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Na Av. Duque de Loulé, destruído em menos de uma semana e substituído por um mamarracho BES(algado)
Embora não seja minimamente credível o ruído governamental ou oposicionista acerca do emprego e do desemprego, parece evidente a oportunidade que existe para a redução dos números dramáticos de pequenas empresas em falência. O sector da construção é um dos casos paradigmáticos das péssimas condições em que o regime se colocou, escandalosamente investindo no desordenamento territorial e na destruição de património - florestal, de terra arável e de construções seculares - a que temos assistido. O laissez-faire totalmente aceite por quase todas as Câmaras Municipais - do CDS, do PSD, PS e PC -, deram-nos periferias cheias de Quintas da Marinha e Quintas do Mocho, engordando fundos imobiliários dos bancos do costume, gabinetes de arquitectura de duvidosíssima categoria, transumâncias várias entre governos e construtoras, etc. Passeiem pela Baixa e pelas Avenidas Novas de Lisboa. Isto bastará para facilmente compreenderem a situação em que nos colocaram.
Quer este governo mostrar obra? Pois aproveite os fundos colocados à disposição e invista seriamente na reabilitação urbana. Não quer isto significar a opção pelos mesmos catastróficos erros, para não dizer descarados crimes, naqueles empreendimentos que vemos um pouco por todo o lado, desde a construção para o terciário e fachadização dos prédios do século XIX, até aos risíveis condomínios cujo valor real nem de longe corresponde ao que se pede nos stands de vendas. Todo o património histórico urbano da capital - e isto é extensível a quase todas as cidades portuguesas - está em ruína e em acelerada destruição sob beneplácito camarário, sendo urgente a sua conservação.
Bem podem gizar soluções de financiamento destinado a senhorios sem posses, assim como à propriedade municipal ao abandono. Um gabinete composto por gente competente, criteriosamente nomeada fora dos habituais esquemas partidocráticos, poderá coordenar um esforço que deve ser nacional e que decerto durará gerações. Deverá ser esta uma hercúlea obra sem limite temporal definido e destinada a sobretudo beneficiar as pequenas empresas, aquelas que têm escapado à usura do poder político e das famiglias banqueiras cujos nomes diariamente ocupam os escaparates dos jornais. Verão como desce a taxa de desemprego e verificarão como a indexação de materiais de construção Made in Portugal poderá operar sensíveis transfomações contabilizadas em empresas viabilizadas.
Pensem no assunto.
Há uns anos, perguntei ao meu avô, de quem neste blog já falei aqui e ali, por que razão nunca se tinha candidatado a Presidente da Câmara Municipal de Ferreira do Zêzere. A resposta dele, que na altura o meu atrevimento e inexperiência de vida próprios da juventude me levaram a pensar que não fazia muito sentido, ganhou ultimamente contornos que me permitem aferir com uma certa clarividência alguns traços de carácter de muitos politiqueiros que nos desgovernam, bem como ter a noção de que a verticalidade, nos homens portugueses, é um bem cada vez mais escasso. Respondeu-me assim: "Vivo em Ferreira há muitos anos, mas sou de Lisboa. Não faria sentido candidatar-me a Presidente da Câmara Municipal de uma terra de onde não sou natural."
André Azevedo Alves, Municipalismo:
«O número de freguesias - superior a 4000 - pode impressionar (especialmente para quem, de fora, não conhece a realidade no terreno), mas a verdade é que o respectivo peso em termos orçamentais é pouco mais que insignificante. Já o impacto em termos de perturbação das comunidades locais e de desrespeito pela respectiva história colectiva será significativo. Pior: o redesenho das freguesias a régua e esquadro imposto de forma centralizada e para a troika ver inevitavelmente desestruturará muitos mecanismos de governação local e de proximidade que funcionam relativamente bem.»
No dia da comemoração de 50 anos de um bom casamento institucional, também nos chega um bom vento autárquico. Foi detido um ex-alcaide de uma localidade da zona de Málaga, em Espanha. Este membro da I.U. - a "CDU" local, vulgo Partido Comunista -, prevaricou naquele tipo de decisões que aqui em Portugal sobejamente conhecemos. Já está a chegar a altura de no nosso país adoptarmos este género de razia dissuasora. Apenas na região metropolitana de Lisboa, a lista é densa e os desastres urbanísticos imensos, desde demolições, à ocupação indevida de terrenos agrícolas, construção especulativa, mancomunamento com a banca, etc. Tudo aquilo de que o ex-alcaide é acusado, não passa de um fait-divers alfacinha, uma constante nos municípios portugueses. Comecemos por Lisboa e já!
Telefonema para a divisão de contabilidade de uma qualquer Câmara Municipal portuguesa:
Eu: Muito boa tarde, estou a ligar para aferir se já têm alguma previsão relativamente à data de liquidação de uma factura.
CM: Olhe, vou-lhe pedir que me ligue Terça-feira à tarde que é quando fazemos atendimento relativamente a pagamentos.