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Aviso
Informo os leitores deste artigo para a violência contida na linguagem e as imagens gráficas que podem ferir os mais sensíveis.
A alteração da medida de coacção de José Sócrates, de prisão preventiva no estabelecimento prisional (#44) em Évora para prisão domiciliária sem pulseira electrónica em Lisboa (#33), significa, em termos substantivos, que o processo está a avançar no sentido correcto e expectável. Os indícios de prática dos crimes que lhe são imputados serão por esta hora provas que constarão de uma acusação formal. Por mais que Sócrates coloque um sorriso de triunfador com saída em ombros, a verdade é que em breve teremos notícias da acusação e dos elementos que sustentam a mesma ou mesmas. Os quase dez meses de "infâmia" serviram certamente para solidificar os factos que lhe vinham sendo imputados. Quem esperou este tempo todo pode esperar mais um pouco. Não me refiro a Sócrates. É o povo de Portugal que merece a nossa maior consideração.
Notas
Os primeiros passos são sempre os mais difíceis, mas ontem vivemos um dia histórico na Democracia portuguesa. Para que fique esclarecido preventivamente, não concedo tratamento diferenciado a qualquer um dos partidos que polvilha o espectro político de Portugal. Desta vez o corrupto vestia uma camisola rosa. Da próxima vez a malha pode ser outra. Não interessa. O que importa é que o país se possa ver livre destes anticorpos que têm causado tanto dano ao país. Primeira nota a reter. Se o Partido Socialista tiver um pingo de dignidade, deve, de um modo institucional, pedir desculpa aos portugueses. Foi essa casa de valores éticos e morais que forneceu aquele lider. Foi naquele partido que determinadas condições permitiram a ascensão de alguém com uma agenda contrária ao interesse nacional. Era suposto ser precisamente o oposto - a promoção de candidatos com um genuíno sentido de abnegação. Depois de anos de clamor pela ineficácia do sistema de Justiça em Portugal, o mesmo funcionou com pertinência e com sentido de reserva. O segredo de justiça, invocado pelas "primas da dona" de Portugal, existe mesmo. Se a escrivã não dissertou sobre os fundamentos das medidas de coacção devemos pensar porquê. A investigação em curso não termina com Sócrates. Certamente outros serão detidos. Deixem o sistema funcionar e deixem de ser o circo que acusam as televisões de ser. Mas a comunicação social também tem pontas soltas. Foi verdadeiramente deplorável escutar a antena da SIC Notícias. José Sócrates mexe-se bem. Afinal tem mais do que um advogado de defesa. O Dr. Araújo será coadjuvado, no recurso à medida de coacção, pelo Sr. Sousa Tavares e pela Sra. D. Clara Ferreira Alves - ambos filhos do regime, que agora começa a desmoronar de um modo expressivo. Os dois analistas nacionais devem ser considerados traidores da objectividade analítica, marionetas de um esquema ardiloso patrocinado pela SIC. O que está em causa é muito maior do que as miudezas dos modos policiais, o aparato ou falta de decoro na detenção do ex-primeiro ministro. Não nos deixemos distrair com a hipocrisia, os direitos humanos de que falam, como se Portugal fosse perfeitamente civilizado. Ainda existe um traçado a percorrer, mas Portugal não deve atravessar-se no seu próprio caminho. Venham de lá mais inéditos.