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Os ditos activistas pelo clima pensam que têm tintins. Mas apenas atiraram tinta acrílica verde. Podemos extrapolar, a partir das amostras que irrompem estúdio adentro ou que arremessam substâncias cromáticas sobre políticos, que aqueles que "fazem" (citando Pedro Nunca Santos) estes preparos não detêm estrutura ética e moral. São excessivamente jovens para produzir argumentos racionais civilizados, não têm descendentes nem responsabilidades familiares, mas são filhos de alguém que transmitiu grandes valores humanos. Têm tempo a mais, cabeça a menos e vontade de aparecer. São discípulos em idade pueril da outra em idade adolescente — Greta. Todos concordamos que o clima e as questões ambientais são temas centrais para a sustentabilidade civilizacional, mas também podemos concluir que o futuro corre sérios riscos. Estes embriões de putativas lideranças de causas não conseguem articular um discurso coerente e, à falta de meios intelectuais, enveredam pela violência. Sim, porque é disso que se trata. Não devemos fingir que não existe filiação ideológica neste género de assalto à intregridade física. Foram instigados a avançar sobre adversários sem olhar a meios, sem contemplar os danos. São extremistas na mais pura acepção do termo. Nem vou especular quem é que lhes deu corda ou gás para proceder de tal modo. Se ao menos fossem coerentes, teriam feito uso de algo biodesagradável como estrume. Assim não passam de climínimos...
Relanceio o meu olhar pelo ano de escrita que está prestes a acabar. Derramei-me. Como sempre. Se agora um torpor alastra pela minha alma, espécie de fadiga por tanto ter lutado, não no meu reduto, mas no da mesma trincheira hostil da mais retinta incompreensão, insulto e oposição pessoal, meses consecutivos houve em que nada me deteve na fabricação da violência feita palavra reactiva a vestir a ideia filigrana contra o terror de ver resvalar o meu Portugal para a agitação estéril e o vazio.
Era necessária uma barragem de verve contra os que nos VídeoMedia berram mais alto e por mais tempo na defesa de mais do mesmo, toda a prosperidade e adaptabilidade globalista de que a velha Esquerda é incapaz. Contra a sedição dos soares, a malícia dos sócrates e a rebelião em pólvora seca das esquerdas, marchei, marchei.
Pausa, portanto.
Entre o meu corpo e a minha alma desenrola-se agora o justo armistício, apaziguamento momentâneo de que careço. As naus das minhas palavras seguiram, seguiram viagem, deram-se à trópica rota de contundir ou consolar. Reparo, no entanto, que não há ninguém. Vejo que estou morto. Cercado de silêncio e frieza. Morto. Pobre e morto. Na verdade, não tenho ganho absolutamente nada com a minha escrita apaixonada na defesa de causas, princípios e éticas fora do grande lastro esquerdejante nacional mentiroso. Não lucrei nada, a não ser experiência escrevente, prazer no acto escritor e a espessa solidão do eremitério da escrita, vantagem da liberdade sem venalidade de emitir o que penso.
Zeros. É tudo quanto me é dado contemplar. Nenhuma oportunidade. Nenhum convite. Nenhum apreço. Nenhum horizonte. Zero. Sina. Portugal. Um dia será diferente. O mais provável é que seja diferente, mas longe, lá, onde possa voltar à vida social e financeira que o Regime, na sua horrorosa corrosão moral e propensão para a falência, comprometeu no meu caso e no de milhares.
Entretanto, estendo a mão. Sou qualquer um que estende a mão pelas ruas, avenidas e ruelas de Lisboa e Porto e perante quem o cidadão desvia a face enfastiada pela viciosa recorrência rotineira, pela habitualidade viscosa das ciganas romenas. No meu caso, os cortes foram muitíssimo mais radicais e só há uma maneira de reagir em devida conformidade com eles: estendendo a mão e defendendo o Ajustamento contra os soares, contra alguma maçonaria, contra os fósseis-sindicalistas, contra os comunistas do PCP, contra os rendeiros e devoristas do Regime, contra a tal nomenclatura endogâmica, neocorporativista e partidocrata que explica eloquentemente a minha penúria, o meu desemprego, o meu naufrágio.
Continuação de um bom dia, se puderem.