Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Depois de ler o que o Samuel escreveu, e de tomar conhecimento da existência de uma petição a pedir a demissão - pelos vistos, foi imediatamente lançada outra petição a exigir a manutenção em funções- de Isabel Jonet do cargo de presidente do Banco Alimentar, só posso chegar a uma conclusão: o debate público em Portugal está, paulatinamente, a atingir uma preocupante dimensão de intolerância democrática. Não se dialoga, não se discute, não se aceitam pontos de vista contrários, impõem-se opiniões, instiga-se a infâmia, tudo isto a despeito de qualquer noção mínima de convivência democrática. Para piorar a situação temos a virulência que, em certos momentos, grassa inesperadamente nas redes sociais. O acusacionismo gratuito e a discussão fácil e pedestre são, por vezes, os pratos fortes nestes meios. Não se pondera, lança-se lama e estilhaçam-se reputações com uma facilidade inopinada. Seria bom que em vez de discutir o acessório, os opinaristas encartados que pululam pela blogosfera e redes sociais passassem a debater o essencial. Isabel Jonet é criticável como qualquer outra pessoa que emite a sua opinião no espaço público. O que não é aceitável, e não contem comigo para alinhar numa caça às bruxas, é esmagar a reputação de uma determinada personalidade pública, com vista a obter ganhos políticos, sabe-se lá para quê. Um país minimamente civilizado não funciona, nem poderá funcionar, assim.
Quando seja lá quem for que esteja a fornecer informações à comunicação social conseguir que todos os maçons da classe política saiam do armário, a seguir o que é que acontece? Metemo-los a todos num barco daqui para fora? E a seguir, fazemos o mesmo aos da Opus Dei? E aos ateus? E aos monárquicos? E aos gays? E sobra quem para (des)governar o país? Esta caça às bruxas à qual não faltam idiotas úteis ainda vai ter muito que se lhe diga.