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Precisamos de um governo e de uma economia de guerra

por Samuel de Paiva Pires, em 14.03.20

As declarações, ao longo dos últimos dois meses, da Ministra da Saúde, da DGS e afins, em conjunto com o que estamos a viver, mostram a grosseira incompetência do Governo na construção e antecipação de cenários e planeamento atempado dos preparativos para o embate desta pandemia. Volto a salientar que já há semanas temos vindo a observar o que se passa em diversos países, já há centenas de estudos e artigos científicos que evidenciam quais as medidas eficazes na contenção, que um pico de infecções coloca imensa pressão sobre um sistema de saúde, especialmente nas unidades de cuidados intensivos, onde os ventiladores e máquinas de circulação extracorpórea são extremamente necessários.

Na conferência de imprensa de há umas horas, a Ministra da Saúde revelou estar a ser efectuado um levantamento dos ventiladores existentes, disponíveis e os que podem ser realocados de outros serviços não-urgentes, não querendo revelar números. Isto deveria estar feito há já 2 meses, ou pelo menos há cerca de 2 semanas, a partir do momento em que o sistema de saúde italiano colapsou.

Há pouco, na TVI, Fernando Medina sublinhava que seria dramático decretar o estado de emergência quando ainda não estamos preparados para isso, levantando-se questões como o abastecimentos de produtos alimentares e farmacêuticos às pessoas.

Também há pouco, na SIC, Ana Mendes Godinho explicou as medidas referentes ao apoio à família, manifestamente insuficientes e que estão a criar mais problemas.

O que quero dizer com isto? Que as pessoas que temos a liderar-nos durante esta crise não têm capacidade de construir cenários, antecipá-los e fazer o devido planeamento. Não estão atempadamente informados sobre o que se tem passado noutros países, não retiraram quaisquer lições da experiência destes e estão a improvisar sem tomar algumas medidas que se impõem há já vários dias (encerramento de portos e aeroportos, controlo das fronteiras, controlo da circulação de cidadãos nas ruas, desenvolvimento de um sistema de abastecimento de refeições e medicamentos). Que sejam as mesmas pessoas que andaram 2 meses a dizer que o vírus é apenas uma gripe e não chegaria cá a liderarem a resposta à crise não nos pode deixar tranquilos.

Esta característica, a falta de capacidade de planeamento, é comum à esmagadora maioria dos portugueses, infelizmente. Mas alguns conseguem planear melhor do que outros. Por isso, já deveria ter sido criado um gabinete de crise com plenos poderes em diversas matérias, liderado pelo governo mas integrado por pessoas com provas dadas na capacidade de planeamento - ou seja, de alocação de recursos de forma a alcançar determinados objectivos -, especialmente militares, polícias, economistas, gestores, médicos.

Isto tem de ser ultrapassado com um governo e uma economia de guerra, com centralização, planeamento e autoridade do Estado. Só assim poderemos ultrapassar esta pandemia com o mínimo número de vítimas possível e retomar a possível normalidade da economia de mercado. Quanto mais tempo demorarmos a fazê-lo, maiores serão os danos em vários sectores, especialmente na economia, e mais difícil será voltarmos às nossas vidas normais.

publicado às 21:56

A calculadora de Freitas do Amaral

por John Wolf, em 06.06.13

Estou a perceber o que diz Freitas do Amaral, mas não posso deixar de reparar numa certa contradição de natureza política e conceptual. Diz ele que "a independência nacional está em causa", mas que as eleições devem ser convocadas depois das eleições alemãs. Estão a ver o mesmo que eu? Se as decisões nacionais estão dependentes das decisões tomadas na Alemanha, então Portugal já perdeu a sua independência. Está a mercê do destino dos outros e deixa de ter o seu próprio presente. Se é necessário esperar para que a política alemã mude, para acertar na terminação certa, significa que o ex-lider político assemelha-se àqueles selecionadores nacionais que sacam a calculadora do bolso e começam a fazer contas à vida. Portugal já não pode ir a reboque de comentadores de bancada. Não estamos a jogar a feijões. Estamos sob o jugo alemão e sabemos que a táctica de jogar à defesa dá mau resultado. Se esperamos pelos germânicos, porque não esperar pelos turcos ou pelos auturcos, perdão, autarcas. No meu entender, Freitas do Amaral não acertou o relógio. Está sob o efeito de um jet lag político, de uma viagem atrasada por hipotéticos cenários. Portugal já não pode esperar sentado pelo fecho das urnas da região da Baviera. Portugal já vive o efeito de um halo, de um ralo alemão. A receita a aplicar tem de ser um tout-court - é para ontem. Caso se tenha de pedir um segundo resgate? Se Freitas do Amaral atira esta possibilidade ao ar significa que ele sabe muito bem da sua inevitabilidade, que não há volta a dar. Se ele entende a independência nacional enquanto jurisdição territorial e cultural, eu diria que a mesma não está em causa. Quanto à independência económica e financeira, essa parece estar comprometida. Esperar pelas eleições na Alemanha é assinar a rescisão de contrato da independência portuguesa. Portugal encontra-se além do redline e o motor está a gripar. Que fique bem claro; as eleições alemãs servem para salvar aquele país. As eleições na Alemanha dizem respeito ao seu interesse nacional. Por vezes não acredito na ingenuidade de certos indivíduos que já estiveram no topo do mundo das nações unidas. Um posto a partir do qual se deveria observar com maior nitidez a linha do horizonte. Está um dia cinzento em Portugal. Os meses que se seguem não serão muito diferentes. 

publicado às 12:00






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