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O raio do contribuinte quer lá saber de cativações, escalões de IRS ou descongelamentos na carreira de funcionários públicos. Todo este jargão do ministério das finanças apenas serve de manobra de diversão. A pergunta simples que deve ser respondida é a seguinte: o contribuinte vai pagar mais ou vai pagar menos impostos em 2018? A resposta é: pagará mais. Estes esquemas de sais e açucares, sistemas de bike sharing e vales para educação geram esquizofrenia fiscal - atiram areia para os olhos do contribuinte. Enquanto o espectáculo decorre com a apresentação de fotocópias sobre drones, o fogo que arde e que se vê, a geringonça baralha e torna a dar. Todas as benesses prometidas aos que elegeram os partidos que formam o marco de governação serão entregues, mas com efeitos secundários que serão sentidos por todos. Em 2019 chega a factura da festa - mais de 1000 milhões de euros. Mas por essa altura pouca diferença fará. Se a geringonça continuar no poder será mais do mesmo, como se nada fosse. No entanto, se uma alternativa de governo se materializar com as legislativas, o descalabro financeiro das contas públicas já terá dono - a culpa é sempre dos outros. O governo prevê um crescimento económico de 2,6% para alimentar as suas fantasias e a sua alegada generosidade fiscal, mas está a ser irresponsável porque vem aí muita coisa. O acentuar da crise do Brexit com todas as ramificações no nível de exportações da Zona Euro. A subida de taxas de juro do Banco Central Europeu que terá impacto nos intervalos e respectivos juros da emissão de títulos do tesouro. Uma provável valorização do dólar americano à luz de indicações da Reserva Federal que calendariza a subida das taxas de juro de referência. Enfim, um conjunto de temas que não se pode ignorar como o Partido Socialista faz em relação ao autor-acusado José Sócrates. No Largo do Rato sofrem de memória e realismo selectivos. No seu campo de visão apenas entram os amigos socialistas e as belas histórias que têm para contar. Uma plateia cheia de socratinos. Só cretinos.
Do alto dos meus 39 graus de febre ainda consigo ver Portugal e em particular o ano de 2014. Estamos de parabéns e é Natal. Este ano ficará na história desta valente e imortal nação por ter quebrado o feitiço da intangibilidade. Temos a prova de que a Justiça é capaz de apanhar ex-lideres sem acanhamentos ou reverências. O que tem de ser tem muita força. Coloquemos José Sócrates no topo, mas acrescentemos outras missões investigativas. Mas o povo português é estranho e justifica a expressão proverbial: preso por ter cão, preso por não ter cão. Quando não havia resultados na Justiça no que dizia respeito aos "grandes de costas largas", ouvia-se o coro dos oprimidos, a voz do mexilhão habituado a receber as sobras do tratamento justo e equitativo. Agora que é a doer para com um ex-primeiro ministro reclamam por chavões como segredo de justiça e presunção de inocência. Dizem que não passa de política, mas estão enganados. José Sócrates já não é uma divisa, não serve para apostas partidárias. Queimou-se, e embora os efeitos colaterais queiram ser dirimidos, mitigados, a verdade é que haverá consequências e não apenas para o Partido Socialista, mas para a totalidade da estrutura do poder político de Portugal. Nestas questões não há refúgios ideológicos. Os prevaricadores andam por aí, e vêm em todas as cores e feitios. Que 2015 chegue com a mesma pujança jurídica que vinha sendo adiada de há muitos anos a esta parte.