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Há uns anos, o Sr. Sampaio dissolveu o Parlamento. Para justificar tal feito, um dos argumentos terá sido a nomeação de Santana Lopes para o cargo de 1º ministro, escolha esta partidária e não decidida pelo eleitorado.
Hoje António Costa anuncia a sua demissão da presidência da Câmara Municipal de Lisboa. Gott sei Dank! É o que apraz dizer, sem sequer termos de escalpelizar detalhadamente este mandato que em muito ultrapassa por baixo a mediocridade, pouco importando a agremiação política laranja, rosa, vermelha, coligatória ou azulada. O resultado da governança tem sido lesa-património, péssimo, mas a retirada do líder do PS consiste numa excelente oportunidade para devolver o poder de decisão à população da capital. Lisboa votou em A. Costa e não no desconhecido Sr. Medina, ainda por cima acolitado pelo Salgado que nos sobra.
Eleições. Já.
Demagogia é uma doença grave. Afecta grande parte dos membros políticos da nossa sociedade. Mas existe outra patologia ainda mais grave - a mentira. E mesmo que a mesma seja repetida vezes sem conta, não se transforma em verdade. Quando António Costa afirma que oito orçamentos rectificativos são a prova de que o governo falhou, deveria virar a sua lupa de inspector para a gestão da Câmara Municipal de Lisboa (CML) e as contas habilmente camufladas pela venda de património ao desbarato, entre outras manobras. O presidente de câmara, que teve a oportunidade concedida por diversos mandatos para provar a sua competência, não pode, à meia-volta, omitir a sua vida autárquica, quando apresenta as credenciais aos eleitores, simpatizantes ou não. Se bem me recordo, quando lá chegou (à CML), para fazer face ao balancete, obteve um empréstimo de 500 milhões de euros (estarei enganado?) que foi muito conveniente para dar o ar de graça de contas saudáveis. Embora os socialistas se afirmem quase "racialmente" diferentes dos outros (melhores e mais iluminados), em abono da verdade não praticam uma religião diferente. Quando o governo decidiu alienar empresas públicas houve logo um coro de protesto sobre a perda de soberania e entrega de empresas-bandeira, mas Costa não faz algo diverso. Vende uma parte da história de Lisboa com o mesmo sentido de urgência. Ou seja, se os portugueses forem objectivos na análise dos factos, terão de interpretar e validar a obra de António Costa na autarquia lisboeta. O seu estágio camarário deve servir de teste para voos maiores, para a sua promoção ou não. Qual o resultado da conta de somar e subtrair na gestão de Lisboa? É esse o critério que deve servir para organizar o processo de reflexão respeitante à eleição, numa primeira fase, de um candidato a candidato, e mais tarde (quando porventura for tarde demais), de um candidato a primeiro-ministro. O departamento de comunicação da CML pode produzir todos os videos catitas que quiser, com um décor pejado de amigos à volta da clareira, mas esses diaporamas contam apenas metade da estória. Não me venham com a cantiga que o país foi à ruína, mas que existe uma excepção, um estado-exíguo, a ilha de deslumbramento onde a devastação não chegou. Lisboa responde perante o país, assim como António Costa.
A decisão de Pedro Santana Lopes em suspender o seu mandato como vereador na Câmara Municipal de Lisboa, ainda que com o argumento de que pretende "dar espaço" a Roboredo Seara, é políticamente muito significativa e representa, no fundo, a resposta à pergunta que muitos dos seus votantes faziam nas últimas semanas: o que iria o ex-candidato à CML fazer relativamente à candidatura de Seara? A resposta está dada. Deu-lhe espaço. Seara, cada vez mais só, não agradecerá.