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Quando a arrogante desfaçatez é ilimitada

por Nuno Castelo-Branco, em 19.04.16

 

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Uma das primeiras medidas do governo Costa (Afonso), foi a do confisco das propriedades da Casa de Bragança, incluindo estes os bens pessoais de D. Manuel II, de D. Amélia, de D. Maria Pia e do infante D. Afonso Henriques e os patrimoniais que faziam parte do único morgadio existente e constitucionalmente consagrado no país. 

Os ingleses ficaram furiosos e enviaram uma seca mensagem ao governo do dito Costa (Afonso), avisando-o de que não aceitariam tal coisa, não se ralando minimamente em esticar o tempo e à inglesa deixar o "novo regime" empastelar meses a fio sem o urgente reconhecimento internacional. Há que não esquecer que naquela época Portugal não estava reduzido à sua actual e mais ínfima dimensão, contando com um Ultramar que seria facilmente ocupado pelas potências com quem tínhamos relações. Como seria normal, não sendo a república reconhecida por um único Estado, os navios portugueses eram obrigados a deixar os portos nacionais com a flâmula inspirada no pano da carbonária - o que ainda temos como bandeira nacional - e passadas as águas territoriais, logo hasteavam a bandeira azul e branca, impedindo assim serem considerados navios piratas ou algo do género. Muito mais tarde, na Paris mergulhada na Primeira Guerra Mundial, em 1916 João Chagas veria com choque e espanto a antiga bandeira esvoaçando nos principais hotéis da capital francesa, prova de que para a maioria dos estrangeiros, a república era uma existência simbolicamente ignorada e na prática assim permaneceu mesmo até depois do fim da guerra. Os postais alegóricos demonstram-no.

Entretanto, ainda nos finais de 1910, em Lisboa e por intermédio dos seus correligionários a quem foram concedidos pelouros de decisão governamental, o Costa (Afonso) ia fazendo calmamente o seu programa que ia muito para além da declaração de guerra à Igreja, o ataque e saque de conventos, espancamento ou assassinato de adversários reais ou imaginários, destruição de jornais, adulteração e cerceamento dos cadernos eleitorais. Colocou bens pessoais da realeza deposta em hasta pública, algo que segundo as felizmente existentes más-línguas do costume, terá beneficiado muita gente que lhe era próxima.

Como se vê, os actuais maus hábitos têm antecedentes. Sai o titular do cargo de gerência de bens roubados e logo é substituído a título provisório por um regente

Na 1ª república desapareceram jóias, móveis, quadros, roupa das rainhas e sabe-se lá mais o quê. Inicialmente chegaram ao ponto de pensar em tornar a Ajuda no palácio presidencial, mas a opinião pública não era de fiar, ainda por cima já entusiasmada pelo presidente que segundo se dizia em voz embargada de emoção e em bucólicos lirismos à medida da Ilustração Portuguesa, "era tão sério, tão sério, tão sério e tão modesto que ia de eléctrico para Belém, pagava renda pelo uso do Palácio e correspondentes contas de electricidade." Quanto à água para os hipotéticos banhos ao fim de semana, disso não rezam as croniquetas. Curioso seria sabermos hoje quanto simbolicamente terá desembolsado por todos esses exotismos: 1$00? 2 ou 3 Escudos?

Sabe-se o que sucedeu. O novo regime esteve longos meses sem o reconhecimento internacional e a França foi, uma vez mais por sugestão inglesa, o primeiro Estado a fazê-lo. Tal ocorreria após a formal devolução ao rei D. Manuel II, daquilo que hoje em mais reduzida parte forma a Fundação da Casa de Bragança. Mas este caso de gula estrangulada não ficou esquecido. 

Estiveram os bens da C de B na legalidade até ao passamento do monarca, em 1932. Salazar viu então uma oportunidade para liquidar de vez esta questão, apossando-se "o Estado" do apetitoso bolo que pelos ingleses lhe fora negado duas décadas antes.

Assim tem permanecido este descarado roubo desde então, servindo de coio para todo o tipo de amigos das várias trambiqueirices que se vão sucedendo umas às outras.

Aqui como em todos os labirintos do querer é poder, também a segunda república deixou descendentes na terceira que enjeita a mãe e a avó. 

E isto não mudará, quanto a factos consumados não tenhamos ilusões.
 

 

publicado às 08:01

No 1º de Fevereiro, a verdade factual da História

por Nuno Castelo-Branco, em 01.02.13

publicado às 17:00

O Regicídio não foi esquecido. Jamais o será!

por Nuno Castelo-Branco, em 01.02.13

O acto fundador da República consistiu em dois crimes de sangue impunemente perpetrados contra as pessoas dos mais altos representantes do Estado português.

Muito antes do fatal desenlace que mergulharia Portugal no caos, numa escusada série de violências, abusos e na total e reconhecida inépcia no exercício do governo deste país, os republicanos souberam aproveitar o regime de liberdades públicas existentes na nossa terra, liberdades essas garantidas pela Carta Constitucional e pela instituição que  superiormente representava o Estado: a Coroa

Se numa fase inicial desta República brutalmente implantada, os seus responsáveis prodigamente se vangloriaram do Regicídio, inadvertidamente também deram a conhecer ao mundo quem afinal eram os novos senhores do poder em Portugal. Os desastres que os acontecimentos de 1908 e 1910  despoletaram na nossa sociedade, foram por si suficientes para uma decidida e bastante oficial política de forçado esquecimento do acto primordial da fundação do regime de 5 de Outubro de 1910. O Regicídio foi deliberadamente apagado da memória, o seu Processo Legal escandalosamente desapareceu, mercê da intervenção dos detentores do poder ilegitimamente tomado pela força dos tiros da artilharia, assassinatos indiscriminados, repressão sindical e da imprensa. Durante quatro gerações, os donos das três Repúblicas ingloriamente tentaram apontar outros responsáveis por um acto do qual eles e apenas eles foram os beneficiários morais e materiais.

 

Com o assassinato do Rei D. Carlos e do Príncipe D. Luís Filipe, os republicanos  desferiram o penúltimo golpe que despojaria Portugal da sua normal evolução para uma sociedade ainda mais livre e progressiva. Apesar dos rotineiros contratempos políticos propiciados por um regime fortemente parlamentar já bem enraizado, o nosso país beneficiou de décadas de progresso material e intelectual. Durante a Monarquia Constitucional, Portugal integrou-se plenamente naquilo a que à época era a Europa do liberalismo oitocentista. Os avanços materiais foram evidentes e sem paralelo na nossa história, o país modernizou as suas infra-estruturas e integrou-se no comércio  mundial.  O período monárquico constitucional foi um alfobre de grandes nomes da nossa cultura e também garantiu a nossa futura presença em todo o mundo, participando Portugal na delimitação de esferas de influência que muitas décadas mais tarde dariam origem à Comunidade de Países de Língua Portuguesa.

 

O Rei D. Carlos foi um dos maiores entre os grandes da nossa História. Culto e aberto àquilo que a seu tempo eram as novidades da ciência e das artes, mereceu o respeito politico e pessoal dos seus contemporâneos estrangeiros, enquanto em Portugal enfrentava só e indefeso, as contingências impostas pelo próprio regime de liberdades que não o soube proteger de afrontas, esmagadoras calúnias  e na fase final do seu reinado, da conspiração subversiva que não apenas fez ilegalmente tombar o trono, como também irremediavelmente ditaria o catastrófico século XX que o povo português  resignadamente sofreu.

Quiseram os assassinos abater o monarca que por sinal, era um homem bom e generoso. Procurando eliminar toda a Família Real, julgavam poder obliterar oito séculos de uma história ininterrupta. Não o conseguiram e cento e cinco anos decorridos após o crime que de forma indelével enodoa o regime a que ainda hoje todos nos submetemos,  já se adivinha o total alijar da canga imposta pelo silêncio que viu na ignorância das gentes, a suprema garantia de um poder prepotente e sem peias.

O ajuste de contas chegará, já não existe qualquer dúvida. Não virá de um outro acto violento que imponha a vontade de uma minoria, pois esse acerto de contas com a História já começou. D. Carlos e os seus encontram-se hoje perfeitamente reabilitados. O estudo que propicia o conhecimento da verdade já não conhece obstáculos e são precisamente os mais jovens quem decidida e porfiadamente tem quebrado as grilhetas do preconceito, da mentira e da despudorada prepotência que tem humilhado e menorizado Portugal.

Uma vez mais, o Regicídio não foi esquecido. Jamais o será.

 

publicado às 09:00

Uma visita diária

por Nuno Castelo-Branco, em 26.01.13

Desfeita em pequenas misérias, grandes cumplicidades e escusas cooperações despudoradas, a chefia do Estado que temos é coisa vergonhosa, indecente, devorista, caduca, sem qualquer conexão com o país real que olimpicamente a ignora. O desastre dura há demasiadas gerações. 

 

O que este blog dia a dia nos mostra é um outro Portugal, um país que em Lisboa é praticamente desconhecido, mas nem por isso menos teimosamente aferrado àquilo que é seu. Um Portugal das liberdades do povo, cuidadosamente organizado e que sabe inovar sem deslustrar as suas tradições. Um Portugal sem a condicionante muleta dos "subsídios e dependência" dos cofres públicos, recusando-se ficar à mercê dos apetites de aventureiros políticos. 

 

Maria Menezes presta abnegada e quotidianamente um grande serviço e chama-nos a atenção para aquilo que esse outro Portugal significa. É que para uma insuspeitada multidão de portugueses a Monarquia já existe, sendo o necessário  e optimista contraponto ao descalabro a que na república assistimos sem solução possível.

publicado às 16:35

Hoje o Rei saiu à praça e sem medo falou com o povo

por Nuno Castelo-Branco, em 05.10.12

 

Aquele amplo salão de portas escancaradas à população de Lisboa, é um local carregado de memórias da nossa luta por uma independência hoje mais do que nunca ameaçada. Esta tarde recebeu centenas de portugueses que ouviram as palavras de total entrega da Casa Real ao povo. Não podendo nem desejando participar nas questiúnculas da micro-política partidária, o Senhor D. Duarte fez o discurso que ao país mais convém, não deixando de vincar a inequívoca posição da Casa de Bragança quanto ao catastrófico momento que o país atravessa. Um abissal contraste com o caudal de lugares comuns hoje medrosamente murmurados no Pátio da Galé.

 

Terminada a cerimónia, S.A.R. dirigiu-se à conhecida e popular A Ginjinha do Rossio, onde, para grande surpresa dos muitos clientes que àquela hora bebericavam e na rua aproveitavam os derradeiros dias de um sol ainda a fazer-nos lembrar o verão que já passou, o chefe da Casa Real abertamente falou com quem ali estava e com outros que de imediato por ali ficaram numa curiosa expectativa.  

 

Aquele que para muitos é simplesmente tratado como O Rei, não deve nem teme. Não se eximindo ao contacto com a população, ouviu queixas e palavras de incentivo a uma causa que  representa a derradeira esperança de milhões de oprimidos nos seus direitos de cidadania.

 

Com este Rei, os esmagados súbditos da República seriam os verdadeiros e únicos senhores do país. 

publicado às 17:33

No Palácio da Independência

por Nuno Castelo-Branco, em 13.06.12

No Palácio da Independência, uma sala bem composta acolheu o lançamento do livro "Dom Manuel Ii e Dona Amélia, Cartas do Exílio", obra organizada pelo Prof. Dr. Fernando Amaro Monteiro.

 

O discurso real acentuou aquela verdade que os do regime da república sempre quiseram e puderam - mercê de uma propaganda caluniosa e insistente - ocultar:

 

"Depois de 5/Outubro/1910, ele não passou a ser um “ex-Rei”… Durante os 22 anos do exílio, reinou permanente e incontestavelmente, porque sempre ao serviço gratuito do País, olhando com superioridade e distância, por vezes mesmo com impaciência, quaisquer choques e intrigas que a partir de Portugal pretendessem envolvê-lo."

 

S.A.R. o Senhor D. Duarte de Bragança, tem a plena consciência do que estas palavras significam, pois há muitos portugueses que poderiam usá-las quando a Ele se referem. A única vantagem? O Senhor D. Duarte está entre nós e assim permanecerá, por muito que isso desgoste a quem quer e manda, mas não pode.

 

O Rei é um homem sério. Aí está o problema incontornável para os donos do poder.

publicado às 22:03

Feliz Aniversário, Senhor D. Duarte!

por Nuno Castelo-Branco, em 15.05.12

E ainda prometemos que após a Instauração, o 15 de Maio será feriado. Fica assim reposto o necessário equilíbrio.

publicado às 22:19

A "Fundação" da Casa de Bragança, um esgoto salazarista

por Nuno Castelo-Branco, em 09.03.12

Desde a sua imposição através de canhoneio, a República Portuguesa sempre foi a imunda toca do mais descarado ratazanismo. Se passarmos sobre as rápidas conversões do formiguismo branco ao caceteirismo da PIDE, teremos bem á vista casos bem próximos e tão chocantes como roubos, falsificações ou simples abuso de poder. Se alguns ainda se lembram do esbulho dos bens depositados pelos refugiados - os tais pretensos "retornados" - nas representações diplomáticas nacionais nos novos países saídos do antigo Ultramar e o longo processo de expropriações e depredação de propriedades alheias, temos um velho caso, quiçá o primeiro e potencial modelo para todos os desvarios subsequentes. A 2º República deixou escola e consequente praxis claramente consuetudinária, apenas mudando a verborreia.

 

A "Fundação" da Casa de Bragança é um exemplar da prepotência da República Portuguesa, um assalto legalizado por ditatorial decisão. O roubo salazarista do património do Ducado de Bragança permaneceu impune e mais ainda terá servido para emprego de quem tem sucessivamente encabeçado uma "organização" que mais não é, senão uma aparente coutada para o conhecido princípio da distribuição de potenciais manjedouras. Será interessante a imprensa investigar a situação que por lá grassa há gerações e talvez, quem sabe?, descobrindo aquelas usuais "coincidências" que há muito ditam a norma neste país. É alegadamente um daqueles redutos tão do agrado do actual redil, sapiente como este foi e é em reciclar todo o lixo proveniente da 2ª República, aliás numa primorosa cópia daquilo que esta mesma fez em relação à sua precedente. Assim sendo, da 1ª até à 3ª, o desfiar do rosário de arteirices, saques, prepotências e outras poucas vergonhas, consiste numa ininterrupta cadeia.

 

A maioria dos nossos leitores ainda não saberão do dislate, mas há que informá-los do completo escândalo que se passa em pleno Panteão da Casa de Bragança, onde os caixões do Duque D. Duarte Nuno e de outros familiares da Casa Real e Ducal, estão ignominiosa e intencionalmente votados ao abandono, aguardando há décadas pelo seu lugar de direito. Encontram-se a um canto e cobertos por plásticos, dada a ausência de decisão - é este o subterfúgio que os cobardes usam para a recusa - em sepultá-los devidamente, tal como dita o direito e a tradição. A não ser este o caso, como justifica então a Direcção da "Fundação" este desplante?

 

O último episódio desta escabrosa saga de fascistíssimos desmandos, mentiras e conluios com o poder - um dos mais corruptos de que há memória na nossa História -, diz respeito ao recente falecimento de S.A.S. a Infanta D. Maria Adelaide. Os desconhecidos pigmeus que encabeçam a secundo-republicana "Fundação" da Casa de Bragança, recusaram o depósito do ataúde de S.A.R. no Panteão Ducal. Uns tantos intérpretes de gente sem aquele mínimo de estatura que sequer pudesse chegar às unhas dos pés de D. Maria Adelaide, arrogantemente negaram o óbvio. Pouco lhes importa a dimensão moral da falecida e aquele tímido reconhecimento do Estado em que a própria República, sobre evidente pressão da opinião pública, tardiamente colocaria a Senhora naquele patamar inatingível por não importa qual nababo da plutocrática cleptocracia vigente. 

 

Diz-se que a inefável criatura decisora da recusa da entrada da Infanta no Panteão, nem sequer sobreviveu quarenta e oito horas à prepotência. Hoje não estamos para floreados e recorrendo aos velhos e bem apropriados ditos populares, "cá se fazem, cá se pagam". Enterre-se e esqueça-se.

publicado às 16:20

A entrevista de D. Francisco ao semanário Sol

por Nuno Castelo-Branco, em 03.03.12

Francisco van Uden foi o primeiro da família, exilada durante 115 anos, a nascer em Portugal, e espera viver até aos 100 – como a sua mãe, neta do Rei D. Miguel, falecida há dias. Fez o curso dos Comandos e esteve na guerra de África, onde hoje tem negócios. Amante de pólo, de parapente e de caça grossa, já pescou um tubarão de 400 kg e arrepende-se de ter morto um elefante.

À chegada ao Turf Club, no Chiado, um empregado fardado de branco pergunta-nos: «Vêm ter com o D. Francisco?». À medida que nos conduz a uma sala dominada por dois grandes retratos do Rei D. Miguel, o bisavô de Francisco van Uden, vai acendendo candeeiros e aquecedores a gás. O Turf, um dos mais exclusivos gentlemen’s clubs lisboetas, tem uma decoração antiquada, com temas de caça e hípicos, e quadros, esculturas e fotografias da realeza. Conta ainda com um pátio ajardinado, semelhante a um claustro, que oferece aos seus sócios um refúgio no centro de Lisboa.

Como lida com o facto de o seu bisavô, D. Miguel, ser um Rei de má memória? Acha que foi injustiçado?
Completamente. Um homem que perdeu uma guerra, vai para o exílio sem um tostão e casa as filhas todas com as casas reinantes da altura – Bélgica, Luxemburgo, Baviera, Liechtenstein, Áustria-Hungria, Borbón-Parma, etc. – é porque aquela casa era uma casa como deve ser. Foi um santo homem. Em 1966 houve a trasladação do corpo dele da Alemanha aqui para a Sé. Antes de embarcar no avião em Munique a urna foi aberta e, perante o pasmo de toda a gente, o corpo estava intacto.

É um sinal de santidade?
Pode ser. Toda a história que conhecemos de D. Miguel no exílio foi exemplar. A guerra civil em Portugal foi muito baseada na propaganda. A maioria do povo português era contra os liberais afrancesados. Mas criou-se a chamada Quádrupla Aliança, com a Espanha ao lado, para invadir o território português. D. Miguel ainda tinha um exército muito forte e o apoio do povo, mas disse: ‘No momento em que os espanhóis cá entrarem nunca mais de cá saem. Prefiro que seja o mano Pedro a tomar conta de Portugal do que sejam os espanhóis’. Tirou os anéis dos dedos e embarcou em Sines com a roupa que tinha vestida.

E foi para onde?
Para Roma. Foi recebido pelo Papa. Os liberais e o irmão tinham-lhe atribuído uma pensão e ele chegou a Roma e disse: ‘Não quero receber nem um tostão’. E ficou sem nada. Era um grupo de portugueses que lhe mandava um donativo mensal.

E vivia simplesmente?
Com total simplicidade. Depois foi convidado pelo Metternich, o primeiro-ministro austríaco, para ir para Viena e começou a ser conhecido. Já com 49 anos, casou com uma princesa Löwenstein, teve um rancho de filhas e um filho.

O pai da sua mãe.
O meu avô, D. Miguel II. Fez carreira militar ao serviço do imperador Francisco José da Áustria. Uma irmã dele era cunhada do imperador e quando a imperatriz Sissi morreu foi ela que tomou o lugar no protocolo de Estado.

Mantém ligação com esse ramo da família?
Sim. Quando a minha mãe fez 100 anos reunimos os mais próximos. Houve um grande jantar no CCB, com 400 pessoas, e uma missa na Igreja do Bom Sucesso. O Papa mandou uma bênção lindíssima, porque a minha mãe conheceu-o quando ele era cardeal em Regensburg. Já a tinha recebido pessoalmente na sua visita a Fátima. Vieram primos de toda a Europa. Têm um respeito enorme à minha mãe porque, de facto, ela teve uma vida incomum.

 

 

publicado às 14:15

A ler no Público

por Nuno Castelo-Branco, em 26.02.12

"Maria Adelaide de Bragança descobre o seu país. Um país pobre, de múltiplas carências. Visita as barracas de Porto Brandão, os galinheiros onde vivia a mão-de-obra nos primórdios da industrialização da margem sul. Cenários de muitas necessidades. De profunda miséria. Uma revelação que a incomoda. Lança uma obra social, à margem dos usos e costumes do regime. Com sentido prático e sem pose. Chamou-lhe Fundação Don Nuno Álvares Pereira. E descobre também o despovoamento intelectual do regime. Uma confrangedora falta de ideias e iniciativas para quem, nascida em 31 de Janeiro de 1912 em Saint-Jean-de-Luz, junto à fronteira hispano-francesa, sempre vivera na activa Europa central da primeira metade do século passado."

 

Conhecendo-se a intensa actividade do Senhor D. Duarte - caótica descolonização, apressado ingresso "de cruz" na CEE, destruição do aparelho produtivo, liquidação do património e do ambiente, incessante cooperação com a CPLP, aproximação às populações do desertificado interior, perfeito conhecimento das zonas mais abandonadas do país, etc -, convém que a população deste país comece a entender o que é e o que significa a Casa de Bragança.

publicado às 21:16

Depois de Vós, Nós

por Nuno Castelo-Branco, em 24.02.12

Ainda há poucas semanas, na comemoração do Centenário, o nosso amigo José Thomaz Mello Breyner insistiu para que me fizessem uma foto, segurando a caixa onde se encontrava a condecoração com que a Infanta fora agraciada. Eis que hoje surge a notícia da sua partida, como se tivesse pacientemente esperado aquele acto de obrigatória homenagem e reconhecimento. 

 

Teve uma vida rica de trabalhos e jamais preencheu de fátuo glamour os seus dias, inteiramente dedicados ao serviço dos outros, principalmente daqueles que não tinham voz. A Infanta D. Maria Adelaide honrou bem a Casa de Bragança que durante séculos foi o mais firme sustentáculo da independência nacional.

 

A sua vida poderá resumir-se ao serviço dos mais humildes, precisamente aquele povo que jamais renegou a pátria nem se ocultou atrás das custosas roupagens estrangeiradas.

 

Creio bem que a Infanta decerto concordaria com este momento em que urge dizer, Depois de Vós, Nós

publicado às 16:52

Uma grande honra para o outro Portugal

por Nuno Castelo-Branco, em 14.02.12

"D. Duarte de Bragança, foi o português que mais lutou e se distinguiu pela causa de Timor e do seu povo (...) desde a primeira hora da invasão, ajudou milhares de timorenses". 

 

Estas palavras do Presidente Ramos Horta e o reconhecimento do Parlamento de Timor -Leste, tiveram imediato reflexo por omissão nos media. Na sua maioria submetidos à Comissão de Censura plutocrática dos interesses que tão republicanamente se reconhecem, preferiram fazer o que era possível para ocultar esta grande honra para Portugal e para aquele que é hoje, sem qualquer dúvida, o mais alto representante da nossa História. 

 

O despeito, a vergonha mal-escondida e a inveja que grassa em certos meios onde a mediocridade dita a norma que "faz eleger", propicia-nos o imenso prazer de observar esta impotência que vai grassando, incapaz até de cortar-fitas de circunstância. Como bem nos lembramos dos tempos em que alguns sucessivos inquilinos de Belém consideravam Timor-Leste como um "caso perdido", uma "ilha indonésia". São estes, os pobres de espírito saltimbancos sampaieiros que deambulam por este pequeno mundo. Hoje é um dia aziago para a crapulagem infrene que por cá ainda pode e comanda.

publicado às 13:40

Liurai Portugal Dom Duarte Vargansa Vizita Mai TL

por Nuno Castelo-Branco, em 13.02.12


Liurai Portugal Dom Duarte Vargansa hasoru malu ho Prezidenti da Republika hodi koalia kona ba koperasaun entre Portugal ho Timor-Leste durante ne’e.
Enkontru ne’e hala’o Sesta-feira ne’e iha Palasio Prezidensial Nicolau Lobato, Dili, hafoin hasoru malu Liurai Portugal ne’e, Liurai ne’e hateten katak, hasoru malu ne’e koalia kona ba koperasaun nasaun rua durante ne’e.
Dom Duarte Vargansa senti kontenti hala’o vizita mai Timor-Leste tamba bele haree rasik Progresu dezenvolvimentu ne’ebe oras ne’e dadaun estadu Timor-Leste halo iha rai laran.

publicado às 22:49

Entrevista de D. Duarte em Macau

por Nuno Castelo-Branco, em 13.02.12

Uma interessante entrevista do sucessor dos Reis de Portugal, a ser escutada aqui. É mesmo verdade: "os portugueses sabem tornar-se mais fortes quando das grandes crises".

publicado às 09:43

Na RTP

por Nuno Castelo-Branco, em 02.02.12

publicado às 09:45

De João Távora

por Nuno Castelo-Branco, em 31.01.12

Para ser lido, aqui.

publicado às 09:26

Palácio de Belém confirma

por Nuno Castelo-Branco, em 30.01.12

Hoje, o Sr. Arnaut exortava o Chefe do Estado a vetar o diploma que atirará o feriado do 5 de Outubro para o lugar que merece. A resposta parece que é outra. O Sr. Arnaut merece a consolação vinda dos monárquicos que também facilmente lhe reconhecerão o mérito de obra feita no S.N.S., mas daí a exigir a permanência de uma desastrosa comemoração de um lamentável acontecimento, vai uma grande distância.

 

Os jornais noticiam o reconhecimento do exemplo de vida, a obra e a estatura moral da Infanta D. Maria Adelaide de Bragança, digna afilhada dessa outra benemérita que foi Rainha de Portugal, D. Amélia de Orleães.

 

O equilíbrio é mesmo este, imposto pela justiça que finalmente chegou, para desespero dos prestidigitadores que há tantas décadas deturpam a verdadeira História. Amanhã à noite, no jantar comemorativo do centésimo aniversário da Infanta, chegará de Belém o reconhecimento do povo português.  É isso mesmo, o reconhecimento do humilhado, abusado e há tanto tempo desprezado povo português. Cavaco Silva fez o que há muito devia ter sido feito.

 

Isso basta, nada mais há a acrescentar.

publicado às 18:46

A verdade é mesmo esta

por Nuno Castelo-Branco, em 11.01.12

"O Chefe da Casa Real não faz negócios, não mexe em dinheiro, não arranja empregos nem os pede, não faz lóbi, não anda em partidos e curibecas; em suma, não vive "disto". A simpatia que o rodeia em todas as ocasiões - nas festas populares, nos eventos culturais, nas feiras que visita, nos congressos que se honram com a sua presença - é o que parece: SAR transformou-se, paulatinamente, num amigo natural e sem artifício de tudo o que é português, de tudo o que tem a ver com o interesse português, de tudo o que eleva a nossa consciência colectiva.

Não, eu não sou "amigo" do Senhor Dom Duarte. Ninguém é "amigo" do Chefe da Casa Real, como os Reis não têm "amigos"."

publicado às 23:20

Sem dar mais cavaco

por Nuno Castelo-Branco, em 28.12.11

No meio de toda a tormenta em que "los modernos del dinero" deixaram Espanha, o Rei João Carlos deslocou-se às Cortes, onde além de ter escutados entusiasmados "Viva el Rey!", recebeu a mais estrondosa e prolongada ovação parlamentar do seu longo reinado. Todos os grupos presentes o aplaudiram de pé e a Coroa é, sem margem para qualquer dúvida, a instituição mais prestigiada e que goza da maior confiança por parte da população do país vizinho. Aproveitando para dissipar qualquer dúvida, surgiram publicadas todas as despesas referentes à Coroa de Espanha e de imediato salta à vista, a abissal diferença entre aquilo que Portugal - ou melhor, os portugueses - entregam de mão repelentemente beijada ao Palácio de Belém e os montantes bastantes modestos, concedidos ao Palácio da Zarzuela. Até o conhecido oportunismo izquierda-gourmet do El País, teve de engolir em seco. Cai assim o essencialmente obsessivo argumento dos "gastos das Monarquias", pois nesta Europa em ocaso, qualquer República, por mais periférica que seja como a portuguesa, consome enormes quantidades de dinheiro e de criadagem - os famosos 500 de Belém! -, sem que isto tenha qualquer correspondência nas actividades exercidas pelos referidos Chefes de Estado. Pior ainda, ninguém imagina qualquer presidente da República Portuguesa, seja ele quem for, como um símbolo de unidade ou unanimidade nacional. Longe disso, ou antes bem pelo contrário.

 

Para infeliz previsível gáudio dos apoiantes destas "grandezas miseráveis" da República, aqui deixamos o texto em castelhano. O Sr. Cavaco Silva consegue a supina habilidade de gastar mais do dobro daquilo que os britânicos anualmente pagam per capita à Rainha Isabel II. Para que conste...

"Las otras Jefaturas del entorno

 

Perceberam?

publicado às 20:20

José Mattoso surpreende

por Nuno Castelo-Branco, em 28.07.11
"Filósofo, místico e referência ética nacional, são três os adjectivos com que definiria esta personagem ímpar da nossa vida cultural. Já foi monge e, perante a perplexidade da vida, considera Deus, como aquele que “preenche todo o vazio e responde a todas as perguntas” e critica acidamente os valores prevalecentes, afirmando: “o domínio da técnica não garante o exercício da sabedoria”.
Embora acreditando nas virtualidades do 25 de Abril, nem por isso se revê nos seus frutos: “incapazes de resolver problemas relacionados com a organização social e económica, os políticos desenvolveram estratégias de ataque pessoal e de descrédito, que ainda hoje dominam a luta pelo poder”. E elege duas figuras como paradigmas nacionais: Alexandre Herculano e Dom Duarte, não se esquecendo de Camões, “épico” demais para o seu gosto e Fernando Pessoa, que considera “demasiado paradoxal”.

publicado às 19:20






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