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Conheci o Carlos Pedro Barahona Possollo em 1992. Frequentávamos o mesmo ginásio - o ACM - na Pedro Álvares Cabral e embora nunca tivéssemos falado, o facto da sala ser tão pequena, habituava-nos facilmente a todas as caras que por lá passavam. Um dia, o Cá-Pê - diminutivo pelo qual é tratado por todos -, apresentou-se e um tanto embaraçado disse que era estudante de pintura nas Belas-Artes e que gostava de saber se me importaria de posar para ele. Concordei e não pensei muito no caso ..."bah! um retrato feito por um estudante... não podia recusar"...
Lá fizemos a sessão fotográfica e notei de imediato a extrema educação, simpatia e interesse da conversa daquele miúdo, perfeitamente adequada ao ambiente do seu atelier recheado de peças nas quais se inspirava e reproduzia naquilo a que eu pensava serem "estudos". Uma semana depois o Cá-Pê telefonou-me e foi dizendo que já podia dar uma espreitadela no quadro, pois uns dias mais e a coisa era concluída. Curioso, lá fui ver a obra e fiquei boquiaberto. Não esperava tanto e então arrependi-me daquele "bah!" e encolher de ombros de há apenas pouco mais semana e meia. Habituado como estava ao desleixo que a ESBAL emanava no ensino dos cânones académicos, o retrato pareceu-me absolutamente espantoso e fruto de um grande e inato talento.
Que eu saiba, Barahona Possollo é de longe, o melhor que Portugal possui neste género. O seu interesse foca-se numa longa viagem no tempo, onde reminiscências de uma Antiguidade - na qual idealmente vive, sem que alguém disso se tenha apercebido -, encontram um eco mais próximo no fascínio pelo Orientalismo transportado para a tela e que nos apresenta aquele desaparecido Egipto das aventuras fantásticas do Indiana Jones, sucedâneo mais aguerrido de Howard Carter.
A sua obra é primorosa e convido todos a uma viagem no tempo.
Visitem o site http://barahonapossollo.com e cliquem sobre as imagens. vale a pena.