o dinheiro que arrecada do confisco mensal.
http://img80.imageshack.us/img80/8595/livreteindividual1uo2.jpg
Isto emprega muita gente e gera muita austeridade.
Para quem perder a pachorra ao ler a legislação aqui fica um excerto:
"Instruções gerais
1 - Todas as anotações devem ser feitas a tinta.
2 - Não são permitidas emendas, rasuras ou entrelinhas.
3 - Os erros devem ser rectificados no espaço de «Observações».
4 - Não deve ser destruída qualquer folha.
5 - Os símbolos utilizados têm os significados seguintes:
(ver documento original) tempo total de descanso diário e de intervalos de descanso ou pausas;
(ver documento original) tempo de condução;
(ver documento original) tempo de trabalho diverso da condução;
(ver documento original) tempo de disponibilidade;
(ver documento original) tempo de trabalho prestado a outro empregador."
Para além do que apontam o Jorge Assunção, Adolfo Mesquita Nunes e João Miranda, note-se a consideração quanto aos factores mais problemáticos para a realização de negócios. Os primeiros dois, destacadíssimos, são precisamente a ineficiência burocrática do governo e a restritiva regulamentação laboral. Nada que já não soubéssemos, atendendo a 35 anos de governação à esquerda no que diz respeito à política económica. E depois os liberais é que são perigosos para o país...
(também publicado no Novo Rumo)