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Síndrome pós-traumática de Pedrógão

por John Wolf, em 08.08.18

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A tragédia de Pedrógão de 2017 não foi uma tragédia. Resultou inequivocamente de décadas de desgoverno da base geográfica de Portugal. Foi a matriz cultural e é a matriz cultural que impede um genuíno ordenamento do território. A ciência e o saber técnico respeitantes aos fogos e ao seu combate residem em Portugal ao mais alto nível. Tem sido o poder político o principal adversário da paz e ordem sociais. Foram sucessivos governos, formados a partir de partidos de todo o espectro ideológico, que alimentaram o sectarismo, a divisão, a promulgação de interesses parcelares contrários à defesa da integridade e sustentabilidade florestal do país. Assistimos ao descalabro administrativo, à discussão de chefias e forças de intervenção, ao caos burocrático e processual - estão todos em pânico pela putativa perda de vantagens e subvenções. Mas assistimos também à incapacidade de disciplinar as populações que desobedecem sem reservas às ordens das autoridades. Confirmamos também, este ano, à luz das perdas humanas de Pedrógão em 2017, o medo irrascível e desesperado para salvar vidas humanas, deixando o pasto e o mato à mercê do fogo. Ou seja, o cadastro intensamente negativo da perda de vidas humanas do ano passado será saneado pela possível poupança das mesmas no cenário de operações de este ano. O governo de António Costa parece ter colocado a tónica nessa dimensão para poder reclamar o grande sucesso da protecção das populações - ardeu tudo, mas ninguém foi carbonizado. Falamos da síndrome pós-traumática de Pedrógão. Testemunhamos, incredulamente, a contradição consubstanciada no avolumar de meios humanos e técnicos de combate ao fogo que de pouco tem servido para inverter a tendência de ganho do fogo - mais meios e mais homens para combater as labaredas não se traduz em vitórias certas. A noite será longa, assim como as discussões infrutíferas sobre responsabilidades a atribuir. Eucaliptos dizem uns, vento sopram outros.

publicado às 21:28

A próxima crise global está a chegar

por John Wolf, em 12.05.15

A crise de 2008 foi uma brincadeira de crianças....

publicado às 14:57

Sintomas da realidade portuguesa

por John Wolf, em 10.11.14

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Ultimamente tenho tido alguma dificuldade em escrever sobre os diversos temas que decoram a realidade. Estava a preparar-me para continuar a evocar as contradições de António Costa, mas nem preciso de o fazer. O candidato a primeiro-ministro está a demonstrar incongruências sem a ajuda de quem quer que seja. Ainda não há orçamento para a Câmara Municipal de Lisboa? Quem precisa desse pedaço de papel? É apenas um esboço genérico das decisões já tomadas. O melhor é navegar à vista. O público não tem de saber como se cozinha em política. A democracia já deveria ter entendido que a transparência é uma coisa muito bonita, mas tem limites. Depois, já estava todo virado para a Ebola e de repente Portugal surpreende-nos com a Legionella. E acho que devemos aproveitar essa deixa enquanto exemplo do que acontece em todos os quadrantes. Sinto que quem manda no país não é o governo. Quem efectivamente determina as coisas é parente próximo da deriva, primo da feição sórdida, do pequeno caos suportável, incurável. A bomba atómica pelo que o povo anseia, para mandar tudo pelos ares e começar de novo, não existe. Foi substituída pela miudeza de um queixume de enérgumenos. Como é que vai? Vai-se andando. Assim assim. Mais ou menos. Mandaram o homem embora. Trouxeram outro, mal amanhado, semelhante a outro resgatado de outro promontório. Falta pouco para o Natal - esse estado de morna que entorpece ainda mais as virtudes. Deixe-se ir abaixo, siga à Baixa para ver as luzinhas do gordo barbudo, suado debaixo desse falso treino de simpatia, guizo de renas - run. Run for your life.

publicado às 10:11

Dedicado ao Eurogrupo

por Fernando Melro dos Santos, em 18.03.13

publicado às 19:00

Manifestações, direitos, e bandeiradas

por João Pinto Bastos, em 04.03.13

Com ou sem estribilhos estafados, o que se passou na última semana foi a enésima confirmação de que as esquerdas lusas são um caso clinicamente perdido.

publicado às 13:49

A Itália que importa

por João Pinto Bastos, em 25.02.13

Há pouco, numa das minhas contumazes deambulações feicebuqueiras, deparei-me com uma agudíssima análise do Jorge Nascimento Rodrigues, que permito-me citar aqui no blogue: "A verdadeira divisão é entre os que ainda aceitam jogar segundo as regras da troika em diversos graus (Bersani e Monti) e os que, por demagogia populista ou convicção, se opõem, como todos os grupos e partidos que se integram na coligação liderada por Berlusconi ou os integrantes do movimento de Beppe-Grilo (verdadeira surpresa eleitoral, game changer no atual contexto, sendo o segundo partido mais votado, à frente do próprio partido de Berlusconi) (...) Um membro do Partido de Bersani já disse que por este andar haverá novas eleições, como na Grécia. Só que Beppe Grillo não é Siryza e Berlusconi e seus apoiantes não são o PASOK para servir de muleta a Antonis Samaras. È um contexto radicalmente diferente". O cerne destas eleições prende-se exactamente com o facto, estranho para alguns, de Berlusconi e Grillo não serem comparáveis aos actores políticos da desgraça grega. Há diferenças notáveis entre os eurocépticos italianos e os eurocépticos gregos, ainda que a semelhança principal entre ambos reconduza-se ao firme repúdio da actual arquitectura de gestão macroeconómica do euro. O que as eleições italianas patentearam foi uma divisão radical entre os que partilham os postulados merkelianos e eurocráticos de gestão do euro, e os que preferem uma via autonomista que recupere soberania e voz activa na resolução dos problemas políticos e económicos nacionais. Sim, caríssimos leitores, o que está em causa é tão-só saber até que ponto os italianos aderiram ao federalismo aditivado dos eurocráticos de Bruxelas e Berlim. Pelos vistos, a adesão não foi em massa, e por mais que se critique Berlusconi - e eu estou longe, bem longe, de ser um admirador do Casanova cantor -, e muitos fá-lo-ão, uma coisa é certa, o senhor renasceu das cinzas, qual fénix perdida nas ladeiras da proscrição judicial. O futuro será incerto, e as próximas horas, dias e meses revelarão se os italianos estão ou não dispostos a suportarem, silente e calmamente, a dureza austeritária. Algo me diz que não. Mais: esta crise porá a nu, definitiva e derradeiramente, a pobreza política que domina as estruturas políticas europeias. Com que consequências? Só o futuro o dirá.

publicado às 23:10

O manifesto do caos

por João Pinto Bastos, em 29.01.13

A ignóbil indústria dos manifestos chegou à Europa: à Europa que não ata nem desata. O mais gracioso da coisa é observar os delírios de autores tão respeitáveis como Savater, Eco ou Rushdie que crêem que sem federalismo, imposto sabe-se lá como, virá a tragédia da barbárie. Mais honestidade intelectual, please.

publicado às 22:07

Entretanto, in a galaxy far far away...

por João Pinto Bastos, em 30.12.12

As elites políticas americanas, atacadas por um surto de afasia política, insistem em não entender-se. Aparentemente, republicanos e democratas resolveram entregar-se a uma rave colectiva, esquecendo, por momentos, que lá fora, na Main Street, há muita gente à espera de um sinal de responsabilidade, ou como diriam os hermeneutas do politicamente correcto, de sentido de Estado. Na Europa dos federalistas à la carte os sinais também não são nada benfazejos. A propósito deste canto ocidental à beira-mar plantado, o Financial Times fala mesmo em "terramoto fiscal". O periódico da grande finança não errou no diagnóstico, é justamente isso que nos espera a breve trecho. Um terramoto que, se tudo correr como os podengos arregimentados desejam, não colocará em causa os fundamentos do regime. Mas, como dizia esse fazedor de platitudes chamado João Pinto, prognósticos só no fim do jogo. Juntem a irresponsabilidade americana à inépcia europeia, com uns pózinhos da inabilidade portuguesa de permeio, e terão uma mistura explosiva de caos económico, instabilidade social e crise política. O próximo ano não será nada fácil e, contra o que alguns pensam, os pressupostos de sempre e as teorias acabadas de antanho já não servem de nada perante uma crise estrutural. Uma crise que, de certo modo, é a crise de um modo de vida. Acordar disto será complicado.

publicado às 23:50






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