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Varoufakis, dramas e Dracmas

por John Wolf, em 04.02.15

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Deixemo-nos de danças de salão, de considerações sobre quem leva ou não gravata à reunião, de rebeldias e submissões. Uma coisa é certa. Sabemos que a história não se repete, mas por vezes rima. Quando largos espectros da população deposita a sua fé em promessas de campeões, sabemos que corremos perigo. E isto diz respeito a qualquer ideólogo de Esquerda ou Direita. A mudança requerida a qualquer custo pela Europa da Austeridade, pode implicar um preço excessivamente elevado. A indexação da dívida grega ao seu crescimento é roupa velha. Houve até em Portugal um político "varrido da capoeira" que teve semelhante ideia. Quando Varoufakis "inventa" a roda do crescimento como condição primária, está a pedir dinheiro, mais dinheiro. Mas não explica como irá redesenhar a textura económica do seu país, como irá alterar a cultura financeira do seu povo habituado a receber. Em termos pecuários a pergunta que se pode colocar é a seguinte: como irão os governantes helénicos desmamar o povo grego que durante décadas a fio se afeiçoou a uma torneira aberta, a uma torrente de dinheiro dos outros? Varoufakis e Tsipras "que se cuidem" (parafraseando Soares) porque a base eleitoral que os colocou no poder, pode rapidamente inverter a guia de marcha, se as promessas de alívio financeiro não forem cumpridas, palpáveis. O estado de emergência em que se encontra o povo grego não é compatível com elaborações teóricas positivistas e que apenas se poderão concretizar no médio-longo prazo. Não sei, se a dada altura, a saída do Euro não será a melhor opção. De um dia para o outro, tal decisão provocaria um cataclismo económico, financeiro e social, mas os dinheiros de salvação viriam sem demoras pela via privada e não institucional. A haver uma re-adopção do Dracma, e à luz de uma desvalorização ainda mais brutal do produto interno bruto, uma panóplia de investidores internacionais acorreria para deitar a mão a bons investimentos. O investimento directo estrangeiro que se viria a registar seria sem dúvida notável, colocando efectivamente a Grécia no caminho da retoma económica. O problema que se apresenta, e que fere o sentido patriótico, é análogo ao que se passa em Portugal com a privatização da TAP. Mas, dadas as condições de precariedade e desemprego que se registam naquele (e outros países), talvez não seja má ideia dispersar o capital por "não-políticos". Se a Grécia já é detida por uma "entidade estrangeira" com sede em Berlim, não vejo grande mal em trocar de patrão. Os próximos meses de negociação entre os gregos e a União Europeia podem esgotar a oferta de soluções congeminadas na grande casa europeia. Se nada avançar no sentido de um entendimento credível de parte a parte, não vejo outra opção se não o abandono do Euro. O sentimento de euforia vivido pelas Esquerdas europeias não encontra necessariamente eco na casa-mãe Grécia. Os gregos, cépticos por natureza, demonstram que acreditar é positivo, mas fiar em demasia pode dar asneira.

publicado às 09:06






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